Calouste Gulbenkian reuniu um conjunto notável de arte japonesa. Esta faceta menos conhecida do colecionador é explorada na exposição Mundo flutuante: estampas japonesas «ukiyo-e», onde se apresenta um vasto número de estampas japonesas produzidas entre o século XVII e o século XIX, pertencentes na íntegra à coleção do Museu. A exposição centra-se no conceito de ukiyo, que significa «mundo flutuante», e que se refere aos prazeres efémeros da vida quotidiana.

A publicação lançada por ocasião da exposição divide-se em duas partes. A primeira é constituída por um conjunto de quatro ensaios, três dos quais assinados pelos comissários da exposição. No primeiro texto, Jorge Rodrigues explora o conjunto de estampas adquirido por Calouste Gulbenkian para a sua coleção. Seguidamente, Francesca Neglia debruça-se sobre dois dos temas iconográficos mais populares do ukiyo-e: a figura da cortesã e as paisagens. No terceiro ensaio, Hannah Sigur disserta sobre a rede literária associada ao ukiyo-e. Por último, Rui Xavier, coordenador de Conservação Preventiva do Museu Gulbenkian e conservador das lacas da Coleção Gulbenkian, escreve sobre os danos provocados à coleção de estampas japonesas pelas cheias de 1967 e sobre o seu distinto processo de restauro.

A segunda parte da publicação apresenta uma estrutura semelhante à dos núcleos da exposição e desenvolve os textos de obra ou conjuntos de obras. O primeiro capítulo, As diferentes visões da natureza e da paisagem, aborda a pintura de paisagem enquanto género autónomo do ukiyo-e; em «Uki-e»: imagens em perspetiva, é trabalhado o uki-e, um género de estampas realizado através da adoção da perspetiva geométrica ocidental; «O mundo flutuante» de Yoshiwara desenvolve-se em torno do bairro de prazer autorizado de Edo (atual Tóquio) e da sua influência na produção de estampas dedicadas à representação da mulher; em A rede literária do «ukiyo-e» é abordada a relação única e contraditória entre a literatura e a poesia eruditas e os principais intervenientes do «mundo flutuante», como os atores de teatro kabuki e as intituladas «mulheres para diversão»; por último, As estações de Tōkaidō trata a célebre série com o mesmo nome, constituída por estampas de temas diversos relacionados com a rota Tōkaidō, que partia de Edo até à cidade imperial de Quioto.

Além dos conteúdos escritos, a publicação conta com a reprodução, na íntegra, do conjunto de obras expostas.