ANIMAL ANIMAL

Tiago Barbosa e Cláudio da Silva

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Quando um animal olha para nós, vê-nos tal como somos para ele e não articulará a boca e a língua para nos dizer por palavras como nos vê. Nem poderemos nós saber o que nos diriam tais palavras. A sua ausência só para nós é uma falta. O animal que temos ali diante não fala a nossa fala. E aquela mudez deixa-nos indefesos. E nus. O corpo do animal é como o nosso. Real e concreto. Tem cara, comunidade e habitat.

Convida à curiosidade empenhada, para além das reacções em que nos fomos treinando. Convoca o nosso olhar e a imaginação de uma resposta que arrisque uma interação, mais ou menos direta, individual ou comunitária. Física, política, artística ou outra. Mesmo que inábil e difícil. As criaturas não pré-existem às relações em que se implicam, constroem-se por indução recíproca. Produzem-se no entrosamento, a diferentes tempos, escalas e distâncias. Legando, herdando e reescrevendo gestos e histórias. Refazendo ideias de natureza e criando parentesco. ANIMAL ANIMAL é uma máquina de narração. Dois actores humanos a contar histórias em que os protagonistas são animais.

A partir de uma selecção de espécies e de um conhecimento amador das suas morfologias, comportamentos e afinidades com o espaço humano, a par de um repertório de motivos e ideias inspiradas ou roubadas à literatura de ficção ou ensaio, são improvisadas histórias que tomam como cenário o Jardim Gulbenkian e a cidade de Lisboa, incluindo arredores, Monsanto e mais além. Serão abordadas espécies adaptadas ao ambiente urbano, as esquivas, que se refugiam nas preferias, e também as que só toleram o habitat selvagem.

Os enredos desenvolvem-se ora individualmente, ora em alternância de vozes, num exercício em que quem narra toma como mote o que ouviu antes. Especulando e efabulando frase a frase, recorrendo umas vezes e fugindo outras a dispositivos de construção de ficção, os actores avançam para um desconhecido nada, a desembocar em garantidos lugares comuns e muitas estafadas anedotas a trair boas intenções, entre o que, a seu tempo, assomará talvez o choque de um surpreendente entrelaçamento de corpos e espécies.

ANIMAL ANIMAL é uma prática de alegria e um processo em ligeireza. Sem fim.

Tiago Barbosa

 

Ficha Técnica

Direcção: Tiago Barbosa
Criação e Interpretação: Cláudio da Silva e Tiago Barbosa
Produção: ZDB

A ZDB é financiada pela República Portuguesa-Cultura/DGArtes. Apoio da C.M.L

 

Agradecimentos

Ana Catarina Luz, Filipa Vala, Lígia Soares, Maria Mathias, Rita Benito Monteiro, Rui Rebelo, O Rumo do Fumo e Vera Mantero.


Tiago Barbosa É licenciado em Teatro – ramo Actores/Encenadores pela ESTC. Trabalhou como ator e performer, em espetáculos de teatro, dança e performance, sob a direção de Gustavo Ciríaco, Rui Catalão, Miguel Castro Caldas, Nuno Gil, Jorge Andrade e Miguel Pereira, Ainhoa Vidal, Paula Sá Nogueira e André Godinho, Maria Gil, Dinarte Branco e Tiago Nogueira, Martim Pedroso, Mónica Calle, Bernard Sobel, Miguel Loureiro, Lúcia Sigalho, Francisco Alves, João Lourenço, Manoel Barbosa, André Guedes, Rita Natálio, Joclécio Azevedo, Vítor Hugo Pontes, Inês Jacques, António Pires, Catalina Buzoianu, Jorge Silva Melo, Adelino Tavares, Paulo Lages, Renata Portas, Marcos Barbosa, e Edward Fão, entre outros. Na televisão, participou pontualmente em séries e telenovelas. Trabalhou em cinema com realizadores como Sandro Aguilar, Francisco Manso, Manuel Pradal e Patrick Mendes, entre outros. Participou no projeto de arte e neuro-ciência “Raízes da Curiosidade”. Assistiu Vera Mantero nos espetáculos “Pão Rico” e “As Práticas Propiciatórias dos Acontecimentos Futuros”. Encenou “A Grande Sombra Loira”, a partir de sonetos de Florbela Espanca, e “OLÁ, EU SOU O PAI NATAL”, com texto seu.

Cláudio da Silva Trabalhou com o Teatro Praga, Miguel Loureio, João Fiadeiro, Miguel Pereira, Jorge Silva Melo (Artistas Unidos), Rogério de Carvalho (Teatro Municipal de Almada), Pablo Fidalgo, Ricardo Aibéo, Mário Trigo, Madalena Vitorino, Jean-Paul Buchieri, Inês de Medeiros, Carlos Pessoa (Teatro da Garagem), Emmanuel Demarcy-Mota, Ana Borralho e João Galante, Nuno Cardoso, Rita Natálio, João Samões, Gonçalo Amorim (Teatro Experimental do Porto), Manuel Wiborg e António Pires (Teatro do Bairro). Co-encenou com Manuel Wiborg Debaixo da Cidade. Encenou O Meu Blackie de Arne Sierens para os Artistas Unidos e Felizmente Há Luar de Sttau Monteiro para o TEP. Cocriou Teatro Fantasma, com Carla Bolito, O3 com Pedro Nunez. Criou Poeta Armando.

Em cinema trabalhou com Solveig Njordlund, Jorge Cramez, José Pinto Nogueira, Luís Galvão Telles, Ico Costa, Patrick Mendes e João Botelho. Recebeu o prémio SP/RTP Melhor Actor de Cinema pela interpretação no Filme do Desassossego de João Botelho. Em televisão participou nas séries Inspector Max, Liberdade 21, Dez, Aqui Tão Longe e Terra Brava.


JARDIM DE VERÃO

Num ano em que o Jardim Gulbenkian é, mais do que nunca, um lugar de liberdade, e num tempo marcado pelos desafios à fruição artística, o Jardim de Verão apresenta-se com uma programação transdisciplinar e verdadeiramente eclética, a cargo da ZDB (Galeria Zé dos Bois).

Pensado para “salvaguardar um espaço inclusivo, mantendo uma atenção particular ao usufruto individual”, o programa parte das qualidades do Jardim para explorar vários caminhos que passam pela instalação, pela performance e pela música.

 

Conheça a programação

 

 

A Fundação Calouste Gulbenkian reserva-se no direito de recolher e conservar registos de imagens, sons e voz para a difusão e preservação coletiva da memória da sua atividade cultural e artística. Caso pretenda obter algum esclarecimento, poderá contactar-nos através de [email protected]

 

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