Pensar as gerações futuras
As democracias tendem a subestimar os interesses das gerações futuras (que ainda não nasceram e não votam) em relação às presentes. A manifestação deste problema nas gerações mais novas e nas vindouras é claramente observável na questão do uso excessivo dos recursos naturais e das alterações climáticas, na dificuldade crescente de acesso à habitação, na dualidade e precariedade do mercado de trabalho, no excessivo endividamento público e externo, e nos rendimentos das famílias.
No entanto, há dimensões em que, tanto pela acumulação de um maior stock de capital humano como por desenvolvimentos tecnológicos, as novas e futuras gerações poderão aceder a um maior nível de bem-estar do que as gerações atuais.
Neste âmbito, e no seguimento da iniciativa Gulbenkian Intergeracional, o Institute of Public Policy criou, com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian, um Índice de Justiça Intergeracional, com o qual se pretende não só manter o tema em discussão pública, mas também clarificar as políticas públicas que o poderão promover.
Baseado em seis áreas distintas – ambiente e recursos naturais, saúde, mercado de trabalho, habitação, finanças públicas, pobreza e condições de vida – o Índice de Justiça Intergeracional será apresentado publicamente no dia 20 de setembro, entre as 17:00 e as 19:00, na Fundação Calouste Gulbenkian.
A entrada é livre, mas sujeita a inscrição.
Sobre a iniciativa Gulbenkian Intergeracional
Desenvolvida entre 2018 e 2022, a iniciativa Gulbenkian Intergeracional pretendeu trazer a justiça entre gerações para a discussão pública e para a agenda política, e incentivar o desenho de políticas públicas justas para todas as gerações.
Ao longo destes anos, foram promovidos 11 estudos e vários policy briefs, em diversas áreas, que analisaram as principais desigualdades entre gerações e identificaram os fatores que contribuem para o sucesso da implementação de políticas de longo prazo, tendo ainda sido criada uma metodologia para avaliar o impacto das políticas públicas nas gerações atuais e futuras. Com este processo, foi ainda possível fomentar uma rede interdisciplinar de investigadores sobre o tema, provenientes de dezenas de universidades nacionais e estrangeiras.
No final dos cinco anos da iniciativa, a Fundação Calouste Gulbenkian tem apoiado projetos da academia e da sociedade civil no âmbito da justiça Intergeracional.