Síntese 2022
Em 2022, concluiu-se o ciclo estratégico de atividades iniciado em 2018. O ano de 2022 foi sobretudo de finalização e avaliação de projetos, de divulgação e disseminação de resultados, mas também de preparação de um novo período de ação da Fundação, com a condução de um processo de reflexão estratégica para o novo ciclo 2023-27.
Gulbenkian Cultura
Duas novas obras de Paula Rego na coleção do CAM
37 obras da artista Paula Rego na Fundação
Em 2022, ainda em vida da artista, o Centro de Arte Moderna (CAM) adquiriu as pinturas O Anjo e O Banho Turco de Paula Rego, enriquecendo o núcleo da Coleção que lhe é dedicado e que conta agora com 37 obras entre desenhos, pinturas e esculturas.
O Anjo é uma das obras mais icónicas de Paula Rego, que pode ser vista como uma síntese de toda a sua produção artística – a artista chegou a afirmar que esta seria a pintura que levaria quando partisse. Trata-se da figura de uma mulher poderosa, identificável como um «Anjo», vingador e piedoso, que segura nas mãos a espada e a esponja, símbolos da Paixão de Cristo ou da sua força castigadora. Não sendo explicitamente um autorretrato, é uma imagem forte que se identifica com o sentido interventivo do seu trabalho: entre a proteção e a vingança, o castigo e o perdão.
Esta obra integra uma série de trabalhos sobre o romance português O Crime do Padre Amaro, de Eça de Queirós, e é exemplo do modo como a artista intervém ficcionalmente sobre a história. Paula Rego desenvolve um diálogo não ilustrativo com o romance recorrendo a todos os recursos plásticos da tradição pictórica pré-moderna para caracterizar os personagens, expô-los na fragilidade da sua conduta ética e moral e desenvolver uma leitura subversiva. Não se trata tanto a condenação dos atos, mas da acutilante e dolorosa revelação dos rituais de poder, submissão e cumplicidade entre os sexos e as classes.
A pintura dupla O Banho Turco foi realizada no verso do retrato da artista, pintado por Victor Willing, marido de Paula Rego. A citação crítica da pintura neoclássica de Ingres, presente no próprio título, realizada em diálogo ou em resposta ao retrato de nu, poderá ser compreendida como primeira e subtil sinalização, de uma forte consciência feminista.
Portas abertas para celebrar a Orquestra Gulbenkian
Mais de 5 mil visitantes
As celebrações dos 60 anos da Orquestra Gulbenkian trouxeram mais de cinco mil pessoas à Fundação, num ambiente de festa ao longo da tarde e noite do dia 16 de outubro. Com a casa sempre cheia e de portas abertas a todos os públicos, os vários espaços deram palco às iniciativas comemorativas deste que é o mais antigo agrupamento artístico da Fundação.
Criada em 1962, a Orquestra de Câmara Gulbenkian, designação que se manteria até ao início da década de 70, veio a evoluir de modo sustentado até a atual formação, contribuindo de forma determinante para o enriquecimento do meio musical português. A Orquestra tem sido, ao longo dos tempos, o núcleo principal da temporada Gulbenkian Música iniciada com a construção do Grande Auditório, em 1969. A sua notoriedade, fruto das atuações públicas – nacionais e internacionais – e das gravações realizadas, foi claramente reconhecida pelo público que esgotou todas as atividades.
Além do concerto da Orquestra Gulbenkian, dirigido por Lorenzo Viotti e que encerrou as comemorações no Grande Auditório, foram realizadas inúmeras atividades que pretendiam, direta ou indiretamente, dar a conhecer melhor o agrupamento e aproximar ainda mais o público dos seus protagonistas.
Das visitas aos bastidores do palco à experiência de tocar um instrumento, passando por oficinas e cursos para crianças e adultos e a conversas com os músicos, o foco foi colocado na matéria, nos lugares, nos instrumentos e nos códigos que servem a música. E em primeiro plano estiveram as pessoas que a produzem – os instrumentistas – , mas também as que a recebem e que constituem a comunidade diversa de públicos a que a Orquestra Gulbenkian se dirige.
O ano dos artistas portugueses em França
Mais de 40 artistas portuguesas
Mais de 125 mil visitantes
No ano em que Portugal e França apresentaram os seus artistas numa Temporada Cruzada, a Fundação Gulbenkian reforçou a presença em várias iniciativas, das artes plásticas à música. Em fevereiro, a Orquestra Gulbenkian e a pianista Maria João Pires foram os intérpretes do concerto inaugural da Temporada, na Philarmonie de Paris. A mesma sala recebeu, em junho, a Orquestra Filarmónica de Estrasburgo e o Coro Gulbenkian, dirigidos por John Nelson, ao lado de cantores como Joyce DiDonato, Cyrille Dubois e Christopher Maltman.
As obras-primas do Museu Gulbenkian estiveram expostas no Hôtel de la Marine, na capital francesa, na mostra intitulada Gulbenkian par lui-même, revelando aspetos menos explorados da coleção de Calouste Gulbenkian em diálogo com obras da Coleção, Al-Thani, uma das mais prestigiadas coleções particulares do mundo.
Em Marselha, com o apoio da Fundação, o Museu Cantini recebeu a exposição Vieira da Silva. L’oeil du labyrinthe, e o Centre de Création Contemporaine Olivier Debré, em Tours, apresentou Tudo o que eu quero. Artistas portuguesas de 1900 a 2020, a mostra que reuniu cerca de 200 obras de 40 artistas portuguesas, realizada na Sede da Fundação em 2021.
O ano foi ainda marcado por várias exposições de artistas portugueses apoiados pela Fundação Gulbenkian, com destaque para Rui Chafes, Pedro Costa e Paulo Nozolino no Centro Pompidou, na exposição O resto é sombra e para a obra de Pedro Cabrita Reis As Três Graças, exibida no Jardim das Tulherias.
Ana Jotta apresentou na Galeria Immanence A comme encre e na Cité internationale des arts de Paris Une chambre en ville. Estas exposições fizeram parte da programação do Festival d’Automne de Paris que recebeu o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian – Delegação em França. Ainda em Paris, o Musée d’Art Moderne exibiu uma mostra de Francisco Tropa, inserida na Temporada França-Portugal, e que esteve exposta até janeiro de 2023.
Inquérito às Práticas Culturais dos Portugueses
2000 pessoas inquiridas
O primeiro inquérito nacional às práticas culturais dos portugueses foi realizado pelo Instituto de Ciências Sociais (ICS) e resultou de um trabalho de campo levado a cabo nos últimos meses de 2020 – setembro a dezembro –, por uma equipa coordenada por José Machado Pais, Miguel Lobo Antunes e Pedro Magalhães.
Inédito em Portugal, o estudo fornece às instituições culturais uma grelha de leitura sobre os seus públicos, atuais e futuros, e quer contribuir para a produção de políticas públicas inovadoras. Reúne informação socialmente relevante e estatisticamente representativa da população residente em Portugal, regiões autónomas incluídas, com 15 ou mais anos de idade. O inquérito, que abrangeu o período pandémico, foi adaptado de forma a traduzir as mutações em curso.
Os domínios pesquisados abrangem consumos culturais através da Internet, da televisão e da rádio; práticas de leitura em formato impresso e digital; frequência de bibliotecas, museus, monumentos históricos, sítios arqueológicos e galerias de arte; idas ao cinema, concertos e espetáculos ao vivo, incluindo festivais e festas locais; participação artística e capitais culturais. Disponibilizam-se também indicadores de participação cultural mais interventiva ou comprometida, como o exercício de práticas artísticas amadoras, a partilha de conteúdos culturais de autoria própria, a interação online em temas relacionados com a cultura, a participação em blogues, o voluntariado e a participação em associações culturais.
Além de duas apresentações públicas no Auditório 2 da Fundação, um resumo do estudo pode ser consultado online.
Jardim de Verão
Cerca de 27 000 espectadores
Entre 24 de junho e 10 de julho, a programação do Jardim de Verão, este ano marcadamente transdisciplinar e eclética, apresentou várias formas de expressão artística contemporânea – música, dança, performance, poesia e cinema –, explorando alguns dos caminhos abertos pela exposição Europa Oxalá, que esteve na Fundação entre março e agosto de 2022.
Ao longo de três fins-de-semana, os três palcos instalados no Jardim Gulbenkian acolheram 18 concertos, 25 DJ sets e duas sessões de poesia, num ciclo com a curadoria da “Lisboa Criola – Dino D’Santiago”. No Anfiteatro ao Ar Livre decorreu a mostra de cinema “Cinemas e Independência”, com a curadoria de Olivier Hadouchi. A mostra dividiu-se em seis sessões onde foram exibidas nove curtas e seis longas-metragens.
A definição de um programa artístico de excelência, a escolha dos artistas, o trabalho de divulgação e a capacidade de convocatória da “Lisboa Criola” e do curador Dino D’Santiago, em parceria com a Fundação Gulbenkian, transformaram gradualmente aquilo que se previa ser um conjunto de concertos de pequena dimensão num evento de maior dimensão e grande impacto com um público alargado e diverso. Estima-se que tenham estado presentes no evento, ao longo dos três fins-de-semana, cerca de 27 000 pessoas.
Um Corpo que Dança – Ballet Gulbenkian (1965-2005)
14 semanas em exibição (nos cinemas)
O documentário Um Corpo que Dança – Ballet Gulbenkian (1965-2005), realizado por Marco Martins, teve antestreia na Fundação em janeiro de 2022 e projeção por todo o país ao longo do ano. O filme partiu de uma proposta de Jorge Salavisa, durante vinte anos Diretor Artístico da companhia, feita à Fundação pouco tempo antes da sua morte.
Além de dar a ver o percurso de uma das maiores companhias de dança portuguesas do século XX, a obra revela o modo como o Ballet Gulbenkian espelhou a sociedade em que viveu, acompanhando as suas profundas mudanças e abertura ao mundo exterior, após o 25 de abril, deixando um enorme legado à dança portuguesa, através dos seus bailarinos e dos criadores que colaboraram com a companhia em diferentes áreas artísticas. O filme recorre a imagens de arquivo inéditas e a entrevistas a criadores, historiadores, bailarinos e diretores do Ballet Gulbenkian e a dezenas de outros bailarinos que fizeram esta história.
O filme tem argumento de Marco Martins em colaboração com Ana Bigotte Vieira, João dos Santos Martins, Luiz Antunes e Maria José Fazenda, com música original de Filipe Raposo. Além da Fundação Gulbenkian, o filme contou com o apoio da RTP2, nomeadamente para a sua exibição.
Estreou nos cinemas a 16 de junho de 2022 e esteve em sala um total de 14 semanas em Lisboa, Setúbal, Leiria e Porto. Para além disso, foi exibido em 39 sessões especiais, muitas delas em escolas por todo o País.
Gulbenkian Futuro Sustentável
Foresight Portugal 2030
9 mil downloads do estudo
Iniciado em novembro de 2019, o projeto Foresight 2030 foi um exercício de prospetiva que cruzou questões económicas e financeiras, demográficas, sociais, tecnológicas, ambientais, geoeconómicas e geopolíticas, para elaborar 3 cenários possíveis para o posicionamento de Portugal no futuro:
O projeto teve duas fases distintas, uma exploratória e outra estratégica. A primeira incidiu sobre questões que Portugal não controla, mas que irão exercer, a curto e a médio prazo, uma influência muito significativa não só sobre a economia e a sociedade portuguesas, como também no ambiente contextual do país e, desde logo, na evolução da União Europeia. A segunda fase procurou identificar diferentes trajetórias de evolução até 2030, correspondentes a diferentes prioridades e opções por parte da sociedade e das autoridades portuguesas, tendo em conta diferentes evoluções europeias.
O projeto foi divulgado em dois momentos diferenciados. Numa primeira fase, a divulgação pública passou pelos media e pela disponibilização, em versão impressa e digital, dos três volumes do estudo, bem como do resumo/brochura e dos cerca de 30 documentos preparatórios que resultaram da 1ª fase do projeto.
A segunda parte foi dedicada à discussão e apresentação dos resultados do projeto, promovendo, de forma descentralizada, o debate junto das principais entidades, públicas e privadas, comprometidas e interessadas na definição e na implementação dos planos plurianuais definidores das nossas políticas públicas.A divulgação aconteceu junto das seguintes entidades: Caixa Geral de Depósitos, Agência para o Desenvolvimento e Coesão, Quidgest – Consultores de Gestão, SA, ERSAR – Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos, COTEC, Faculdade de Engenharia Universidade do Porto, Conselho Económico e Social e Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.
Prémio Gulbenkian para a Humanidade para IPBES e IPCC
116 nomeações de 41 nacionalidades
Na terceira edição do Prémio Gulbenkian para a Humanidade (no valor de 1 milhão de euros), o júri distinguiu, ex-aequo, duas organizações intergovernamentais que produzem conhecimento científico, alertam a sociedade e contribuem para que os decisores tomem medidas mais fundamentadas no combate às alterações climáticas e à perda de biodiversidade.
A Plataforma Intergovernamental Ciência-Política sobre Biodiversidade e Serviços de Ecossistemas (Intergovernmental Science-Policy Platform on Biodiversity and Ecosystem Services – IPBES) é um organismo intergovernamental independente, criado em 2012 com o objetivo de melhorar a relação entre o conhecimento científico e os decisores políticos, em questões de biodiversidade, proteção dos ecossistemas, bem-estar humano e sustentabilidade.
O Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas (Intergovernmental Panel on Climate Change – IPCC), Prémio Nobel da Paz em 2007 (juntamente com Al Gore), é o organismo das Nações Unidas que, desde 1988, promove a criação de conhecimento científico no sentido de avaliar os impactos climáticos da ação humana e que apoia os governos na tomada decisão e implementação de medidas de combate às alterações climáticas. O IPCC tem tido um trabalho determinante no acompanhamento dos compromissos do Acordo de Paris sobre alterações climáticas, através da publicação regular de relatórios, resultado do trabalho voluntário de milhares de cientistas de todo o mundo.
Estas duas entidades – IPBES e IPCC – foram selecionadas de entre 116 nomeações de 41 nacionalidades, provenientes dos cinco continentes.
De acordo com o Júri, a atribuição deste Prémio vem reconhecer o papel da ciência, na linha da frente do combate às alterações climáticas e à perda de biodiversidade. “A evidência baseada na ciência”, considerou o Júri, “tem sido fundamental não só para o avanço de muitas ações políticas e públicas, mas também para a necessidade de colocar um ‘caráter de urgência’ na forma como, em termos de agenda política, é abordada a questão do combate à crise climática”.
A cerimónia de entrega do Prémio decorreu no dia 13 de outubro, na Fundação Calouste Gulbenkian, com a presença da antiga chanceler alemã Angela Merkel, que aceitou presidir ao Júri do Prémio em substituição de Jorge Sampaio.
Iniciativas Gulbenkian na conferência do Oceano das Nações Unidas
A Fundação Gulbenkian marcou presença – como organizadora ou participante – em 18 dos eventos realizados no âmbito da II Conferência do Oceano das Nações Unidas, coorganizada por Portugal e pelo Quénia, e que aconteceu em Lisboa de 27 de junho a 1 de julho. Este participação veio reforçar o papel da Fundação na área do Oceano e dar visibilidade ao trabalho que tem vindo a desenvolver, há quase uma década, na promoção do conhecimento científico e da consciencialização pública sobre a importância do oceano na prosperidade humana e no desenvolvimento sustentável.
No primeiro dia de participação na Conferência, foi partilhada a experiência do programa de ideação e aceleração Blue Bio Value, numa sessão dedicada às startups na área da biotecnologia azul. Seguiu-se a apresentação pública de um novo projeto nesta área, anunciado a 8 de junho, Dia Mundial do Oceano: o Gulbenkian Carbono Azul.
Desenvolvido em parceria com o CCMAR – Universidade do Algarve e a ANP | WWF, a iniciativa pretende mapear e caracterizar ecossistemas marinhos e costeiros portugueses que têm um enorme potencial para sequestrar dióxido de carbono da atmosfera (ecossistemas de carbono azul) e promover o investimento na sua conservação e restauro, através da criação futura de um mercado voluntário de carbono azul em Portugal.
Na sequência deste projeto e suas respetivas conclusões, a Fundação Gulbenkian pretende ser a primeira entidade a financiar um projeto-piloto de carbono azul.
Planeta A – um sucesso na televisão portuguesa
Mais de 2M de telespetadores
A série documental Planeta A, coproduzida pela Fundação Calouste Gulbenkian e pela RTP, estreou na RTP1 no dia 18 de abril de 2022 e alcançou cerca de dois milhões de telespetadores na primeira exibição televisiva. Composta por nove episódios de 50 minutos cada, esta série documental debruça-se sobre vários temas relacionados com a sustentabilidade do planeta, mostrando também as soluções que têm sido encontradas nos quatro cantos do mundo.
Sem perder a ligação com a realidade portuguesa, a série dá a conhecer algumas das respostas mais inovadoras a questões como a poluição, o aquecimento global e a pobreza, e também propostas que pretendem amenizar as tensões culturais, políticas e raciais que emergem de todos esses desafios.
Ao longo de mais de dois anos, o ator João Reis (apresentador da série), viajou pelo planeta em busca de perguntas e de respostas, tornando-se o elo entre cientistas e investigadores de todo o mundo e o trabalho, realizado por vários indivíduos e organizações, que está a produzir muitas mudanças a nível local.
Planeta A foi candidata ao Prix Europe, apresentada no Mipcom em Cannes, e continua a somar inúmeras visualizações no website da Fundação Calouste Gulbenkian e na plataforma RTP Play.
Gulbenkian Intergeracional – um compromisso com o futuro
24,5M de pessoas alcançadas através dos media
11 estudos encomendados
Mais de 2000 participantes
Este projeto, iniciado em 2018, quis trazer o tema da justiça intergeracional para a discussão pública e para a agenda política, e incentivar os decisores políticos a considerarem critérios de justiça intergeracional na definição de políticas públicas.
No início do projeto, poucos ou nenhuns investigadores nacionais tinham na sua agenda de trabalho a justiça entre gerações. Em 2022, após 11 estudos promovidos pela Fundação e vários policy briefs publicados, existe uma rede interdisciplinar de investigadores sobre o tema, provenientes de dezenas de universidades nacionais e estrangeiras. Este ano fica também marcado pela realização da conferência “O estado do futuro: um compromisso entre gerações”, comissariada por Pedro Pita Barros, que reuniu na Fundação decisores políticos, academia, e sociedade civil para debater um novo contrato social que garanta um futuro mais justo para todas as gerações.
Quanto à colocação do tema na agenda política, um dos pontos chave passou pelo desenvolvimento de uma Metodologia de Avaliação do Impacto Intergeracional de Políticas Públicas, que foi testada e aplicada a casos atuais em Portugal e revista por especialistas do Banco de Portugal, Conselho das Finanças Públicas, UTAIL, UTAO e Tribunal de Contas, que deram feedback muito positivo sobre a sua participação no projeto.
O alcance da metodologia foi além das instituições envolvidas no projeto, tendo sido capacitadas diversas organizações na utilização desta ferramenta, permitindo-lhes experimentar este método de avaliação a partir de exercícios com políticas concretas. De entre as várias sessões de formação efetuadas, destaca-se a realizada, em maio de 2022, junto da equipa da Casa Civil do Presidente da República, a convite do próprio Presidente, numa mensagem gravada transmitida na conferência “O estado do futuro: um compromisso entre gerações”.
A nível internacional, a Fundação foi convidada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), para apresentar, na sede da organização em Paris, a iniciativa Gulbenkian Intergeracional, com foco na Metodologia. Esta apresentação, em junho de 2022, foi o ponto principal do ciclo de seminários da OCDE sobre Capacitação da Juventude e Justiça Intergeracional, sendo que os resultados deste debate vão apoiar as discussões sobre a implementação da próxima OECD Recommendation on Creating Better Opportunities for Young People.
De forma a assegurar que a “agenda” da justiça Intergeracional é assumida pelas entidades da academia e da sociedade civil interessadas em dar continuidade e escalar as iniciativas desenvolvidas, está a ser apoiado o Economics for Policy Knowledge Center da NOVA SBE, que criou uma equipa para aperfeiçoar e utilizar regularmente a Metodologia de Avaliação do Impacto Intergeracional de Políticas Públicas, publicando as avaliações efetuadas, e estando habilitado a dar formação sobre a mesma às entidades interessadas.
Adicionalmente, foi apoiado o Institute of Public Policy – Lisbon (IPP), na criação e divulgação pública de um índice de justiça intergeracional agregado, com indicadores nas áreas da habitação, mercado de trabalho, ambiente, contas públicas, saúde, e pobreza/desigualdade, permitindo continuar a investigação e debate em temas essenciais para avaliar as desigualdades entre gerações.
Apoio de emergência à Ucrânia
Mais de 1M € em apoios concedidos
De forma a responder à situação humanitária criada pela guerra na Ucrânia, a Fundação apoiou, com um milhão de euros, organizações humanitárias que ajudam os refugiados nos países fronteiriços mais pressionados, bem como as associações ucranianas envolvidas no esforço de acolhimento em Portugal.
A componente internacional deste apoio foi estabelecida após contactos com as redes que a Fundação Calouste Gulbenkian integra. Por um lado, foram apoiados diretamente o Polish Humanitarian Action e o Jesuit Refugee Service, especificamente nos países limítrofes da Ucrânia onde o esforço de apoio a refugiados tem sido mais significativo, como é o caso da Polónia, Hungria, Moldávia e Roménia.
Por outro lado, através do European Program for Integration and Migration – EPIM, foi estabelecido um pooled fund, para o qual a Fundação contribuiu solidariamente, juntamente com outras fundações, entre as quais a Open Society Foundations, a Robert Bosch Foundation, a Fondation de France, a Adessium, a Compagnia di San Paolo, a Kahane Foundation e a Charles Stewart Mott Foundation. Este fundo tem vindo a apoiar organizações da sociedade civil que ajudam as pessoas que abandonaram a Ucrânia, sendo que, de um total de 4,8M€ mobilizados, 3,1M€ foram já atribuídos a 15 iniciativas, disponibilidade que se manterá ao longo de 2023.
No âmbito nacional, reconhecendo a ação das ONG no acolhimento em Portugal enquanto país de destino de mais de 54.000 cidadãos ucranianos, foi concedido apoio a cinco associações ucranianas, robustecendo-se a sua estrutura e o seu funcionamento. Envolvidas desde o início no apoio humanitário e no acolhimento aos refugiados, estas associações receberam até ao máximo de 50.000€, em duas tranches, que permitiram responder a necessidades específicas como o reforço dos recursos humanos afetos, a aquisição de bens de primeira necessidade (material escolar e informático) e a aquisição de livros em língua ucraniana.
Outros apoios implicaram o estabelecimento de aulas de língua portuguesa, a prestação de apoio jurídico e psicológico. Outras houve que, sobretudo numa fase mais adiantada da integração, apostaram em visitas culturais, campos de férias e atividades artísticas, não deixando de responder ao facto de 1/3 dos refugiados ucranianos em Portugal serem crianças. Nessa linha, a Fundação lançou em abril de 2022 um concurso de âmbito nacional para a implementação de Grupos ABC – Aprender, Brincar, Crescer, com o objetivo de financiar projetos que promovessem a educação e o cuidado de crianças com idades entre os 0 e os 6 anos, e suas famílias.
Entre abril e setembro de 2022, este apoio de emergência destinou-se a organizações privadas sem fins lucrativos tendo abrangido mais de 200 crianças e 100 cuidadores. Os projetos decorreram nos concelhos de Águeda, Braga, Cascais, Coimbra, Faro, Leiria, Lisboa, Mafra e Quarteira. Complementarmente foi estabelecido um protocolo de colaboração com a Associação Caminhos da Infância e o Município de Lisboa para a criação de um grupo ABC na Sede da Fundação Calouste Gulbenkian.
Apoio a projetos de intervenção social
1,8M € em apoios concedidos
Este ano, o Programa Cidadãos Ativ@s, gerido pela Fundação Gulbenkian e pela Fundação Bissaya Barreto, apoiou com 1,8 milhões de euros várias iniciativas de organizações não governamentais portuguesas. O Programa é uma componente dos EEAGrants, que se destina a fortalecer as organizações da sociedade civil em Portugal com fundos da Islândia, Liechtenstein e Noruega.
Os inúmeros projetos apoiados têm como finalidade maior a promoção da participação democrática, da cidadania ativa, dos direitos humanos e do empoderamento dos grupos vulneráveis.
O Programa registou, ao longo do ano, várias ações que se podem traduzir em números: 315 profissionais de ONG receberam formação que ajudará a reforçar a sustentabilidade das suas organizações; nos grupos mais vulneráveis, 190 pessoas foram abrangidas por iniciativas de empoderamento económico; foram realizadas 38 iniciativas para promover o acesso à informação sobre políticas públicas e/ou privadas; decorreram ainda 17 campanhas de sensibilização sobre direitos humanos.
O Programa iniciou-se em 2018 e terminará em 2024 com uma dotação total de 11 milhões de euros.
Gulbenkian Ciência
O regresso do Stop Infeção Hospitalar
12 novos Centros Hospitalares
Em Portugal, 60 mil cidadãos adquirem por ano, pelo menos, uma infeção nos cuidados de saúde. Mais de mil mortes são diretamente atribuíveis a estas infeções e o tempo de internamento é cinco vezes superior, com um custo adicional estimado de 300 a 400 milhões de euros. Os números no resto da Europa mostram que são afetadas anualmente mais de 4 milhões de pessoas, causando 37 mil mortes e um impacto de 7 mil milhões de euros no sistema de saúde, o que resulta numa das maiores ameaças à sustentabilidade da saúde global.
Se nada for feito, as infeções adquiridas nos cuidados de saúde serão a principal causa de morte na segunda metade do século XXI, em grande parte devido às resistências que as bactérias têm vindo a desenvolver aos antibióticos. Caminhamos para um cenário equiparável à vida antes da descoberta dos antibióticos.
Entre 2015 e 2018, o Desafio Gulbenkian STOP Infeção Hospitalar, criado na sequência das recomendações do Relatório “Um Futuro para a Saúde”, produzido pela Fundação Gulbenkian*, empenhou-se em reduzir a incidência das infeções em, pelo menos, 50%. Os resultados mostram que foram superados os objetivos em 4 tipologias – intubação associada a pneumonia, algaliação, prótese de joelho e anca, e cateter venoso central –, em 19 hospitais do Serviço Nacional de Saúde. Em virtude destes resultados, o Ministério da Saúde incorporou o modelo de intervenção nas suas políticas de prevenção e controlo das infeções e resistências antimicrobianas (Despacho n.º 2757/2017, de 3 de abril).
Em 2022, o projeto foi alargado à escala nacional com a seleção, por concurso, de 12 novos Centros Hospitalares, abrangendo, na totalidade, cerca de metade das unidades hospitalares públicas do País. Este alargamento assentou numa contratualização financeira entre o Estado Português e as Unidades de Saúde (Despacho nº 10901/2022, de 8 de setembro), e ainda na formação de uma rede de mentores – profissionais de saúde que desenvolveram competências nas ciências da implementação e que apoiarão as novas unidades participantes.
* Numa parceria com o Ministério da Saúde, a Escola Nacional de Saúde Pública e o Institute for Healthcare Improvement.
Reforço da investigação em ciências da saúde nos PALOP
6 instituições de investigação envolvidas
10 investigadores dos PALOP apoiados
2 novos laboratórios em Cabo Verde
Em 2022, foram iniciados sete projetos de investigação na área da saúde, apoiados pela Fundação Calouste Gulbenkian, três dos quais em parceria com a Fundação la Caixa. Com um orçamento que ultrapassa o milhão de euros, os projetos envolvem mais de 10 investigadores dos PALOP (Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau e Moçambique), e estão orientados para as áreas do microbioma e infeções respiratórias, cancro, COVID-19, HIV e malária.
Além de disponibilizarem mais conhecimento sobre estas doenças e suas interações, os projetos pretendem reforçar as carreiras científicas dos investigadores e fortalecer a capacidade das 6 instituições de investigação envolvidas, nomeadamente: o Instituto Nacional de Saúde de Moçambique; a Universidade de Cabo Verde em parceria com a Faculdade de Medicina da Universidade Eduardo Mondlane, em Moçambique; o Hospital Universitário Dr. Agostinho Neto, em Cabo Verde; Centro de Investigação em Saúde de Angola/Instituto Nacional de Investigação em Saúde; e o “projeto de Saúde do Bandim”, na Guiné-Bissau.
Neste primeiro ano de implementação, os investigadores dedicaram-se essencialmente à preparação das condições técnicas e logísticas para a realização da investigação, à constituição e formação das equipas, à preparação dos protocolos técnicos e científicos e às aprovações dos comités de ética.
Alguns dos projetos iniciaram recolhas de amostras, como a que envolveu 690 crianças de três escolas primárias de bairros urbanos, peri urbanos e rurais de Maputo, no estudo desenvolvido pelo Instituto Nacional de Saúde, que procura perceber a exposição destas ao SARS-Cov-2. Em Angola, cerca de 700 adultos participaram voluntariamente no estudo que pretende avaliar a cadeia de transmissão do HIV, através da análise dos fatores de risco e dos determinantes genéticos do hospedeiro; outro estudo junta 157 pacientes, entre os 18 e os 65 anos, seguidos nas consultas de pneumologia do Hospital Militar de Luanda para avaliar a associação entre a presença de helmintíases e as doenças alérgicas respiratórias.
Deste ano, ficam ainda a montagem e inauguração do laboratório de biologia molecular no Hospital Universitário Agostinho Neto, em Cabo Verde e de um laboratório de diagnóstico histopatológico na Universidade de Cabo Verde, que terão um grande impacto na investigação e tratamentos, do cancro da mama e da próstata, no país. A universidade de Cabo Verde recebeu também uma conferência internacional sobre o cancro da próstata, com a participação de mais de 200 pessoas.
A Fundação Gulbenkian apoiou ainda realização de 6 cursos online em competências transversais da investigação das ciências da saúde, que registou cerca de 150 investigadores, assim como a apresentação pública dos resultados do estudo MAPIS que permitiu apresentar um panorama da investigação em ciências da saúde desenvolvida nos PALOP, e do seu financiamento. A apresentação destes resultados envolveu ainda a reflexão com um conjunto de atores nacionais e internacionais, sobre os desafios futuros da investigação em Ciências da Saúde, nestes países.
IGC integra laboratório associado LS4FUTURE
8,5M € de financiamento total
Único em Portugal, o LS4FUTURE (LS4F) reúne, além do Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC), o Instituto de Tecnologia Química e Biológica António Xavier (ITQB – Universidade Nova de Lisboa), Instituto de Biologia Experimental e Tecnológica (iBET), NOVA Medical School (NMS – Universidade Nova de Lisboa) e o Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil (IPOLFG). A estes institutos estão ainda associadas quatro Unidades de Investigação, MOSTMICRO-ITQB, GREEN-IT, IGC e iNOVA4Health.
O estatuto de Laboratório Associado LS4F foi atribuído pela Fundação da Ciência e Tecnologia, em 2021, por um período de 10 anos, e com um financiamento total de 8.5M€ por 5 anos, sendo que 2.3M€ são concedidos ao IGC que integra o LS4F desde fevereiro de 2022.
Assente no conceito “One Health”, o LS4F incide no binómio saúde humana e ambiental para um futuro sustentável para a espécie humana e para o planeta. Reunindo conhecimento diversificado e complementar, aborda problemas de uma forma interdisciplinar e abrangente, oferecendo soluções eficazes para desafios sociais atuais e emergentes.
Em 2022, a atividade do LS4F passou, em primeiro lugar, pelo planeamento estratégico e definição de projetos de trabalho com ênfase na planificação com os diferentes coordenadores das linhas temáticas, que enquadram projetos de investigação direcionados para: i) Prevenção de doenças e compreensão dos seus mecanismos, ii) Descoberta e desenvolvimento de terapias avançadas, iii) Garantir a segurança e proteção alimentar e aumentar a produtividade agrícola, iv) Desenhar soluções para ecossistemas sustentáveis, alicerçados no conhecimento e na biotecnologia. Em segundo lugar, e decorrente dos trabalhos de planeamento, foi definida a contratação da equipa de Coordenação do LS4F, responsável por implementar o plano de ações a nível das carreiras, internacionalização, translação e comunicação.
Garantindo uma estreita articulação entre todos os parceiros, em outubro de 2022, arrancou a rubrica “Research Management Staff Meeting” para promover a interação entre os membros dos gabinetes de Gestão de Projetos Científicos dos vários institutos, com a equipa de Coordenação do LS4F. O primeiro encontro decorreu a 26 de outubro, com 25 membros dos diferentes Institutos parceiros. No contexto da “Semana de Ciência e Tecnologia”, o LS4F pretende assinalar a data com um encontro online para promover a aproximação da ciência com a sociedade, de modo a criar uma partilha de conhecimento científico para fomentar a formação de opinião com base em dados científicos.
Em fevereiro de 2023 está prevista a realização do primeiro Encontro Geral do LS4F reunindo todos os investigadores e alunos e, no més seguinte, o primeiro retiro para Investigadores Principais, com vista a promover colaborações e o desenvolvimento das redes de interação entre os membros da comunidade do LS4F.
Gulbenkian 2023
Centenário de Madalena de Azeredo Perdigão
Madalena de Azeredo Perdigão (1923-1989) foi uma figura determinante na configuração da intervenção da Fundação no domínio das Artes do Espetáculo, desde a sua criação até aos nossos dias. Diretora, sucessivamente, do Serviço de Música e do ACARTE, a sua ação, quer pelo impacto direto da Fundação no tecido artístico português quer pelo desempenho de importantes cargos na esfera governamental e nas organizações da sociedade civil, converteu-a numa referência incontornável para a compreensão da vida artística portuguesa na segunda metade do século XX e para a reflexão contemporânea sobre o lugar das Artes nos desafios contemporâneos da construção da sociedade democrática e do desenvolvimento sustentável.
Em 2023, ano do seu centenário, a Fundação realizará várias iniciativas em sua homenagem, nomeadamente a exposição Madalena de Azeredo Perdigão (1923-1989): vamos correr riscos, de 28 de abril a 20 de julho, comissariada por Rui Vieira Nery; um colóquio, também comissariado por Rui Vieira Nery, em abril/maio; reposição pela Orquestra Gulbenkian e a Orquestra da Casa da Música, dia 28 de abril, da peça – La Transfiguration de Notre Seigneur Jésus Christ de Olivier Messiaen; um Encontro/debate, em junho/julho, sobre novos desafios das Artes numa sociedade em mudança, comissariado por Benjamin Weil.
Histórias de uma Coleção de Arte Moderna e Contemporânea
Aproximadamente 12 mil obras na CAM
Entre maio e setembro, a exposição Histórias de uma Coleção mostrará o percurso de 40 anos do Centro de Arte Moderna (CAM), que se completam este ano, e muitas outras histórias sobre algumas das mais importantes obras adquiridas, a partir do final da década de 1950 pela Fundação Gulbenkian, mas também sobre as menos vistas ou inéditas ao público e que fazem parte da coleção do CAM.
A exposição apresentará um conjunto de obras de diferentes épocas, geografias e dinâmicas artísticas, através de novas narrativas e interpretações. Serão assinalados momentos-chave que exploram a constituição da coleção do CAM, acompanhados da publicação de um extenso catálogo, com ensaios inéditos das curadoras, além de uma programação complementar que permitirá um maior conhecimento público das histórias que as obras da coleção do CAM têm para contar.
As primeiras obras de arte moderna foram compradas no final dos anos de 1950, de forma a integrarem exposições temporárias itinerantes organizadas pela Fundação. Era também prática da Fundação adquirir as obras dos artistas bolseiros que começaram a ser apoiados logo em 1956. O que viria a ser a coleção do CAM foi ganhando forma, contando atualmente com aproximadamente 12 mil obras.
Durante os anos de 1960, a aquisição dos primeiros conjuntos de obras contou, desde logo, com artistas incontornáveis no panorama artístico nacional e internacional, como Amadeo de Souza-Cardoso, José de Almada Negreiros e Maria Helena Vieira da Silva. As obras de arte britânica foram em grande parte adquiridas entre 1960 e 1965 e reúnem nomes tão importantes como David Hockney, Bridget Riley ou Peter Phillips.
A vontade de construir um espaço que albergasse a coleção de arte moderna que então se formava, e que já agrupava um número significativo de artistas nacionais e internacionais, é oficializada em 1979. O CAM foi inaugurado, assim, a 20 de julho de 1983, contando com um programa inovador que vinha colmatar a inexistência de um museu em Portugal dedicado à difusão da arte do século XX.
A partir daí, o crescimento da Coleção foi exponencial e conduziu à aquisição de obras de uma grande diversidade de artistas, meios e suportes. Construída ao longo de mais de 60 anos, a coleção do CAM é o resultado de encontros, aproximações, ruturas, relações estéticas e linguagens artísticas diferenciadas.
Um Prémio para o Papel Cívico das Artes
Mais de 300 candidaturas ao prémio
A Fundação vai continuar a apoiar o Papel Cívico das Organizações de Artes, nomeadamente através do Award for Civic Arts Organisations, que pelo terceiro ano consecutivo reconhece o papel vital das artes para a sociedade e incentiva as organizações artísticas a criar impacto, de forma criativa e inspiradora, junto das comunidades.
Na edição de 2023, o Prémio, que anualmente procura incentivar o setor artístico e cultural a adotar o seu papel cívico, vai distinguir organizações que usam a criatividade para ajudar as comunidades a enfrentar melhor os desafios com que estas se deparam.
Em 2022, The Art House foi a vencedora do Prémio principal; foram ainda distinguidas as iniciativas In Place of War CIO e Project Art Works. As três organizações foram reconhecidas pelo seu trabalho excecional na utilização do poder transformador das artes junto de comunidades mais vulneráveis, principalmente durante a pandemia de Covid 19.
O movimento de artes cívicas (no Reino Unido mas também a nível internacional) e o papel fundamental das organizações artísticas na sociedade tem vindo a crescer, como conclui o relatório The Pulse of the Movement: Civic Arts Organizations in 2021, que em 2022 analisou as candidaturas recebidas e tentou compreender o trabalho das organizações com as comunidades. É para este propósito que a Fundação quer continuar a contribuir.
Bolsas Gulbenkian de Mérito
Mais de 800 alunos apoiados
O ano de 2023 será marcado pelo reforço dos apoios atribuídos a jovens de elevado potencial e mais dificuldades económicas que se candidatam ao primeiro ano do ensino superior. As bolsas foram criadas com o intuito de distinguir o mérito, proporcionar melhores condições para o desempenho escolar no ensino superior e apoiar a mobilidade internacional.
Este ano, o número de alunos apoiados mais do que duplica em relação ao ano anterior, passando de 357 para mais de 8oo.
As Bolsas destinam-se a alunos de qualquer nacionalidade, com nota mínima de 17 valores no concurso de acesso ao ensino superior. A bolsa tem um valor de 2.000 € para todos os alunos selecionados, reforçado com um valor adicional único de 2.000 €, caso o aluno frequente um semestre numa universidade no estrangeiro, no âmbito de um programa de mobilidade internacional, experiência que enriquecerá o seu percurso pessoal e de formação. Incluem ainda um programa de networking e de desenvolvimento de soft skills, com vista a fomentar o espírito de entreajuda entre bolseiros e uma maior capacidade de interagir com os outros e com o mundo que os rodeia.
Com as Bolsas Gulbenkian de Mérito, a Fundação Gulbenkian vai continuar a potenciar o papel da educação e contribuir para uma maior equidade social, dando uma oportunidade aos alunos mais brilhantes e fomentando o seu impacto futuro na sociedade.