Cronologia Fundação Calouste Gulbenkian
De nacionalidade portuguesa e instituída em perpetuidade, a Fundação tem como propósito fundamental melhorar a qualidade de vida das pessoas através da arte, da beneficência, da ciência e da educação. A Fundação desenvolve as suas atividades a partir da sua sede em Lisboa e das delegações em Paris e em Londres, tendo também intervenção através de apoios concedidos desde Portugal aos PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa) e Timor-Leste, bem como nos países com comunidades arménias.
A Fundação conta com um museu, que alberga a coleção particular de Calouste Gulbenkian, e um centro de arte moderna, que reúne a mais importante coleção de arte moderna e contemporânea portuguesa; uma orquestra e um coro; uma biblioteca de arte e arquivo; um instituto de investigação científica; e um jardim, que é um espaço central da cidade de Lisboa, onde decorrem também atividades educativas.
Em articulação com as atividades culturais, a Fundação cumpre a sua missão através de programas inovadores que desenvolvem projetos-piloto e apoiam, através de bolsas e subsídios, instituições e organizações sociais.
1956 – 1959
A Fundação Calouste Gulbenkian foi criada por Calouste Sarkis Gulbenkian, em testamento datado de 18 de junho de 1953, e os seus estatutos foram aprovados pelo Decreto-Lei nº 40 690, de 18 de julho de 1956. A Fundação é definida como uma instituição particular de utilidade pública geral, perpétua e dotada de personalidade jurídica, com fins caritativos, artísticos, educativos e científicos e com sede em Lisboa.
O primeiro Conselho de Administração era composto por quatro membros e presidido por José de Azeredo Perdigão, que permaneceu nesse cargo até à sua morte, em 1995.
Nestes três primeiros anos, constituíram-se os principais eixos de atuação da Fundação, conforme os seus estatutos, os quais, no essencial, se mantêm inalterados. De início, a maior preocupação consistiu em honrar a vontade do Fundador, continuando os apoios à Arménia e à diáspora arménia, e em procurar o local adequado para reunir todas as peças de arte que compunham a coleção feita por Gulbenkian durante a sua vida.
Em 1957, adquiriu-se um terreno no parque de Santa Gertrudes, no centro de Lisboa, para aí ser construída a sede da Fundação.
Paralelamente, foi sendo delineada a organização funcional da Fundação, com a criação de diversos serviços, que demonstram as prioridades estabelecidas: Educação e Bolsas, Beneficência, Bibliotecas Itinerantes, Médio Oriente e Comunidades Arménias, Museu e Belas-Artes, Delegação no Reino Unido e Música. Em 1959, estavam criados 13 serviços.
Nos dois anos seguintes, desenvolve-se a atividade da Fundação em todas as áreas: organiza-se o 1ª Festival Gulbenkian de Música; inaugura-se as primeiras 15 bibliotecas da Rede de Bibliotecas Itinerantes; são criados os Prémios Calouste Gulbenkian nas áreas das artes plásticas, literatura e música; dá-se início à abertura anual de concursos para bolsas de estudo de pós-graduação e à recuperação de património histórico de origem portuguesa no mundo; publica-se a Revista “Colóquio – Revista de Artes e Letras”.
As obras de arte da Coleção Gulbenkian são transferidas de França para Portugal.
1960 – 1969
Esta década é marcada sobretudo pela construção do Museu e da Sede, no terreno adquirido em 1957. Foi aberto um concurso limitado, tendo como consultores Francisco Keil do Amaral, Carlos Ramos, Sir Leslie Martin, William Allen, George-Henri Rivière e Franco Albini. A construção iniciou-se, em 1962, com o projeto dos arquitetos Alberto Pessoa, Pedro Cid e Ruy d’ Athouguia e dos arquitetos paisagistas António Viana Barreto e Gonçalo Ribeiro Teles. A obra foi dirigida por Luís Guimarães Lobato.
No dia 2 de outubro de 1969 é inaugurado o edifício da Sede e Museu da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, assinalando o centenário do nascimento de Calouste Sarkis Gulbenkian. No Grande Auditório atuaram a Orquestra e o Coro Gulbenkian.
O Museu, na sua abertura, tem uma mostra de mais de mil peças da coleção de Calouste Gulbenkian, enquanto a Galeria de Exposições Temporárias apresenta obras de artistas portugueses, entretanto adquiridas.
A estrutura funcional da Fundação consolida-se com a criação do Serviço de Ciência, da Maison des Étudiants Portugais na Cité Internationale Universitaire de Paris (atualmente Maison du Portugal André de Gouveia) e da biblioteca que será integrada no Centro Cultural Português, em Paris, em 1965. É criado o Instituto Gulbenkian de Ciência, um centro de investigação pluridisciplinar extrauniversitário.
O Plano de Edições é criado em 1962, com a coleção Manuais Universitários, a que se seguem as coleções Textos Clássicos, em 1964, e Cultura Portuguesa, em 1966. O objetivo principal deste plano, que ainda hoje se mantém quase inalterado no seu propósito original, é proporcionar aos estudantes o acesso a obras estrangeiras fundamentais traduzidas da língua original pelos maiores especialistas.
Em 1963 dá-se início ao projeto de encomenda de obras a compositores contemporâneos portugueses.
Em 1965 há a salientar a integração no Serviço de Música do Grupo Experimental de Bailado, como Grupo Gulbenkian de Bailado, embrião do que, em1975, foi designado por Ballet Gulbenkian, designação que se manteve até ao seu final, no ano de 2005.
Na antiga residência de Calouste Gulbenkian, na Avenue Iéna, em Paris, foi aberto o Centro Cultural Português, que, em 1992, passou a chamar-se Centro Cultural Calouste Gulbenkian.
As chuvas torrenciais que, em 1967, assolam Portugal atrasam os trabalhos de construção da sede e afetam algumas peças da coleção, guardadas no Palácio dos Marqueses de Pombal, em Oeiras, que era então propriedade da Fundação.
Em 1968, a Fundação convidou o coreógrafo Maurice Béjart e a sua companhia, os Ballets du vingtième siècle, para atuarem em Portugal. No fim do espetáculo, o coreógrafo pediu ao público um minuto de silêncio pela morte de Robert Kennedy, o que motivou a sua expulsão pelo governo português.
É criada a Partex Gas Corporation. No final da década de 60, a Fundação tem 32 serviços e mais de mil colaboradores.
1970 – 1979
Na década de 1970 há a salientar as alterações provocadas pela revolução de 25 de abril de 1974, nomeadamente o saneamento de dois administradores, a pressão para a saída de alguns diretores, como Madalena de Azeredo Perdigão, e a cooptação de dois novos administradores. É constituída uma Comissão Paritária, com três administradores e representantes dos trabalhadores para tratarem de assuntos de pessoal.
Não obstante as alterações verificadas no funcionamento da Fundação, não se notou um abrandamento das atividades programadas.
No decorrer do ano 1974, Maurice Béjart regressa a Lisboa com Ballets du vingtième siècle e apresenta Romeu e Julieta no Coliseu dos Recreios, em espetáculos organizados pela Fundação. É apresentado o bailado Concerto em Sol Maior, com música de Ravel, a primeira coreografia de Vasco Wellenkamp, no âmbito do Estúdio Coreográfico Gulbenkian.
Realiza-se a primeira audição mundial de Cendrées, de Inannis Xenakis, encomenda de uma série de onze feita pela Fundação ao compositor.
Claudio Scimone assume, em 1979, o cargo de Maestro Titular da Orquestra.
Em 1973, a Fundação deu início aos Ciclos de Cinema, com uma mostra de filmes de Roberto Rosselini. Estes ciclos prolongaram-se no tempo.
As exposições levadas a cabo durante os anos 70 privilegiaram mostras retrospetivas de artistas portugueses: em 1970, a primeira grande exposição de Maria Helena Vieira da Silva; em 1972, a exposição da obra de Robert e Sonia Delaunay e de outros pintores portugueses “seus amigos” tais como Eduardo Viana, Amadeo de Souza-Cardoso e Almada Negreiros; em 1978, a exposição de Júlio Pomar.
Outras mostras de arte relevantes foram apresentadas na Fundação durante os anos 1970 – Turner: Desenhos, Aguarelas e leos (1973); Auguste Rodin (1973); 100 desenhos Europeus do Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (1974); Ano Rubens (1977).
A Fundação deu apoio à modernização dos hospitais públicos portugueses, nomeadamente com a oferta dos primeiros ecógrafos e equipamentos operatórios de oftalmologia, bem como o financiamento dado à construção e equipamento de diversas escolas de enfermagem, no país e nos PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa).
A Fundação decidiu, em 1979, construir o Centro de Arte Moderna, no topo sul do jardim da Fundação, com projeto de Sir Leslie Martin e colaboração de José Sommer Ribeiro, José Paulo Nunes de Oliveira e Ivor Richards.
1980 – 1989
Durante estes anos, a Fundação continuou a desenvolver e a aprofundar todas as suas atividades, e iniciou novos projetos, como é o caso da construção do edifício do Centro de Arte Moderna, inaugurado em 1983, ou do Serviço de Animação, Criação Artística e Educação pela Arte — ACARTE —, criado em 1984 e dirigido por Madalena de Azeredo Perdigão, entretanto readmitida nos quadros da Fundação.
Em 1981, morre Kevork Loris Essayan, genro de Calouste Gulbenkian, que representava os descendentes do fundador no Conselho de Administração, lugar que passou a ser então ocupado pelo seu filho, Mikhael Essayan.
Salienta-se o início das Jornadas de Música Antiga, em 1980; a organização do primeiro Festival Internacional de Música de Lisboa, em 1983; a criação do Jazz em Agosto, em 1984; e o início do Ciclo Grandes Orquestras Mundiais, em 1988.
A Orquestra Gulbenkian realizou várias digressões na Europa, em África, na Ásia e nas Américas e o Coro Gulbenkian comemorou 25 anos, com a apresentação do Requiem, de Mozart, dirigido por Michel Corboz.
O Ballet Gulbenkian, para além das regulares apresentações e coreografias realizadas em Portugal, efetuou digressões à Républica Federal da Alemanha e a França.
Em 1987, os Encontros ACARTE trazem a Lisboa grandes criadores do espetáculo contemporâneo, como o grupo Rosas Danst Rosas, da coreógrafa Anne Teresa de Keersmaeker, La Fura dels Bau, Pina Bausch, Robert Wilson entre outos.
O Instituto Gulbenkian de Ciência transforma-se, em 1985, num instituto exclusivamente dedicado à investigação e à formação pós-graduada no campo da Biologia.
As Bibliotecas Itinerantes continuam a servir milhões de leitores em milhares de povoações, garantindo o acesso generalizado e gratuito à leitura.
Em Paris, o Centro Cultural Português realizou inúmeras exposições, colóquios, mesas redondas e concertos. Foi criado, em 1985, o Centro de Estudos Portugueses, na École des Hautes Études en Sciences Sociales.
Em Portugal foram concedidos muitos e diferentes apoios, de entre os quais se destacam os subsídios atribuídos para construção do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge e para o arranque da obra da Torre do Tombo, em Lisboa, que viria a ser inaugurada em 1992.
Nos PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa) e em Timor-Leste foram atribuídas centenas de bolsas para estudantes universitários graduados e pós-graduados, bem como subsídios para a formação e especialização de profissionais, e apoios à instalação de unidades em serviços hospitalares em Moçambique, Cabo Verde e Guiné-Bissau.
A Fundação prestou auxílio à República da Arménia, na sequência do terramoto que, em 1988, devastou quase totalmente a cidade de Spitak, no Norte daquele país, apoio esse que se prolongou até 1994.
1990 – 1999
Nesta década, deve especialmente salientar-se a morte de José de Azeredo Perdigão, em 1993, cujo nome ficou desde então formalmente associado ao Centro de Arte Moderna – José de Azeredo Perdigão (CAM-JAP). Já em 1997, por ocasião das comemorações do centenário do seu nascimento, foi instalado no jardim da Fundação um monumento em sua homenagem, da autoria de Pedro Cabrita Reis.
Durante estes anos, a Fundação acentuou a sua participação no movimento fundacional nacional e internacional, nomeadamente com a constituição, em 1993, em conjunto com a Fundação Oriente e a Fundação Engenheiro António de Almeida, do Centro Português de Fundações, e com a adesão, em 1996, ao Centro Europeu de Fundações.
Em 1992 conclui-se o processo de integração das Bibliotecas Itinerantes nas Bibliotecas Públicas dos Municípios. Em 1995, depois de um processo de remodelação e reorganização, reabre ao público a Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian. Em 1998, o Instituto Gulbenkian de Ciência assume um novo modelo, sob a direção de António Coutinho, afirmando-se como instituição incubadora (host-institution) de líderes científicos em investigação biomédica.
A Orquestra Gulbenkian estreia novas programações em Portugal e participa em diversos espetáculos e festivais, no estrangeiro, como por exemplo no festival da Europália, na Bélgica, em 1991, ou no festival Renânia do Norte, em Westfália, em 1993. O Coro Gulbenkian inicia um conjunto de digressões, que se prolongará até 2005, em conjunto com a Orquestra do Século XVIII, sob direção de Frans Bruggen, atuando em algumas das mais prestigiadas salas da Europa e do Japão.
Das várias conferências realizadas deve salientar-se o ciclo de conferências internacionais sobre a Europa, nas suas vertentes histórica, política, social e cultural, que entre 1996 e 1998 trouxe à sede da Fundação, em Lisboa, personalidades como Edgar Morin, Jacques Delors, António Tabucchi, Gore Vidal, Ilya Prigogine, entre outros. Em 1998 realizou-se na Sorbonne, em França, por ocasião dos 500 anos da chegada portuguesa à Índia, uma grande conferência e exposição internacional intitulada Vasco da Gama e a Índia.
No que diz respeito a exposições, podem destacar-se a exposição de Pedro Cabrita Reis, Contra a Claridade, em 1994, em Lisboa, e a exposição Only the Best: Masterpieces of the Calouste Gulbenkian Museum, Lisbon, apresentada em 1999 no Metropolitan Museum of Art, de Nova Iorque.
Devem referir-se ainda os inúmeros apoios concedidos pela Fundação, tanto em Portugal (como, por exemplo, para a instalação de equipamentos em diversos hospitais do país, ou a recuperação do órgão da Capela da Universidade de Coimbra), como nos PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa) e em Timor-Leste, nomeadamente nas áreas da educação (por exemplo, com a construção de residências para estudantes) e da saúde (por exemplo, com a instalação de equipamentos em vários hospitais, ou com a construção da Escola de Enfermagem Victor de Sá Machado, em São Tomé).
Para além da atribuição anual de bolsas a estudantes da diáspora arménia e do apoio a instituições educativas e culturais arménias no Médio Oriente, a Fundação apoiou e contribuiu para inúmeras obras e atividades no resto do mundo, como por exemplo, o restauro de documentos e livros antigos da Biblioteca Ets Haim, da Sinagoga Portuguesa de Amsterdão; o restauro de uma pintura mural em São Luís do Maranhão, no Brasil; a conclusão da obra de restauro da Torre de Menagem da Fortaleza de Arzila, em Marrocos; e os auxílios financeiros de emergência concedidos ao Kosovo e a Timor-Leste.
2000 – 2009
A década de 2000-2009 iniciou-se com a renovação do edifício-sede da Fundação, com projeto inicial de Daciano da Costa, a que se seguiu a remodelação do jardim, com projeto de Gonçalo Ribeiro Telles, e a renovação das áreas administrativas, com projeto de Jorge Spencer. Foi também adquirida uma parcela de terreno que permitiu alargar o jardim até ao seu limite atual, junto à Rua Marquês da Fronteira.
Em 2005, Mikhael Essayan passa à situação de reforma, mantendo-se como presidente honorário da Fundação. O seu filho, Martin Essayan, é cooptado para o Conselho de Administração em representação dos descendentes do fundador.
Começa um novo ciclo de concertos dedicados a jovens intérpretes portugueses, e realiza-se a 25.ª Edição do festival Jazz em Agosto. Apoia-se também a criação da Orquestra Geração, projeto inovador que promove, através da música, a inserção social de crianças e jovens provenientes de meios sociais desfavorecidos. Fora de portas, a Orquestra Gulbenkian apresenta-se em algumas das mais importantes salas de concerto europeias, como é o caso da Philharmonie de Berlim e do Royal Concertgebouw Orchestra, de Amsterdão.
Na sede da Fundação, em Lisboa, realizou-se, entre 2000 e 2002, o ciclo de conferências internacionais sobre globalização, com a presença de, entre outros, Carl Bildt, Frederik de Klerk, Mario Vargas Llosa e Sydney Brenner. Em 2003, o ciclo de conferências sobre conflito e cooperação nas relações internacionais, em 2007, uma grande conferência sobre a contribuição do microcrédito para a paz, com a presença de Muhammad Yunus, e o ciclo Nobel, com a presença de quatro premiados em medicina.
Na Delegação da Fundação em França realizou-se, em 2009, um ciclo de conferências europeias em que participaram, entre outros, Jorge Sampaio, Jacques Delors e Hubert Védrine.
Diversas exposições tiveram lugar nesta década: Daciano da Costa, Designer, assinalando a reabertura do Museu Calouste Gulbenkian; em 2006, Amadeo de Souza-Cardoso: Diálogo de Vanguardas; InGenuidades. Fotografia e Engenharia, 1846-2006, que seria depois exibida no Bozar, em Bruxelas; em 2008, O gosto à grega: Nascimento do neoclassicismo em França, em parceria com o Museu do Louvre e o Património Nacional de Espanha.
Nos PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa) e em Timor-Leste foram também concedidos inúmeros apoios, de entre os quais se destaca o lançamento do projeto CISA – Centro de Investigação em Saúde de Angola, em 2007, em parceria com o Ministério de Saúde de Angola e o Camões, Instituto da Cooperação e da Língua.
A Fundação apoiou a realização de inúmeros projetos e obras no resto do mundo, como é o caso da inauguração do Museu Indo-Português em Cochim, na Índia; da renovação da Biblioteca Calouste Gulbenkian em Jerusalém; do restauro da capela do Hospital e do Panteão Surp Pirgiç, em Istambul, onde se encontra o jazigo da família Gulbenkian; e do restauro dos azulejos do século XVIII da igreja da Santa Casa da Misericórdia da Baía, em Salvador, no Brasil, entre outros.
Foram atribuídos apoios de emergência às vítimas do tsunami que afetou o Sudeste Asiático; às vítimas do terramoto de Caxemira, em parceria com a Fundação Aga Khan; e aos refugiados de Timor-Leste.
2010 – 2019
Em 2012, Rui Vilar, que finda o segundo mandato, é substituído por Artur Santos Silva; segue-se, em 2017, Isabel Mota, a primeira mulher a ocupar este cargo.
De salientar os diferentes projetos, em colaboração ou de iniciativa própria, levados a efeito, com o objetivo de interpelar a sociedade e, eventualmente, dar respostas em diversos domínios. Como exemplo, salientamos, no âmbito das crianças e jovens, o apoio à criação da Academia Ubuntu, projeto para o desenvolvimento de lideranças jovens de base comunitária; Opus Tutti: Práticas Artísticas na Criação de Raízes Sociais e Educativas, dirigido à primeira infância (0-3anos); projeto 10×10 que procura formas dinâmicas de cruzamento entre arte e ensino, nas áreas das ciências e Humanidades; iniciativa Hack For Good, encontro internacional de jovens para promoção de soluções tecnológicas para problemas sociais. A iniciativa Partis — agora denominada Partis & Art for Change em resultado da parceria com a Fundação “la Caixa” — afirmou-se como a maior iniciativa de promoção da inclusão através das práticas artísticas em Portugal.
Nas Delegações do Reino Unido e em França, há que destacar as iniciativas Civic Role of the Arts Organizations e, mais recentemente, um projeto, em Paris, em parceria com a Fundação Rothschild, que iniciará experiências-piloto.
Na área da saúde, destacamos o projeto Cuidar de quem Cuida, em parceria com cinco municípios da Região de entre Douro e Minho; apoio a Unidades Domiciliárias de Cuidados Paliativos, em colaboração com diversas autarquias; relatório Um Futuro para a Saúde – todos temos um papel a desempenhar, lançado em 2013 e discutido na Assembleia da República em 2015; e o desafio Gulbenkian Stop Infeção Hospitalar.
No apoio aos PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa), de salientar a iniciativa “Mais Valia”, bolsa de voluntariado qualificado, de pessoas com idade superior a 55 anos para apoio ao desenvolvimento de projetos nos PALOP. Continuaram a ser distribuídas bolsas de estudo, nomeadamente em artes, música e ciências. Foi dada especial atenção ao apoio a uma educação de melhor qualidade em Matemática e à formação avançada para médicos e anestesistas guineenses.
Em 2010, os edifícios da Sede e do Museu, e o Jardim da Fundação são classificados como “Monumento Nacional”, primeira obra contemporânea s ser considerada património em Portugal.
Procede-se à publicação de Património Histórico de Origem Portuguesa no Mundo: Arquitetura e Urbanismo, com coordenação de José Matoso. Esta é uma obra digitalizada e em constante atualização, tendo sido também editada em 4 volumes.
Teve lugar um ciclo de Grandes Conferência, dedicado a temas mundiais.
Foram variadas e de grande qualidade as exposições que tiveram lugar na Fundação durante estes anos. A título de exemplo, Fernando Pessoa, Plural como o Universo, concebida pelo Museu da Língua Portuguesa e pela Fundação Roberto Marinho; As Idades do Mar; Sob o Signo de Amadeo. Um Século de Arte, para comemorar os 30 anos do CAM; 360º-Ciência Descoberta, que evidencia o caráter precursor de portugueses e espanhóis na ciência do sec. XVIII; Art on Display, que assinala os 50 anos do Museu Gulbenkian, entre outras.
Em Paris, no Grand Palais, em 2016, teve lugar a exposição Amadeo de Souza-Cardoso; na Delegação em França, Rui Chafes e Alberto Giacometti, Gris, Vide, Cris, em 2018.
Criado, em 2012, o Prémio Calouste Gulbenkian é substituído, em 2019, pelo Prémio Gulbenkian para a Humanidade, no valor de 1 milhão de euros, que incide sobre questões relacionadas com as alterações climáticas.
Entre 2013 e 2014 procedeu-se à renovação do Grande Auditório, com projeto da Arquitecta Teresa Nunes da Ponte.
Em 2014 teve lugar o primeiro concerto participativo com a obra Carmina Burana, de Carl Orff, que deu ao público a oportunidade de participar na interpretação da obra juntamente coma Orquestra e o coro Gulbenkian.
Em 2019 várias iniciativas celebraram o 150º aniversário do nascimento de Calouste Sarkis Gulbenkian. Salientamos o lançamento da obra da autoria de Jonathan Conlin, O Homem mais Rico do Mundo. As muitas Vidas de Calouste Gulbenkian.
Em 2019, a Fundação vendeu a Partex Oil and Gas Corporation, opção de grande alcance, em tempos de transição energética e de sustentabilidade.
Em 2019 foi escolhido o Arquiteto japonês Kengo Kuma para a renovação do edifício do CAM, e o paisagista Vladimir Djurovic para o alargamento, a sul, do Jardim Gulbenkian.
2020 – 2022
Com a declaração do 1.º Estado de Emergência em Portugal, em março de 2020, em decorrência da pandemia, o Conselho de Administração da Fundação aprovou a criação do Fundo Gulbenkian de Emergência Covid-19. Com um montante de cerca de 6,3 milhões de euros, o Fundo pretendeu contribuir para reforçar a resiliência da sociedade portuguesa nos principais domínios de intervenção da Fundação.
Os apoios atribuídos por este Fundo destinaram-se às áreas da saúde, ciência, sociedade civil, educação, cultura e cooperação internacional. Para a gestão do “Fundo de Emergência” foi criada uma task-force interna que, entre 23 de março e o final de abril, assegurou a implementação das diferentes iniciativas e o pagamento dos diversos apoios aos beneficiários.
Todos os Serviços da Fundação estiveram encerrados desde março de 2020 até abril de 2021, data em que reabriu o Grande Auditório para um concerto da Orquestra Gulbenkian. Enquanto a Fundação estava encerrada ao público, optou-se por alternativas digitais que possibilitaram acessos virtuais a equipamentos da Fundação.
Na atividade do Instituto Gulbenkian de Ciência destaca-se, em 2021, o estudo das doenças infeciosas, e a COVID-19 em especial, com uma fatia considerável do investimento em investigação científica.
O Prémio Gulbenkian para a Humanidade foi atribuído pela primeira vez, em 2020, à jovem ativista sueca Greta Thunberg, que decidiu distribuir o montante por vários projetos ambientais e humanitários.
A Fundação tem atuado no sentido de diminuir as desigualdades de acesso dos criadores artísticos dos PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa), a oportunidades internacionais, nomeadamente através do apoio a quatro residências artísticas de âmbito internacional, nas áreas das artes visuais e da dança, selecionadas através de concurso.
Em 2021, apuraram-se os resultados preliminares da avaliação externa das “Academias Gulbenkian do Conhecimento”, projeto iniciado em 2018, que apontam para um aumento significativo no nível de competências nos participantes.
Em 2021, foi dada continuidade online a grande parte dos programas educativos vocacionados para a aprendizagem da língua arménia.
No decurso destes dois anos várias exposições tiveram lugar: Tudo o que Eu Quero – Artistas Portuguesas de 1900 a 2020 (Tout ce que Je Veux – Artistes Portugaises de 1900 à 2020) concebida para a Presidência Portuguesa da União Europeia em 2021; Morder o Pó, de Fernão Cruz, primeira exposição individual em contexto institucional de um artista muito jovem; Visões de Dante. O Inferno segundo Botticelli A propósito das comemorações dos 700 anos da morte de Dante Alighieri (1265-1321); Hergé , organizada em colaboração com o Museu Hergé de Louvain-la-Neuve; Europa Oxalá, que reuniu 60 obras de 21 artistas com origens nas antigas colónias em África; Révolutions Xenakis, em parceria com a Philharmonie de Paris. Complementarmente, a Biblioteca de Arte organizou a exposição e Faraós Superstars, uma iniciativa do Mucem–Musée des civilisations de l’Europe et de la Méditerranée, em colaboração com o Museu Gulbenkian.
A Biblioteca de Arte organizou as exposições Xenakis e a Fundação Calouste Gulbenkian e Calouste Gulbenkian e o Egito, como complemento às exposições com a mesma temática.
A Orquestra Gulbenkian assinalou o seu 60.º aniversário, em outubro 2022, com concertos em Munique, Colónia (Alemanha) e Viena (Áustria), com o Coro Gulbenkian.
O Jardim de Verão, foi considerado, pela revista Time Out, o acontecimento do ano 2022. A sua programação transdisciplinar e eclética conseguiu explorar alguns dos caminhos abertos pela exposição Europa Oxalá, então patente na Galeria Principal da Fundação.
A Fundação encomendou, ao Instituto de Ciências Sociais, o estudo Inquérito às Práticas Culturais dos Portugueses. Inédito em Portugal e realizado entre 2019 e 2020, tem, como objetivo primordial, retratar a diversidade das práticas culturais em Portugal.
O documentário realizado por Marco Martins a convite da Fundação, Um Corpo que Dança: Ballet Gulbenkian 1965-2005, recolheu as melhores críticas da crítica e do público.
Em maio de 2022, António Feijó tomou posse do lugar de Presidente da Fundação. O Presidente procedeu, entre maio e dezembro de 2022 a uma profunda e participada reflexão sobre a estratégia da Fundação com vista à definição do programa estratégico para o ciclo 2023-2027.