Guia essencial das andorinhas e andorinhões

As andorinhas e andorinhões são aves icónicas em Portugal e, para muitos, são os arautos da primavera. Saiba mais sobre estas aves, as migrações, os seus alimentos e como ajudar.
Wilder 09 mai 2024 5 min
Jardins para a vida silvestre

Quantas espécies existem no mundo?

São conhecidas 114 espécies de andorinhões, aves da ordem Apodiformes, à qual também pertencem os colibris. Quanto às andorinhas, estão descritas ligeiramente menos espécies, 93. Por incrível que pareça, estas pertencem a uma ordem diferente da dos andorinhões; fazem parte da ordem Passeriformes, tal como os melros e os chapins.

E em Portugal?

No nosso país, nomeadamente em Portugal continental, há cinco espécies de andorinhas: andorinha-das-chaminés (Hirundo rustica), andorinha-dáurica (Cecropis daurica), andorinha-dos-beirais (Delichon urbicum), andorinha-das-barreiras (Riparia riparia) e a andorinha-das-rochas (Ptyonoprogne rupestres).

Andorinha-dos-beirais (Delichon urbicum) ©Diogo Oliveira
Andorinha-das-chaminés (Hirundo rustica) © Diogo Oliveira

Quanto a andorinhões, há seis espécies: andorinhão-preto (Apus apus), andorinhão-pálido (Apus pallidus), andorinhão-real (Tachymarptis melba) – algumas autoridades taxonómicas consideram o nome científico Apus melba para esta espécie – , andorinhão-da-serra (Apus unicolor), andorinhão-cafre (Apus caffer) e andorinhão-pequeno (Apus affinis). Estes dois últimos são consideradas espécies raras em território nacional.

Andorinhão-preto (Apus apus) © Diogo Oliveira

Quais destas espécies podemos ver mais facilmente?

A andorinha-dos-beirais é a andorinha mais “urbana”, a que está mais presente em vilas e cidades portuguesas, onde é possível ver os seus ninhos feitos com lama e pequenas ervas junto aos beirais dos telhados. O mesmo acontece com o andorinhão-pálido e o andorinhão-preto, pois ambos aproveitam pequenas reentrâncias entre as telhas e junto a chaminés para nidificar.

As andorinhas e andorinhões são todos migradores?

Não. Há uma andorinha, a andorinha-das-rochas, que passa todo o ano em Portugal; é residente, ainda que se movimente por diversas regiões do nosso país durante o ano. Quanto ao andorinhão-da-serra, embora ainda pouco estudado considera-se que é parcialmente migratório, pois alguns mantêm-se nas suas colónias durante o inverno. As outras são espécies migradoras, viajando todos os anos entre a Europa e África.

Porque migram estas aves?

As andorinhas e os andorinhões migram para garantir disponibilidade de alimento, segundo o Andorin, projeto da Vita Nativa para a conservação destas aves em Portugal. “Nos meses mais frios e chuvosos procuram sítios mais quentes onde existam os insetos de que se alimentam.”

Quando chegam e quando partem?

Há registos de andorinhões a chegar em fevereiro e a partir em outubro; e registos de andorinhas-das-chaminés a chegar em janeiro, em especial no sul de Portugal. Na verdade, as andorinhas estão entre as primeiras aves migradoras a chegar ao nosso país, todos os anos, a par dos cucos-rabilongos e dos peneireiros-das-torres.

Quais as rotas migratórias conhecidas? Seguem todas as mesmas?

Estas aves não seguem as mesmas rotas mas dirigem-se em geral para a África subsaariana, explica Gonçalo Elias, responsável pelo portal Aves de Portugal. E se para algumas espécies de maior porte, como as aves de rapina e as cegonhas-brancas, já há bastante informação sobre as suas viagens, para aves mais pequenas ainda pouco se sabe. Isto porque é mais difícil colocar aparelhos de seguimento em aves mais pequenas. Ainda assim, há estudos feitos com andorinhões-pretos, nomeadamente com geoocalizadores, que permitiram saber que há andorinhões a viajar mais de 20.000 quilómetros, atravessando o deserto do Saara em direção aos Camarões e à República Democrática do Congo, por exemplo. Uma vez chegadas a África, estas aves não passam o inverno todo no mesmo local e deslocam-se à procura de alimento.

Que espécie pode ser encontrada em mais partes do mundo?

A pequena andorinha-das-chaminés é a que está mais espalhada por quase todo o planeta, desde as Américas até ao norte da Austrália, China e Japão, dividida em oito subespécies. No Brasil, onde algumas das andorinhas-das-chaminés que nidificam na América do Norte passam o outono e o inverno, é também conhecida como andorinha-de-bando ou andorinha-de-pescoço-vermelho, devido aos tons avermelhados da garganta e da fronte.

Quanto tempo podem viver?

Segundo o projeto Andorin há registos de andorinhões que viveram mais de 20 anos. Já as andorinhas tendem a viver menos tempo, em média entre 3 a 8 anos. Mas já foi encontrada uma andorinha-dos-beirais com mais de 15 anos, na Suécia.

O que comem?

Tanto as andorinhas como os andorinhões alimentam-se de insetos que capturam em voo.

Como ajudar?

Durante o verão, quando as crias estão a ensaiar os primeiros voos, é uma boa altura para ajudar estas aves. Quando esses voos correm mal e as aves caem no chão, o melhor é encaminhá-las para um dos centros de recuperação de animais selvagens do país. Ali são alimentadas e cuidadas até terem o seu corpo totalmente preparado para a vida aérea que as espera.

Série

Jardins para a vida silvestre

O Jardim Gulbenkian promove um conjunto de visitas sobre como tornar os nossos jardins, parques e terrenos, tanto no interior das cidades como fora, em espaços mais acolhedores para vida silvestre – fundamental para a vida na Terra! Estas visitas são acompanhadas pela revista Wilder que, em parceria com a Fundação Gulbenkian, publica artigos sobre cada um dos temas.

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