Inquérito às práticas culturais dos portugueses

Este inquérito oferece um retrato inédito da diversidade das práticas culturais em Portugal, encomendado pela Fundação Gulbenkian ao Instituto de Ciências Sociais (ICS), o estudo fornece uma grelha de leitura sobre as práticas culturais dos portugueses e quer contribuir para a produção de políticas públicas inovadoras. O estudo foi coordenado por José Machado Pais, Miguel Lobo Antunes e Pedro Magalhães.
16 fev 2022

O inquérito reúne informação socialmente relevante e estatisticamente representativa da população residente em Portugal, regiões autónomas incluídas, com 15 ou mais anos de idade. A amostra tem uma dimensão de 2000 inquiridos e o trabalho de campo foi realizado entre os dias 12 de setembro e 28 de dezembro de 2020. A informação foi recolhida através de entrevista direta e pessoal na residência dos inquiridos, em sistema CAPI (Computer Assisted Personal Interview).

Os domínios pesquisados abrangem consumos culturais através da Internet, da televisão e da rádio; práticas de leitura em formato impresso e digital; frequência de bibliotecas, museus, monumentos históricos, sítios arqueológicos e galerias de arte; idas ao cinema, concertos e espetáculos ao vivo, incluindo festivais e festas locais; participação artística e capitais culturais (ver resultados abaixo).

Disponibilizam-se também indicadores de participação cultural mais interventiva ou comprometida, como o exercício de práticas artísticas amadoras, a partilha de conteúdos culturais de autoria própria, a interação online em temas relacionados com a cultura, a participação em blogues, o voluntariado e a participação em associações culturais.

Propõe-se ainda uma importante bateria de indicadores sobre as motivações e os obstáculos que mobilizam ou não os portugueses para o exercício de práticas culturais nucleares, indicadores que permitirão ajustar estratégias de captação e fidelização dos públicos da cultura.

 

Internet e consumos culturais

A percentagem de inquiridos que utilizam a Internet (71%) fica aquém da média alcançada pelos países da UE-27 (87%) (Eurostat 2021). Razões de natureza demográfica, educacional e económica poderão explicar esta divergência.

 

Utilização da Internet (%)

 

 

Em contexto pandémico, os inquiridos intensificaram o uso da Internet no domínio cultural, sobretudo os jovens dos 15 aos 24 anos: 40% passaram a ver mais filmes e séries; 21% a ler mais livros, jornais e revistas online; e 16% a ver mais espetáculos de música. Outro dado relevante é a clara afirmação do telemóvel como dispositivo preferencial de acesso à Internet, numa lógica de conectividade permanente.

 

Pandemia e mudança de hábitos no uso de serviços digitais e da Internet no domínio cultural (%)

 

Audiovisuais: televisão e rádio

A proporção de inquiridos que veem diariamente televisão (90%) é mais do dobro dos que diariamente ouvem rádio (40%) ou se ligam à Internet (41%).

 

Com que frequência se vê televisão/ouve rádio (%)

 

Leitura e bibliotecas

A percentagem de inquiridos portugueses que, no último ano, não leram qualquer livro impresso (61%) é francamente superior à registada na vizinha Espanha, um ano atrás (38%). A leitura de livros digitais foi realizada por 10% dos inquiridos portugueses, contra 20% dos espanhóis.

 

Leitura de livros, por suporte, nos últimos 12 meses (%)

 

Museus, monumentos históricos, sítios arqueológicos e galerias de arte

Nos 12 meses anteriores ao início da pandemia, 31% dos inquiridos visitaram monumentos históricos, 28% frequentaram museus, 13% deslocaram-se a sítios arqueológicos e 11% frequentaram galerias de arte.

 

Frequência das visitas a museus, monumentos históricos, sítios arqueológicos e galerias de arte nos 12 meses anteriores à pandemia (%)

 

Cinema

O Inquérito mostra que o cinema é a atividade cultural com uma taxa de participação mais elevada. Nos 12 meses anteriores ao início da pandemia, 41% da população inquirida foi ao cinema e 59% nunca foi ao cinema nesse período.
A assiduidade nas idas ao cinema aparece também associada a inquiridos com formação superior, grandes empresários, profissionais liberais e residentes na área metropolitana de Lisboa e na Região Autónoma da Madeira.

 

Pessoas que foram ou nunca foram ao cinema, nos 12 meses anteriores ao início da pandemia (%)

 

Participação artística

Relembrando a sua infância e adolescência, 61% dos inquiridos apontaram a escola como a instituição que, nesse período, mais se empenhou na realização de visitas a bibliotecas, exposições, museus, monumentos e idas a espetáculos de qualquer tipo. As deslocações com o apoio da família foram referidas por 40% e as combinadas com amigos por 34%.
O nível geral de realização de práticas artísticas amadoras entre a população portuguesa é relativamente reduzido, o que pode ser verificado na comparação com outros inquéritos recentes realizados em países europeus. Para lá das diferenças metodológicas, o padrão observado para a população portuguesa é mais semelhante ao de um pequeno país como Malta (ACM 2017, 129- 133) do que ao de um país mais populoso como Espanha (MCUD).

 

Prática artística amadora, segundo o nível de escolaridade (%)

 

 

Apresentação do estudo

Veja a apresentação e discussão das conclusões deste estudo, que contou com os coordenadores do estudo, bem como outros convidados.

 


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