Colecionador e filantropo
A paixão de Calouste Gulbenkian pela arte revela-se cedo, refletindo as origens da sua família na Capadócia – onde as religiões e a arte se cruzavam de forma grandiosa – e Constantinopla – outra encruzilhada de civilizações e a capital dos Romanos, depois dos Gregos e mais tarde dos Turcos Otomanos.
Daí resultou uma paixão intrínseca pelas artes que se traduziu na aquisição de uma coleção prodigiosa de obras de arte. É acima de tudo a beleza dos objetos que lhe interessa. Junta ao longo da vida, ao sabor das viagens e conduzido pelo seu gosto pessoal, por vezes após longas e laboriosas negociações com os melhores peritos e comerciantes especializados, uma coleção muito eclética, única no mundo: desde a Antiguidade até ao princípio do séc. XX (incluindo peças do Antigo Egito, da Antiga Grécia, da Babilónia, Arménia, Pérsia, Europa e Japão).
ERA TANTA A ESTIMA QUE GULBENKIAN TINHA POR ESTA COLEÇÃO QUE SE REFERIA ÀS SUAS OBRAS DE ARTE COMO “FILHAS”
A coleção de pintura de Calouste Gulbenkian inclui obras de Bouts, Van der Weyden, Lochner, Cima de Conegliano, Carpaccio, Rubens, Van Dyck, Hals, Rembrandt, Guardi, Gainsborough, Romney, Lawrence, Fragonard, Corot, Renoir, Nattier, Boucher, Manet, Degas e Monet. Uma das suas esculturas favoritas era o original em mármore da célebre Diana de Houdon, que pertenceu a Catarina da Rússia, e que Gulbenkian adquiriu ao Museu Hermitage em 1930.
Acérrimo protetor do bem-estar das suas “filhas”, Gulbenkian era de igual modo extraordinariamente generoso no empréstimo e doação de peças da sua coleção a museus públicos por todo o mundo. Em 1936, confia a sua coleção de antiguidades egípcias ao British Museum, e os melhores quadros à National Gallery. Mais tarde, em 1948 e 1950, essas mesmas peças são transferidas para a National Gallery of Art de Washington.