No Bolshoi aprendi a superar-me

Entrevista a Carlota Rodrigues
01 set 2015

Carlota Rodrigues

19 anos

Bolsa de Especialização em Dança, no Bolshoi Ballet Academy, em Moscovo

 

Aos oito anos começou a aprender piano e ballet. O que a levou a escolher a dança?

Fui conciliando tudo até um determinado momento – o ensino, a dança na Escola de Dança do Conservatório Nacional e a música, onde, para além do piano, tinha também coro e formação musical no Instituto Gregoriano de Lisboa. Aos 13 anos, tornou-se impossível estar focada nas três áreas. Na altura, não foi uma escolha muito difícil: a Escola de Dança, para além da minha escola, já era uma segunda casa. Por isso, decidi dedicar-me só à dança e, como envolve música, ficava sempre com as duas vertentes. A musicalidade é uma das mais importantes qualidades de um bailarino. Como dizem os russos, “nós dançamos a música, com a música, através da música”. Apesar de tudo, espero num futuro próximo ter espaço no horário e voltar a ter umas aulas de piano, por gosto e diversão.

Depois de frequentar o curso de verão do Bolshoi Ballet Academy, foi convidada a frequentar a academia a tempo inteiro. O que significou para si esta entrada?

Mudou a minha vida. Senti orgulho e o reconhecimento do meu trabalho desenvolvido até lá no Conservatório, sem o qual não estaria onde estou. Foi uma oportunidade que nunca sonhei ter.

Quantas horas trabalha por dia numa academia tão exigente como a do Bolshoi?

As aulas no Bolshoi são das nove às 18 horas, de segunda a sábado. Temos pequenos intervalos entre as aulas e um horário variado com algumas aulas académicas como Língua Russa, Filosofia, História da Arte, História da Dança ou Política. Pelo menos cinco horas por dia são passadas a dançar, mais os ensaios, que dependem dos espetáculos, e o trabalho individual. Aqui aprendi a superar-me: quando acho que já estou cansada e não consigo, sei que os professores vão insistir nesse momento e ajudar-me a conseguir sempre mais.

No final deste ano letivo, a Carlota passa a ser a primeira portuguesa a graduar-se no Bolshoi. É uma grande responsabilidade?

Talvez um bocadinho, sim, mas estou contente. Será uma pequena recompensa depois de tanto esforço, trabalho e dedicação.

Como é viver em Moscovo?

É bom. Como é uma cidade plana, aproveito e caminho muito. Tem sempre muitas atividades culturais a preços acessíveis para estudantes. Para além do Teatro Bolshoi, há muitos outros teatros, museus e concertos. Para além de tudo isto, é uma cidade verde, cheia de jardins e parques.

Onde se imagina daqui a 10 anos?

Acho que o futuro hoje em dia se constrói passo a passo, dando sempre o meu melhor no presente e tirando prazer no que faço. Estarei feliz a dançar onde me sentir feliz a fazê-lo e fizer feliz quem me vir. Gostava de coreografar e voltar ao piano e tenho a certeza de que dançarei um reportório clássico e contemporâneo.

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