Idiota nasce da pintura. É tela que se tornou caixa. Translúcida, refletora e permeável, é simultaneamente vitrine e espelho. É uma caixa multifacetada: caixa-casa, caixa-plantação, espaço de recolhimento e de ultra exposição, caixa-prisão, caixa-festa, caixa-tenda, caixa-boia, uma cabine telefónica, o terminal de um aeroporto, caixa-imune, caixa-impune, caixa-camarim. É também um teatro portátil e, portanto, aberta a todas as figuras que queiram aí ser projetadas.
Idiota é ainda o nome da figura que se esgueirou deliberadamente para dentro desta caixa, com o intuito de espiar uma criatura, Élpis...
O mito de Pandora surgiu provavelmente como resposta à velha questão: porque é que as pessoas adoecem e morrem? Porque é que as coisas más acontecem?
Inserida na programação do ciclo dança não dança, esta performance, criada em 2022 e pela primeira vez apresentada em Portugal, é colocada em diálogo com uma outra performance, intitulada Miquelina e Miguel, do coreógrafo Miguel Pereira, cuja apresentação tem lugar no dia 4 de fevereiro. Desenterrar as Memórias da Dança é o mote que contextualiza ambas as propostas, em torno do qual se realiza ainda uma conversa sobre a presença de corpos negros e narrativas afrodiaspóricas na dança em Portugal, também a 4 de fevereiro.
Este espetáculo utiliza luz estroboscópica.
Imagem © BEA BORGES/ kfda
Marlene Monteiro Freitas (1979, Cabo Verde) é conhecida por criar peças cuja marca é a abertura, o hibridismo, a impureza e a intensidade. Amplamente premiada, destacam-se o Leão de Prata da Bienal de Veneza (2020), o Chanel Next Prize (2021) e o Evens Arts Prize (2022). Desde 2020, é cocuradora do projeto (un)common ground.
dança não dança
Este evento insere-se no ciclo de (re)performances, filmes e conversas que constitui o primeiro eixo do programa dança não dança – arqueologias da Nova Dança em Portugal. Saber mais