Orquestra Gulbenkian com o maestro Nuno Coelho

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Anfiteatro ao Ar Livre

Jardim Gulbenkian

Concerto sem intervalo

Orquestra Gulbenkian
Nuno Coelho
Maestro

Jean-Philippe Rameau
Suite de Les Indes Galantes
– Air pour les esclaves africains

– Tambourins
– Adoration du soleil
– Danse du Grand Calumet de la Paix (Danse des sauvages)
– Chaconne

Composição da ópera: 1735
Duração: c. 12 min.

Importante figura da primeira metade do século XVIII, Jean-Philippe Rameau foi, depois de Jean-Baptiste Lully o compositor dominante na corte real francesa. Praticamente desconhecido até aos 40 anos, Rameau começou por se afirmar como teórico – com o seu célebre Tratado de Harmonia de 1722 – e só mais tarde como compositor, nomeadamente durante os períodos em que esteve ao serviço de Alexandre-Jean-Joseph, Le Riche de La Pouplinière (a partir de 1731) e de Luís XV (a partir de 1745). Seria com Rameau que a ópera francesa viveria a sua fase mais gloriosa depois de Lully. Hippolyte et Aricie (1733) foi a sua primeira ópera, seguindo-se Les Indes Galantes (Ballet Heroique, 1735). Viria a compor muitas outras óperas, abrangendo vários géneros franceses: Tragédie Lyrique, Comédie Lyrique, Opéra-Ballet, Comédie-Ballet, Pastoral, Divertissement.

As primeiras óperas de Rameau foram acusadas de ser demasiado complexas e e de subverter a herança musico-teatral de Lully, mas na realidade elas são também herdeiras dessa tradição, tendo o próprio compositor defendido isso no prefácio de Les Indes Galantes. Esta Opéra-Ballet, com libreto de Louis Fuzelier, foi estreada a 23 de agosto de 1735. É um espetáculo rico de recursos, misturando dança e partes cantadas e recorrendo aos grandes efeitos sonoros, como a evocação de uma tempestade ou a sua grande Chaconne final, a qual conclui também a curta suite da ópera incluída no presente programa. A ação de cada secção da ópera, ou entrée, situa-se num local imaginário ou exótico, abordando uma história de natureza amorosa e de caráter dramático.

Miguel Martins Ribeiro

 

Zoltán Kodály
Danças de Galanta

Composição: 1933
Estreia: Budapeste, 23 de outubro de 1933
Duração: c. 15 min.

Ao lado do compatriota Béla Bartók, Zoltán Kodály desempenhou um papel decisivo na expansão da tradição musical húngara durante a primeira metade do século XX. O método progressivo de solfejo que concebeu veio a formar toda uma geração de jovens que viveu no período conturbado da Segunda Grande Guerra e reveste-se, ainda hoje, de grande valor pedagógico, sobretudo em escolas de música húngaras e norte-americanas.

A produção musical de Kodály engloba uma parcela abrangente de obras corais e de câmara, assim como diversas partituras sinfónicas que adquiriram merecida celebridade, tais como a suite da ópera Háry János, a Sinfonia em Dó e as Danças de Galanta. Esta última obra resultou de uma encomenda da Sociedade Filarmónica de Budapeste para a comemoração do 80.º aniversário da sua fundação. Neste mostruário esplendoroso de cores orquestrais, o compositor presta homenagem aos músicos ciganos que conhecera na sua infância, passada com a sua família na pequena cidade de Galanta, antigo bastião do império austro-húngaro que se situa, hoje em dia, em território eslovaco. No prefácio à edição, Kodály foi bastante específico quanto à origem desta singular fonte de inspiração, invocando até o violinista Mihók, líder do principal agrupamento romani local. Com a adaptação – e consequente estilização – quer dos temas melódicos, quer também dos padrões rítmicos de dança e, em particular, do típico verbunkos, Kodály logrou dar a conhecer a um público mais vasto uma das tradições mais características e enraizadas da Europa de Leste, transpondo-a para a sala de concertos.

Rui Cabral Lopes

 

Gabriel Fauré
Pavane, em Fá sustenido menor, op. 50

Composição: 1887
Estreia: Paris, 25 de novembro de 1888
Duração: c. 6 min.

A serenidade, a elegância e o caráter singelo, mas fortemente expressivo, são traços que caracterizam a música do compositor francês Gabriel Fauré. Revelam-se paradigmaticamente na nostálgica e famosa Pavane, op. 50, captando Fauré nesta obra todo o requinte e fineza da homónima dança de corte francesa do século XVI. A Pavane foi escrita durante o verão de 1887, na localidade de Le Vesinet, nos arredores de Paris. Aparentemente, terá sido criada com o propósito de ser inserida nos concertos de verão da orquestra de Jules Danbé. Apesar disso, só foi estreada a 25 de novembro de 1888 nos concertos Lamoureux, sendo então dirigida por Charles Lamoureux. No ano seguinte, Fauré dedicou esta obra à condessa Greffulhe, tendo então idealizado uma versão coreografada e inserindo-lhe uma parte coral, cujo texto, ao estilo de Verlaine, foi escrito por Robert de Montesquiou-Fezensac, um primo da condessa. Tendo-se tornado muito popular, esta composição reapareceria num espetáculo de “Danças Arcaicas” promovido pela mesma condessa e realizado no Bosque de Bolonha. Foi ainda apresentada na Ópera de Paris, em dezembro de 1895, passando a ser uma presença regular nos Ballets Russes de Diaghilev a partir de 1917.

Luís Raimundo

 

György Ligeti
Concert românesc
– Andantino

– Allegro vivace
– Adagio ma non troppo
– Molto vivace

Composição: 1951
Estreia: Door County Wisconsin, 21 de agosto de 1971
Duração: c. 12 min.

Um dos fascínios da música de György Ligeti é o da sua adaptabilidade a idiomas, géneros e estilos diversificados. Tal é o caso do Concert românesc, obra divergente dos processos musicais vanguardistas da década de 60 do século XX e na qual evoca e homenageia o universo bartókiano. De resto, a música de Bartók exerceu sobre Ligeti um incontornável fascínio. À semelhança do seu compatriota, o genuíno interesse de Ligeti pela música popular da Europa de Leste – tendo estudado no Instituto de Folclore de Bucareste em 1949 – está bem patente em boa parte da sua produção musical.

No Concert românesc, Ligeti rememora as vívidas recordações de uma infância passada na região fronteiriça da Transilvânia, permeadas de músicos de aldeia usando máscaras de animais e tocando selvaticamente gaitas de foles e violino, dos ecos longínquos do bucium, a trompa alpina dos Montes Cárpatos, ou das vertiginosas danças populares da sua pátria. No meditativo Andantino que inicia a obra o tema principal vai transitando subtilmente através das diferentes combinações de instrumentos, refletindo um melancólico colorido modal. Sem interrupção, tal como acontece entre os restantes andamentos, inicia-se subitamente o buliçoso segundo andamento, Allegro vivace, no qual a influência de obras como as Danças Romenas de Bártok se torna mais presente. Um tom mais nostálgico caracteriza o Adagio, o qual é pontuado pelos lânguidos lamentos da trompa e pelas sinuosas melopeias orientais do corne inglês. Mas é no andamento final, Molto vivace, que a obra explode numa miríade de cores instrumentais e numa exuberante e frenética dança de recorte eslavo, repleta de ritmos sincopados e em vários momentos liderada pelo concertino cujo idioma evoca de forma exímia a música cigana.

Luís Raimundo

 

Johannes Brahms
Três Danças Húngaras
– n.º 1, em Sol menor: Allegro molto
– n.º 3, em Fá maior: Allegretto
– n.º 10, em Fá maior: Presto

Data de composição: 1869 / 1873 (orquestração)
Duração: c. 7 min.

O fascínio de Brahms pela música húngara manifesta-se por volta de 1850, quando travou amizade com o violinista Eduard Remenyi que o introduziu na música cigana. A amizade e a relação profissional resultaram em várias colaborações, incluindo uma digressão em 1852. O entusiasmo de Brahms pelos ritmos e melodias das danças húngaras surgia igualmente nos saraus com amigos, onde improvisava frequentemente ao piano sobre temas tradicionais. Encorajado por este círculo restrito, iniciou a composição das Danças Húngaras na década seguinte, sendo estas publicadas em 1869 e 1880 em quatro livros.

As primeiras dez Danças Húngaras foram originalmente compostas para piano a quatro mãos e publicadas em 1869. Apenas as n.º 1, n.º 3 e n.º 10 seriam orquestradas por Brahms em 1873 e publicadas no ano seguinte. As Danças n.º 3 e n.º 10 baseiam-se numa dança nupcial (Tolnai Lakadalmas) do húngaro J. Rizner, enquanto que as “Czardas Sacras” (Isteni Csárdás), de Sárközy Pecsenyanski, forneceram o material melódico para a Dança nº 1.

Pedro Russo Moreira


JARDIM DE VERÃO

Num ano em que o Jardim Gulbenkian é, mais do que nunca, um lugar de liberdade, e num tempo marcado pelos desafios à fruição artística, o Jardim de Verão apresenta-se com uma programação transdisciplinar e verdadeiramente eclética, a cargo da ZDB (Galeria Zé dos Bois).

Pensado para “salvaguardar um espaço inclusivo, mantendo uma atenção particular ao usufruto individual”, o programa parte das qualidades do Jardim para explorar vários caminhos que passam pela instalação, pela performance e pela música.

Conheça a programação

 

 

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Desde tempos imemoriais que a dança e a música se entrelaçam intimamente com o trajeto da humanidade. Do entretenimento popular ao ritual e à abstração erudita, do folclore tradicional ao baile de corte e ao bailado, a dança foi e é um dos meios privilegiados de expressão da ligação entre mente e corpo e da relação entre pessoas e comunidades. Ao longo da História, os compositores não foram alheios a esta realidade, tendo integrado e estilizado a dança nas suas composições. É o caso da maioria das obras deste programa idealizado pelo nosso maestro convidado Nuno Coelho.

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