CAM celebra 40 anos com Temporada de Arte Japonesa
O CAM – Centro de Arte Moderna Gulbenkian comemora o seu 40.º aniversário com uma temporada de arte contemporânea japonesa, a iniciar em julho, e que terá vários momentos ao longo deste ano até à reabertura do seu edifício prevista para a Primavera de 2024.
Com curadoria de Emmanuelle de Montgazon, a programação cruza diferentes práticas e disciplinas artísticas, partindo do conceito arquitetónico de engawa, que está na base do projeto do arquiteto Kengo Kuma para o edifício do CAM, e que designa um espaço de passagem, interior e exterior, encontrado habitualmente nas casas tradicionais japonesas. O conceito de engawa é usado para evocar os espaços relacionais fora do espaço doméstico, ideia presente nos movimentos artísticos japoneses do período pós-guerra, lugares de questionamento da história oficial que construiu a identidade japonesa e que continua a ter eco nas práticas dos artistas contemporâneos.
O programa da temporada arranca nos dias 20, 21, 22 e 23 de julho com uma misteriosa instalação a apresentar em Lisboa, de manhã e ao entardecer, em lugares que serão progressivamente revelados. Desenvolvida pelo premiado coletivo Mé, constituído por Haruka Kojin, Kenji Minamigawa e Hirofumi Masui, o projeto, intitulada Masayume, vai surpreender os habitantes da cidade, desafiando a sua capacidade de lidar com o inesperado e com a incerteza do mundo.
No dia 21 de julho, o Grande Auditório recebe a performance e instalação audiovisual 100 Cymbals, do compositor e artista visual Ryoji Ikeda, interpretada pelo reputado ensemble Les Percussions de Strasbourg. Uma experiência auditiva ímpar que se desenvolve na ténue linha que separa o ruído da ressonância harmónica. É também apresentado um tributo de Ikeda a John Cage: a interpretação livre da obra But what about the noise of crumpling paper, composta em 1985 pelo compositor americano, pioneiro da música aleatória e eletroacústica.
Uma proposta singular será apresentada no dia 23 de julho, pela artista Lei Saito, convidada a criar uma paisagem comestível, a que chamou Cozinha Existencial [Cuisine Existentielle], inspirada na sua investigação sobre a culinária, a história e o planeamento urbano da cidade de Lisboa. Tendo o Jardim Gulbenkian como pano de fundo, Lei Saito cria uma instalação com vários alimentos e objetos cerâmicos, oferecendo ao público uma surpreendente experiência estética e sensorial.
A temporada retoma em setembro, com uma presença de vulto, a artista Mieko Shiomi, que se tornou membro do Fluxus em 1964, movimento que teve em Yoko Ono um dos seus mais mediáticos expoentes. A célebre artista, com 84 anos de idade, apresenta uma obra inédita em outros espaços da Fundação, interpretada por músicos e artistas portugueses.
Em setembro, destaca-se também a presença da artista multidisciplinar Ami Yamasaki, que utiliza o próprio corpo como instrumento, emitindo sons que refletem todo o tipo de vibrações invisíveis do que nos rodeia. Ami Yamazaki irá apresentar a performance Manga Scroll de Christian Marclay, um dos mais importantes artistas a trabalhar entre o som e a arte visual e também uma performance a solo e em dueto com o músico Ko Ishikawa, um reconhecido intérprete de Sho.
A temporada terá ainda várias atividades em novembro e durante o ano de 2024, que a seu tempo serão divulgadas.
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