Violência sexual é um fenómeno crescente e transversal

Balanço do projeto CARE, promovido pela APAV com o apoio da Fundação Gulbenkian, revela que a atenção e intolerância em relação à violência sexual sobre crianças e jovens também tem aumentado.
20 abr 2022

Em 2021, a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) apoiou mais de 508 crianças e jovens vítimas de crimes sexuais, mais 76 do que no ano anterior. Este número, de acordo com o balanço do projeto CARE realizado pela APAV, tem vindo sempre a crescer, de ano para ano, desde a criação desta rede de apoio a crianças e jovens vítimas de violência sexual.

Entre 2016 e 2021, 2 107 crianças e jovens receberam acompanhamento da APAV em todos os distritos de Portugal Continental e regiões autónomas. Foram ainda apoiados 206 familiares e amigos das vítimas e realizados mais de 28 mil atendimentos, em todo o país. A violência sexual exercida sobre menores, refere a APAV, é um fenómeno transversal na sociedade, mas relativamente ao qual há cada vez mais atenção e menos tolerância.

As crianças e jovens apoiados continuam a ser maioritariamente do sexo feminino (80%), têm entre 14 e 17 anos (772) e 8 e 13 anos (615) e vivem sobretudo na área metropolitana de Lisboa (789) e na região Norte (576).

Quanto aos agressores, mais de 90% são de sexo masculino e 51% tem com a vítima uma relação familiar: 15,5% são pai ou mãe, 12% padrasto ou madrasta, 5,8% tio ou tia. E quando o agressor não é da família, é geralmente uma pessoa conhecida da vítima ou que com ela convive no quotidiano.

Mais de metade destes atos (55,6%) são praticados de forma continuada.

 

Sobre o projeto CARE

A rede de apoio especializado a crianças e jovens vítimas de violência sexual foi lançado em 2016 pela APAV, com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian. Desde então, o número de polos de atendimento da rede mais do que duplicou, tendo passado dos quatro iniciais para dez: Açores (Ponta Delgada), Alentejo (Ponte de Sôr), Algarve (Faro), Braga, Coimbra, Lisboa, Madeira (Funchal), Porto, Santarém e Setúbal.

Além do apoio a vítimas, amigos e familiares, o projeto tem apostado na prevenção, através da realização de cursos, oficinas, ações de informação e sensibilização para crianças, jovens, pais e encarregados de educação, forças de segurança e outros profissionais que trabalham com crianças e jovens e ainda através do lançamento de um manual de prevenção.

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