Verdi: Requiem
Coro e Orquestra Gulbenkian / Lorenzo Viotti
A morte de Alessandro Manzoni, a 22 de maio de 1873, foi um acontecimento transcendente para a jovem Itália. Poeta e novelista, símbolo nuclear do Risorgimento, o movimento político e social que havia conduzido à unificação da península itálica num só estado, Manzoni era considerado, unanimemente, o pai da moderna língua italiana e a reserva moral da nação. No dia imediato à morte de Manzoni, Giuseppe Verdi (1813-1901) escrevia ao editor Tito Ricordi que era seu desejo promover algo em memória do poeta. A proposta não tardou a chegar às mãos do Presidente da Câmara de Milão, Giulio Belinzaghi, que aceitou os termos do compositor: um Requiem, a ser estreado no primeiro aniversário da morte de Manzoni. As despesas de execução correriam pelo município milanês e Verdi asseguraria o pagamento da impressão das partituras, dos músicos envolvidos, bem como a direção musical.
O compositor foi célere na escrita, e a 10 de abril do ano seguinte enviou o manuscrito final a Ricordi. Contudo, dada a insistência de Verdi para que a homenagem decorresse numa igreja, começaram a surgir entraves à concretização do projeto. Era necessário que o Arcebispo de Milão autorizasse, a título excecional, o uso de vozes femininas e aceitasse o texto padrão do rito romano da Missa de Defuntos, ao invés do rito ambrosiano, prerrogativa da arquidiocese milanesa. As dispensas foram dadas, mas com a obrigação de todas as cantoras se apresentarem vestidas de preto e de cabeça coberta com um véu. A 22 de maio de 1874, estreava na igreja de São Marcos a Messa da Requiem per l’anniversario della morte de Manzoni, com efetivos musicais generosos, um coro de 120 vozes, uma orquestra de 100 instrumentistas e os solistas Teresa Stolz (soprano), Maria Waldmann (mezzo), Giuseppe Capponi (tenor) e Ormondo Maini (baixo).
Obra maior do repertório coral do séc. XIX, o Requiem de Verdi representa a libertação dos constrangimentos do género, alcançando uma liberdade e flexibilidade musicais que dificultam a sua caracterização ou, pelo menos, categorização. Principia com um murmúrio, numa atmosfera emocional de profundo desalento. A secção central, Te decet hymnus, contrasta pela rigidez vocal, num tecido contrapontístico estrito. O ambiente inicial é retomado, desembocando no Kyrie, primeira manifestação de um registo teatral assumido. A frase melódica ascendente de contorno virtuosístico percorre os solistas, aos quais se junta o coro nas sucessivas invocações.
O Dies irae começa com uma massa instrumental tempestuosa, a que se sobrepõe o coro, proclamando o texto de forma incisiva e cromática, numa ilustração sonora impressionante. O sussurro pianíssimo nas palavras Quantus tremor extingue-se no preciso momento em que soa uma longa fanfarra, num crescendo telúrico, metáfora da trombeta do Juízo Final, Tuba mirum, sobreposta pelas entradas sucessivas do coro até uma suspensão apoteótica. Um curtíssimo recitativo do baixo solista, Mors stupebit, dá lugar a uma das passagens mais líricas de toda a obra, Liber Scriptus.
Repetindo o que parece ser uma constante neste Requiem, o contraste permanente entre luz e sombra, dramatismo e lirismo, o elegante solo de fagote que acompanha o contido, mas suplicante trio, Quid sum miser, é sucedido pelo opressivo Rex tremendae. A prece “Salva me” coroa o andamento com uma vaga luz de redenção. Segue-se o dueto Recordare, de um intimismo comovente. A serenidade da secção seguinte, Ingemisco, caminha a passos curtos para uma das passagens mais exigentes do ponto de vista vocal, verdadeiro tour de force para o tenor solista. O baixo proclama severamente “Confutatis maledictis”, num registo musical de grande teatralidade.
A inesperada reexposição do Dies irae contraria o texto canónico, algo que Verdi faz ao longo de toda a obra, ao recuperar palavras de forma a enfatizar musicalmente determinado ambiente. A Sequentia termina com o Lacrimosa. Ainda que compassadamente dolente, é trespassado por um ténue sentimento de esperança e por uma modulação surpreendente na palavra Amen.
Contrariando, de novo, o expectável, Verdi entrega a totalidade do Offertorium ao quarteto solista, numa sucessão de texturas musicais, cabendo ao tenor o momento de maior lirismo, com a introdução do Hostias.
O Sanctus começa com uma fanfarra esfuziante, em que as três invocações canónicas correspondem a uma gradação harmónica de grande efeito. A dupla fuga que se segue assenta num intricado jogo contrapontístico de motivos melódicos ascendentes. Por oposição, o Agnus Dei mantém-se sombrio. Soprano e mezzo entoam uma melodia de contorno austero, duas frases simétricas, próxima de uma cantilena. A melodia é repetida, ora pelos solistas, ora pelo coro, como uma ladainha, oscilando entre o modo maior e o modo menor. Inesperadamente, o panejamento orquestral vai, gradualmente, sendo enriquecido, em constantes oscilações tímbricas, conferindo uma riqueza sonora de grande efeito.
O trio Lux aeterna contrapõe a luminosidade etérea das frases do mezzo e do tenor, Lux aeterna, com a linha escura do baixo, enfaticamente percutida, Requiem. Na gradação de intensidade que percorre todo o andamento, o trio termina com um arabesco celestial da flauta e do flautim, quiçá o confronto da finitude com a imortalidade.
O andamento final, Libera me, foi, na realidade, o ponto de partida de toda a composição. Escrito, na sua versão original em 1868, correspondia ao contributo de Verdi para um projeto que não chegou a bom porto, uma Messa da Requiem per Rossini, obra de composição coletiva, reunindo os doze compositores italianos em atividade mais conceituados, cabendo a cada um deles uma secção, segundo um plano formal e tonal pré-estabelecido. Apesar de revisto em 1874, as ideias essenciais do Introitus e do Dies irae, estavam já aí delineadas de forma concisa. Diálogo entre o soprano, o coro e a orquestra, o Libera me é, por si, um verdadeiro monumento de intensidade dramática, de profundo impacto emocional, testemunhando o medo, a absolvição, a paz e a incerteza, um mundo tão humano quanto divino.
Intérpretes
- Maestro
- Soprano
- Meio-Soprano
- Tenor
- Baixo
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Coro Gulbenkian
Fundado em 1964, o Coro Gulbenkian conta presentemente com uma formação sinfónica de cerca de cem cantores. Pode atuar em grupos vocais mais reduzidos, apresentando-se tanto a cappella como em colaboração com a Orquestra Gulbenkian ou com outros agrupamentos para a interpretação das grandes obras. No domínio da música contemporânea, tem apresentado, frequentemente em estreia absoluta, inúmeras obras de compositores portugueses e estrangeiros. Tem colaborado regularmente com prestigiadas orquestras, entre as quais a Philharmonia Orchestra de Londres, a Freiburg Barockorchester, a Orquestra do Século XVIII, a Filarmónica de Berlim, a Sinfónica de Baden‑Baden, a Sinfónica de Viena, a Orquestra do Real Concertgebouw de Amesterdão, a Orquestra Nacional de Lyon ou a Orquestra de Paris.
O Coro Gulbenkian participou em importantes festivais internacionais, tais como: Festival Eurotop (Amesterdão), Festival Veneto (Pádua e Verona), City of London Festival, Hong Kong Arts Festival, Festival Internacional de Música de Macau, ou Festival d’Aix-en-Provence.
A discografia do Coro Gulbenkian está representada nas editoras Philips, Archiv / Deutsche Grammophon, Erato, Cascavelle, Musifrance, FNAC‑Music e Aria‑Music, tendo ao longo dos anos registado um repertório diversificado, com particular incidência na música portuguesa dos séculos XVI a XX. Algumas destas gravações receberam prestigiados prémios internacionais. Entre 1969 e 2020, Michel Corboz foi o Maestro Titular do Coro. Desde 2024, Inês Tavares Lopes é Maestra Adjunta e Jorge Matta consultor artístico.
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Orquestra Gulbenkian
Em 1962 a Fundação Calouste Gulbenkian decidiu estabelecer um agrupamento orquestral permanente. No início constituído apenas por doze elementos, foi originalmente designado por Orquestra de Câmara Gulbenkian. Ao longo de sessenta anos de atividade, a Orquestra Gulbenkian (denominação adotada desde 1971) foi sendo progressivamente alargada, contando hoje com um efetivo de cerca de sessenta instrumentistas, que pode ser expandido de acordo com as exigências de cada programa. Esta constituição permite à Orquestra Gulbenkian interpretar um amplo repertório, do Barroco até à música contemporânea. Obras pertencentes ao repertório corrente das grandes formações sinfónicas podem também ser interpretadas pela Orquestra Gulbenkian em versões mais próximas dos efetivos orquestrais para que foram originalmente concebidas, no que respeita ao equilíbrio da respetiva arquitetura sonora.
Em cada temporada, a Orquestra Gulbenkian realiza uma série regular de concertos no Grande Auditório, em Lisboa, em cujo âmbito colabora com os maiores nomes do mundo da música, nomeadamente maestros e solistas. Atua também com regularidade noutros palcos nacionais, cumprindo desta forma uma significativa função descentralizadora. No plano internacional, a Orquestra Gulbenkian foi ampliando gradualmente a sua atividade, tendo efetuado digressões na Europa, na Ásia, em África e nas Américas. No plano discográfico, o nome da Orquestra Gulbenkian encontra-se associado às editoras Philips, Deutsche Grammophon, Hyperion, Teldec, Erato, Adès, Nimbus, Lyrinx, Naïve e Pentatone, entre outras, tendo esta sua atividade sido distinguida, desde muito cedo, com diversos prémios internacionais de grande prestígio. O finlandês Hannu Lintu é o Maestro Titular da Orquestra Gulbenkian, sucedendo a Lorenzo Viotti.
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Lorenzo Viotti
Maestro Convidado Principal
Na quarta temporada como Maestro Principal da Orquestra Filarmónica e da Ópera Nacional dos Países Baixos, Lorenzo Viotti dirige O Morcego de Johann Strauss e uma nova produção de Peter Grimes de Britten. Dando também continuidade à sua relação profissional com a Ópera de Zurique com uma nova produção de A Cidade Morta de Korngold. Para além dos concertos regulares e digressões com a Filarmónica dos Países Baixos, regressa aos EUA para a suas estreias com a Filarmónica de Los Angeles e com a Sinfónica de Pittsburgh. Na Europa, dirige a Filarmonica della Scala, a Orchestra dell’Accademia Nazionale di Santa Cecilia, a Gürzenich Orchestra e a Orchester der Deutschen Oper Berlin. Estreia-se à frente da Orchestre de la Suisse Romande e conclui a temporada com a Sinfónica de Viena.
Na qualidade de maestro convidado, Lorenzo Viotti trabalhou com muitas das principais orquestras mundiais, incluindo as Filarmónicas de Viena, Berlim e Munique, a Orquestra do Real Concertgebouw de Amesterdão, a Sächsische Staatskapelle Dresden, a Orquestra do Gewandhaus de Leipzig, a Orquestra de Cleveland, a Royal Philharmonic, a Orquestra Estadual de Berlim ou a Sinfónica de Tóquio.
Natural de Lausanne, na Suíça, Lorenzo Viotti nasceu no seio de uma família de músicos de ascendência italiana e francesa. Estudou piano, canto e percussão em Lyon, tendo inicialmente sido percussionista da Filarmónica de Viena. Paralelamente estudou direção de orquestra com Georg Mark, em Viena, e com Nicolás Pasquet, no Conservatório Franz Liszt, em Weimar. No início da sua carreira venceu prestigiosos concursos de direção, incluindo o Concurso Internacional de Cadaqués, o Concurso de Direção MDR (2013) e o Nestlé and Salzburg Festival Young Conductors Award (2015). Em 2017 recebeu o International Opera Newcomer Award nos International Opera Awards, em Londres. Foi Maestro Titular da Orquestra Gulbenkian entre 2018 e 2021, sendo atualmente Maestro Convidado Principal.
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Adriana González
Soprano
Primeiro Prémio e Prémio Zarzuela do Concurso Operalia 2019, Adriana González é uma das mais promissoras cantoras da sua geração. Nasceu na Guatemala em 1991 e, pouco depois de terminar o secundário, em 2008, iniciou os seus estudos com Barbara Bickford. Um ano depois ganhou o New Upcoming Artist Award, atribuído pela Hemeroteca Nacional da Guatemala.
Adriana González diplomou-se pela Universidad del Valle de Guatemala em 2012, ano em que foi descoberta pelo compositor, maestro e pianista basco Iñaki Encina Oyón durante uma digressão ao Chipre com o World Youth Choir. Oyón convidou-a então a atuar em Paris no ano seguinte. Como membro do Atelier Lyrique da Ópera Nacional de Paris, cantou Zerlina (Don Giovanni), em Paris-Bobigny, e Despina (Così fan tutte), em Paris-Créteil. Depois de completar o programa do Atelier Lyrique, ganhou o Prix Lyrique du Cercle Carpeaux 2017.
Durante os anos em Paris, Adriana González ganhou vários prémios em concursos internacionais: 3.º Prémio no Concurso Internacional de Canto Veronica Dunne (Irlanda), 1.º Prémio no Concurso de Canto Otto Edelmann (Viena), 2.º Prémio e Prémio do Público no Concurso Internacional de Canto Francisco Viñas (Barcelona), Prémio do Teatro Real de Madrid, Prémio da Associação dos Amigos da Ópera de Sabadell, e Prémio Opern Werkstatt.
De 2017 a 2018, Adriana González integrou o International Opernstudio da Ópera de Zurique, tendo interpretado a 1.ª Donzela Flor (Parsifal) e Serpetta (La finta giardiniera). Em seguida, cantou Pamina (A Flauta Mágica), no Festival de Gars; Corinna (Il viaggio a Reims), no Gran Teatro del Liceu de Barcelona; Sapho e Iphise (Les fêtes d'Hébé), na Ópera da Bastilha (Paris) e na Royal Academy of Music (Londres); Lia (L'Enfant prodigue de Debussy), num concerto na Ópera de Nancy; Micaela (Carmen), no Grand Théâtre de Genève; Giannetta (L ' elisir d'amore), na Ópera Nacional de Paris e no Teatro Real de Madrid; Liù (Turandot), na Ópera de Toulon; e Condessa Almaviva (As bodas de Figaro), na Ópera Nacional da Lorena e na Ópera de Frankfurt.
A primeira gravação de Adriana González, dedicada às canções de Robert Dussaut e Hélène Covatti, com Iñaki Encina Oyón ao piano (Audax Records, 2020), foi muito bem recebida pela crítica, distinguida com o Preisder deutschen Schallplattenkritik e selecionada pelo Le Monde como uma das gravações mais valiosas da temporada. Entretanto, González e Encina continuam a trabalhar juntos o repertorio da canção de câmara, com um foco particular na atividade de redescoberta e divulgação de música de compositores esquecidos. Apresentaram-se no Festival LIFE Victoria de Barcelona, na Ópera de Lille, na Ópera de Dijon e no Teatro de la Zarzuela, em Madrid.
Adriana González continua a enriquecer o seu repertório de ópera, trabalhando intensamente com Michelle Wegwart e Hedwig Fassbender, com o maestro Iñaki Encina Oyón e com os pianistas Alfredo Abbati e Margaret Singer.
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Marina Viotti
Meio-Soprano
Em abril de 2019, Marina Viotti recebeu o Mazarts Young Singer Award nos prestigiosos Opera Awards, em Londres. Em 2016 foi terceira classificada no Concurso de Genebra, em 2015 recebeu o International Belcanto Prize, no Festival Rossini de Wildbad, e em 2014 o 1.º Prémio no Concurso Internacional de Mâcon, em França.
Antes de iniciar a sua formação vocal, Marina Viotti estudou flauta e diplomou-se em Filosofia e Literatura. Foi aluna de Heidi Brunner em Viena e de Brigitte Balleys na Universidade de Música de Lausanne, tendo concluído os seus estudos de canto com o diploma de solista. Atualmente estuda Belcanto com Raul Gimenez.
No domínio das récitas de ópera, Marina Viotti teve as suas primeiras experiências na Ópera de Lausanne, no Teatro de Lucerna e no Grand Théâtre de Genève. Em 2015 estreou-se no papel de Isabella, em L'italiana in Algeri, no Festival Rossini de Bad Wildbad. Como solista de concerto, o seu repertório inclui, entre outras obras: As Sete Últimas Palavras de Cristo na Cruz de J. Haydn, Missa em Ré maior e Nona Sinfonia de Beethoven, Kindertotenlieder de Mahler, Der Rose Pilgerfahrt de Schumann, Petite messe solennelle de Rossini, Requiem de Verdi, El Amor Brujo de Manuel De Falla e Poème de l'amour et de la mer de Chausson.
Marina Viotti iniciou a temporada 2019-2020 com uma estreia na Ópera da Baviera, no papel de Maddalena, em Rigoletto de Verdi, seguindo-se o Scala de Milão, como Stéphano, em Romeu e Julieta de Gounod. Outros destaques incluem Rosina (O barbeiro de Sevilha), na Semperoper Dresden, e Melibea (Il viaggio a Reims), em Valência. Na temporada 2020/21, estreou-se na Ópera de Bilbau (Il turco in Italia) e no Teatro Boshoi de Moscovo. Regressou ao Teatro del Liceu de Barcelona (Os contos de Hoffmann) e apresentou-se no Musical Olympus Festival, em São Petersburgo. Na Ópera de Estrasburgo estreou-se no papel de Bradamante, numa versão de concerto de Alcina de Händel. Na presente temporada, apresentou-se pela primeira vez na Ópera de Berlim, como Dorabella em Così fan tutte, sob a direção de Daniel Barenboim.
Marina Viotti é uma convidada regular de festivais como o Lavaux Classics, o Solothurn Classics ou o Label Suisse. Destaque também para os seus programas de recital: "Love has no borders", "De Bach à Piaf, chansons d'amour" e “Porque existe outro querer”.
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Joshua Guerrero
Tenor
O tenor norte-americano Joshua Guerrero diplomou-se pela Universidade da Califórnia, em Los Angeles, e aperfeiçoou a sua arte com Vladimir Chernov, na Áustria. A partir de Los Angeles, iniciou a sua carreira profissional na América do Norte, destacando-se em interpretações como Alfredo (La traviata), na Ópera Nacional de Washington; Arcadio, em Florencia en el Amazonas, de Daniel Catán, na sua primeira atuação na Grande Ópera de Houston; Duque de Mântua (Rigoletto) e Rodolfo (La bohème), com a Companhia de Ópera Canadiana; Edgardo (Lucia di Lammermoor), na Grande Ópera da Florida; Macduff (Macbeth), na Ópera de Los Angeles; e Romeu (Romeu e Julieta), na Ópera de Santa Fe. Na sua estreia europeia interpretou o papel de Gabriele Adorno (Simon Boccanegra), na Ópera Nacional de Bordéus. Ainda na Europa, viria a apresentar-se como Macduff (Macbeth), na produção de Barrie Kosky para a Ópera de Zurique; Pinkerton (Madama Butterfly), no Festival de Glyndebourne; e Nemorino (L’elisir d’amore) no Teatro de la Maestranza, em Sevilha. Na sua primeira apresentação em Londres, na Ópera Nacional Inglesa, interpretou de novo o Duque de Mântua na produção de Jonathan Miller do Rigoletto de Verdi. Participou também na gala de homenagem a Plácido Domingo no Festival de Salzburgo.
As atuações de Joshua Guerrero em concerto incluem, entre outras: a 9.ª Sinfonia de Beethoven, numa digressão europeia com o maestro Gustavo Dudamel e a Orquestra Sinfónica Simón Bolivar, e na sua estreia com a Sinfónica de Baltimore, sob a direção de Marin Alsop; A Criação, de J. Haydn, com G. Dudamel e a Filarmónica de Los Angeles; a Richard Tucker Music Foundation Gala, no Carnegie Hall; e um concerto de árias e duetos de ópera, com a soprano Joyce El-Khoury, na NDR Radiophilharmonie.
Como membro do Domingo-Colburn-Stein Young Artist Program, na Ópera de Los Angeles, as atuações de Joshua Guerrero incluíram os papéis de Normanno (Lucia di Lammermoor) e de Steve Hubbell, na produção de A Streetcar Named Desire, no Los Angeles Music Center - Dorothy Chandler Pavilion. No papel de Mensageiro, em Aida de Verdi, estreou-se no Festival de Ravinia, com a Sinfónica de Chicago e o maestro James Conlon.
Em 2014, Joshua Guerrero foi segundo classificado no concurso Plácido Domingo Operalia e em 2016 recebeu o Richard Tucker Career Grant da Richard Tucker Music Foundation. Em 2017 foi galardoado com um Grammy pela gravação (Pentatone) da Ópera de Los Angeles de The Ghosts of Versailles de John Corigliano (Melhor Gravação de Ópera).
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Mika Kares
Baixo
Depois de concluir os seus estudos na Academia Sibelius de Helsínquia, Mika Kares estreou-se no papel principal de As bodas de Figaro de Mozart, no Festival de Ópera de Savonlinna. Desde então, alargou consideravelmente o seu repertório, abrangendo todos os grandes compositores de ópera germânicos e italianos, bem como os mais importantes papéis da ópera russa e eslava. É um convidado regular das mais prestigiadas salas de concertos e festivais e trabalhou com maestros de renome como Riccardo Muti, Kent Nagano, Teodor Currentzis, Fabio Luisi, Marco Armiliato, Marc Minkowski, Alain Altinoglu, Thomas Hengelbrock, Zubin Mehta ou Nikolaus Harnoncourt.
Os destaques das mais recentes temporadas de ópera incluem: A Flauta Mágica (Sarastro), na Royal Opera House - Covent Garden; Don Giovanni (Comendador), na Lyric Opera de Chicago, na Ópera Nacional Neerlandesa e no Festival de Salzburgo; Simon Boccanegra (Jacopo Fiesco), na Ópera Nacional de Paris; Tristão e Isolda (Rei Marke), A Flauta Mágica (Sarastro), I masnadieri de Verdi (Massimiliano), Norma (Oroveso), Lucia di Lammermoor (Raimondo) e La Favorite (Balthazar), na Ópera Estadual da Baviera; Evgeni Onegin (Gremin), na Ópera de Viena; Tannhäuser (Hermann), na Ópera de Zurique; Nabucco (Zaccaria), na Deutsche Oper Berlin; Don Carlos (Grande Inquisidor), no Teatro Real de Madrid; Aida (Ramfis), no Théâtre Royal de La Monnaie; Anna Bolena (Henrique VIII), na Ópera de Lausanne; bem como Wotan, em O Ouro do Reno, na Ruhrtriennale.
Mika Kares é também muito solicitado como solista de concerto. Os destaque de atuações recentes incluem: uma versão de concerto de Adriana Lecouvreur, com Anna Netrebko e Marco Armiliato, no Festival de Salzburgo; a 9.ª Sinfonia de Beethoven, com a Sinfónica da Rádio de Frankfurt e a Filarmónica de Helsínquia, bem como nos BBC Proms, sob a direção de Sakari Oramo; o Requiem de Mozart, com a Sinfónica de Chicago e o maestro Riccardo Muti; o Requiem de Verdi e a Sinfonia n.º 14 de Chostakovitch, com a Filarmónica de Oslo; a Sinfonia n.º 8 de Mahler, com a Sinfónica da Rádio Finlandesa e Hannu Lintu; o Stabat Mater de Rossini, com Marcus Creeed, em Utrecht; bem como uma versão de concerto de O Castelo do Barba-Azul, com a Filarmónica de Helsínquia e Susanna Mälkki, atuação gravada em CD (BIS Records).
Ao longo da temporada 2021/22 participou em O Anjo de Fogo de Prokofiev, no Teatro Real de Madrid, em La forza del destino (Padre Guardiano e Marquês de Calatrava) e numa reposição de Tristão e Isolda, na Ópera da Baviera, e interpretou o papel principal de O Castelo do Barba-Azul, no Festival de Salzburgo. Outros compromissos levaram Mika Kares a Copenhaga para cantar o Requiem de Verdi, com Fabio Luisi e a Sinfónica Nacional Dinamarquesa, ao Luxemburgo para a Sinfonia n.º 14 de Chostakovitch, com Christoph Campestrini e os Solistes Européens, a Madrid para o Stabat Mater de Dvořák, com Christoph König e a Orquestra da RTVE, e a Berlim e Baden-Baden para Iolanta de Tchaikovsky, em concerto, com Kirill Petrenko e a Filarmónica de Berlim.
Programa
Giuseppe Verdi
Messa da Requiem
1. Introitus: Requiem aeternam – Kyrie
2. Sequentia: Dies irae
3. Offertorium: Domine Jesu Christe
4. Sanctus – Benedictus
5. Agnus Dei
6. Communio: Lux aeterna
7. Libera me