Agustina. O riso de todas as palavras
Nome maior da ficção portuguesa do século XX e autora de uma obra singular e inconfundível, Agustina Bessa-Luís completaria 100 anos no dia 15 de outubro deste ano. A Fundação Calouste Gulbenkian vai assinalar a ocasião com um programa abrangente, comissariado por Inês Fonseca Santos, que inclui um colóquio sobre a vida e obra da escritora, no decorrer do qual serão apresentados exemplos do modo como a sua arte inspirou ilustradores, músicos e outros artistas.
O título do colóquio “o riso de todas as palavras” é retirado do texto de Maria Velho da Costa, Maria Agustina, a trânsfuga, publicado na revista Colóquio-Letras (nº187), o qual remete para “o riso do espanto e da sabedoria, o riso da infância e da ancestralidade, mas também, o do humor, da ironia e de um certo desdém”, como explica a comissária do colóquio.
O primeiro painel convidado a refletir sobre a sua obra, composto por António M. Feijó, Clara Ferreira Alves e Pedro Mexia, com moderação de Susana Moreira Marques, vai explorar o tema que dá o título ao colóquio. No painel seguinte, Rita Taborda Duarte e José António Gomes, com moderação de Sara Figueiredo Costa, debatem um tema que percorre a sua obra, “O rio da infância”. O terceiro painel, Mulher: “ser completo, princípio e fim”, contará com a presença de Maria João Seixas, Catherine Dumas e Clara Pinto Caldeira como moderadora. No início da sessão, a fadista Mísia vai cantar “Garras dos Sentidos”, fado criado a partir de um poema que Agustina Bessa-Luís escreveu para a cantora. Acompanham-na os músicos Bernardo Romão (guitarra portuguesa) e João Filipe (viola).
A encerrar o programa será apresentada uma leitura encenada por João Sousa Cardoso, com interpretação de Ana Deus, inspirada no livro A Ronda da Noite, a derradeira obra de Agustina publicada em vida. Nela, a escritora debruça-se sobre a geografia do país profundo, a relação da cultura portuguesa com as sociedades do Norte, (a britânica e a holandesa em particular) e o comércio, em que se urde a ideia de civilização e os ofícios da arte. Um espetáculo que comprova a singularidade de Agustina enquanto intérprete da história das imagens e da modernidade europeia.
Ainda no âmbito deste colóquio será apresentada a exposição Reflexos duma luz, que reúne dez ilustrações de personagens femininas de diferentes obras de Agustina Bessa-Luís, criadas especialmente para esta ocasião, da autoria de uma dezena de ilustradores – Alain Corbel, Cláudia R. Sampaio, João Fazenda, João Maio Pinto, Luis Manuel Gaspar, Mantraste, Pedro Lourenço, Sebastião Peixoto, Susa Monteiro e Tiago Manuel. Ao recriar, de um modo muito pessoal, personagens como Quina, (de A Sibila), Fanny Owen, Lourença, Purinha, Ofélia, Camila, Ema, Fisalina, Rosalina e Ana, os artistas oferecem dez perspetivas de leitura da obra de Agustina, que permitem celebrar a riqueza infinita da sua obra.
A entrada é livre.
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