Um Museu, duas Coleções

Museu Calouste Gulbenkian: a Coleção do Fundador e Coleção Moderna.
24 fev 2016

A partir do mês de junho deste ano, por altura das comemorações dos 60 anos da Fundação Gulbenkian, o Museu Calouste Gulbenkian e Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão (CAM) vão assumir o rosto de uma mesma entidade – Museu Calouste Gulbenkian – passando a ser identificados pelas suas coleções:

Museu Calouste Gulbenkian / Coleção do Fundador

Museu Calouste Gulbenkian/ Coleção Moderna

O objetivo é promover um diálogo entre as duas coleções: a do Museu Calouste Gulbenkian, que reflete o gosto de um notável colecionador, e a do CAM, iniciada após a sua morte e que resulta da ação da Fundação em nome do legado do Fundador. Juntas oferecem uma longa panorâmica da produção artística, desde a antiguidade aos nossos dias.

A Fundação Calouste Gulbenkian sempre identificou a necessidade de articular, de forma mais eficaz, os seus dois núcleos museológicos, de modo a criar sinergias e a potenciar as virtualidades das duas coleções afirmando as suas diferenças, ao nível da programação, mas também da comunicação externa, tentando cruzar os públicos que os frequentam.

A programação de dois “Meeting Point” nos últimos dois anos, em que se se confrontaram obras da Coleção do Fundador com obras da Coleção Moderna, significou um primeiro avanço neste sentido.

A decisão de criar uma direção única dos dois museus, assumida pela curadora e historiadora de arte britânica Penelope Curtis, que iniciou funções na Fundação em setembro do ano passado, foi mais um passo na concretização desta junção, que será complementado com um novo modelo de organização que integra equipas transversais aos dois museus.

Pretende-se, assim, agregar os núcleos museológicos num único museu, com o nome do nosso Fundador, valorizando as duas coleções por meio de uma atração cruzada de públicos e procurando que sejam visitadas por um número cada vez maior de pessoas. Para o CAM significará uma maior afirmação da sua dimensão como museu, valorizando a mais completa Coleção de Arte Moderna e Contemporânea construída desde a constituição da Fundação.

As duas coleções nunca deixarão de ser encaradas como coleções distintas – uma fechada, e outra aberta, em contínuo crescimento – mas pretende-se, deste modo, estimular as pontes e a articulação entre ambas. Para tal, a nova diretora contará com uma equipa comum para gerir os dois espaços, e não equipas afetas exclusivamente a cada um deles como até agora sucedia.

De acordo com Penelope Curtis, que foi responsável pela Tate Britain entre abril de 2010 e junho de 2015, uma designação comum permite equiparar os estatutos dos dois espaços, dando mais visibilidade à Coleção Moderna que se deseja mais afirmada internacionalmente. Com esta medida pretende-se encorajar o público do museu a visitar a coleção moderna, tornando-a mais conhecida e mais frequentada por visitantes estrangeiros.

Um primeiro exemplo deste diálogo será dado em maio com a apresentação inédita de um conjunto de tapetes Kumkapi (bairro em Istambul) do século XIX-XX, do Museu Gulbenkian, que será mostrado lado a lado com um tapete recentemente criado por Mehkitar Garabedian (n.1977, Aleppo), um dos artistas representados no muito elogiado Pavilhão da Arménia da última edição da Bienal de Veneza. A semelhança das histórias de arménios deslocados é surpreendente e no caso do tapeceiro arménio Hagop Kapoudjian (c.1869-1946), autor de três dos quatro tapetes kumkapi expostos, encontra-se intimamente ligada com a própria história de Calouste Gulbenkian.

Um segundo momento marcante terá lugar em junho, aquando da exposição comemorativa do 60º aniversário da Fundação Gulbenkian, que, nas palavras de Penelope Curtis, “vai cruzar as duas coleções e mostrar o modo surpreendente como ambas refletem o século XX.” Tomando o ano de 1956 como o ponto central, a apresentação vai recuar e avançar no tempo, cruzando obras das duas coleções que representam, simultaneamente, diferentes versões do conceito de modernidade.

O Serviço Educativo da Fundação já vinha olhando as duas coleções como um mesmo património, tendência que uma direção comum irá naturalmente reforçar.
Nos próximos tempos vai assistir-se a uma programação com recurso às duas coleções, incluindo apresentações históricas e contemporâneas, bem como um diálogo cada vez maior entre ambas.

 

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