Centenário do Nascimento de Madalena de Azeredo Perdigão
Figura incontornável da história da Fundação Gulbenkian, Madalena de Azeredo Perdigão (1923-1989) marcou a vida artística portuguesa na segunda metade do século XX.
Como diretora do Serviço de Música e do ACARTE – Serviço de Animação, Criação Artística e Educação pela Arte, teve uma ação determinante na configuração da intervenção da Fundação no domínio das Artes do Espetáculo. No Serviço de Música contribuiu para o estabelecimento de políticas estruturantes que trouxeram novos paradigmas de formação vocacional avançada, de internacionalização, de contemporaneidade e de valorização patrimonial. No ACARTE promoveu uma programação inovadora no sentido da releitura crítica do cânone artístico, da interdisciplinaridade, da multiculturalidade e das estratégias de mediação cultural.
Teve também um papel determinante na reestruturação do Ensino Artístico em Portugal, no âmbito do Ministério da Educação e enquanto presidente da Associação Portuguesa de Educação Musical.
Um dos momentos altos da homenagem, coordenada por Rui Vieira Nery (comissário) e Inês Thomas Almeida (comissária-adjunta), será a abertura ao público, no dia 28 de abril, da exposição Madalena de Azeredo Perdigão (1923-1989): vamos correr riscos. A mostra, cujo título cita uma frase de Madalena incluída no Manifesto ACARTE, apresenta uma vertente biográfica e retrospetiva, mas também uma vertente prospetiva, focando tanto as estruturas que lançou e que ainda hoje permanecem em atividade como a sua permanente atitude de abertura a novas problemáticas, novos modelos e novas metodologias de intervenção na gestão artística. Documentos inéditos, fotografias, programas de concertos, recortes de jornais, edições e partituras serão alguns dos materiais que estarão em exibição no átrio da Biblioteca de Arte e Arquivos da Fundação até dia 20 de julho. A entrada é livre.
A apresentação, no Grande Auditório, da peça La Transfiguration de Notre Seigneur Jésus-Christ de Olivier Messiaen, obra que resultou de uma encomenda do Serviço de Música da Fundação, na altura dirigido por Madalena de Azeredo Perdigão, será também pretexto para uma homenagem ao seu espírito pioneiro e inovador. A peça, interpretada pelo Coro e Orquestra Gulbenkian, nos dias 27 e 28 de abril, será dirigida por Myung-Whun Chung.
Outro momento marcante da homenagem será a realização no dia 6 de junho de um Colóquio que vai evocar a sua vida e ação, mas também os desafios atuais e futuros do seu legado. Estarão presentes José Sasportes, Rui Vieira Nery, Inês Thomas Almeida, António Pinto Ribeiro e Manuela Encarnação, entre outros. O colóquio termina com uma mesa-redonda subordinada ao tema Experimentação, Criação, Colaboração: Abrir-se ao que faz falta.
No decorrer do colóquio, será lançado o livro com uma antologia de textos de Madalena Perdigão, em que se inclui o Manifesto ACARTE, textos com a sua visão estratégica sobre a descentralização dos Festivais Gulbenkian, sobre a acessibilidade da cultura e a inclusão, entre outros documentos, que ajudarão a conhecer melhor o seu importante legado.
No mês de outubro, a Fundação apresenta uma extensa timeline que estará exposta na Sala de Exposições do piso 01 da Fundação, com uma cronologia dos momentos mais marcantes da história da dança em Portugal na qual se incluem o Ballet Gulbenkian e o Grupo Experimental de Bailado, que esteve na sua origem, criados por Madalena de Azeredo Perdigão.
Seguem-se outras iniciativas no próximo ano que terão lugar no renovado edifício do CAM.