Ao longo de trinta e um anos, desde a sua nomeação, em 1958, para a chefia do que era então a Secção de Música da Fundação Calouste Gulbenkian, até à sua morte, em 1989, após cinco anos à frente do ACARTE, e passando pela sua ação da maior relevância como responsável por sucessivas etapas da reforma do sistema de Ensino Artístico no País, Madalena de Azeredo Perdigão marcou como ninguém o panorama das Artes Performativas em Portugal, com um impacto que se estende, em muitos aspetos, até aos nossos dias. Deve-se-lhe, nas décadas de 1950 a 70, o estabelecimento das infraestruturas musicais que permitiram pela primeira vez uma participação ativa de Portugal no circuito concertístico internacional e o lançamento das bases de uma nova política de formação musical, colmatando muitas das lacunas de uma modernidade até então por construir no campo da Música portuguesa. E deve-se-lhe em seguida, já nos anos 80, a aposta corajosa num pensamento pós-moderno de abertura ao questionamento crítico do cânone estabelecido, à experimentação e à inovação estéticas em todos os domínios artísticos, a novos projetos e linguagens interdisciplinares, à descoberta das artes extraeuropeias e ao diálogo entre tradições e expressões culturais eruditas e populares.
O presente colóquio procura relembrar o que foram os múltiplos contributos de Madalena de Azeredo Perdigão na sua permanente procura de respostas estruturantes a tudo o que a cada momento considerava faltar à vida cultural portuguesa, e termina com o lançamento de um desafio: que novas respostas, no legado direto do seu pensamento e da sua ação, haveria hoje que dar aos novos desafios com que se deparam as Artes em Portugal?