Gulbenkian participa em conferência internacional sobre cancro em África
A Fundação Calouste Gulbenkian vai participar na 12.ª edição da AORTIC 2019, uma conferência internacional sobre o cancro em África, que este ano se realiza na capital moçambicana. A apresentação da Fundação, a 7 de novembro, com o tema “Do diagnóstico ao tratamento: a experiência de implementação de projetos de cuidados integrados ao doente oncológico em Cabo Verde e Moçambique” visa demonstrar o trabalho desenvolvido nos últimos anos nestes dois países, na área oncológica.
A Fundação Calouste Gulbenkian intervém desde 2013 na área oncológica em Moçambique, com o projeto “Atenção integrada ao doente oncológico no Hospital Central de Maputo – reforço da capacidade institucional”, que envolveu cerca de uma centena de profissionais de saúde moçambicanos (médicos, enfermeiros e outros técnicos) e oito instituições portuguesas (Centro Hospitalar de Lisboa Norte – Hospital de Sta. Maria, Centro Hospitalar de São João do Porto, IPATIMUP, IPO Lisboa e IPO Porto, ISPUP, Sociedade Portuguesa de Endoscopia Digestiva e Unidade Local de Saúde de Matosinhos – Hospital Pedro Hispano).
Numa vertente alargada a todo o país, com duração prevista até 2021, o projeto propõe uma intervenção ao nível da prestação de cuidados oncológicos nos Hospitais Centrais da Beira, Nampula e Maputo, com a formação especializada de profissionais de saúde de Moçambique em Portugal e localmente em Maputo, bem como o reforço do equipamento clínico especializado em cirurgia e anatomia patológica. No rescaldo dos ciclones que assolaram o país e o incêndio que destruiu parte do serviço de anatomia patológica do Hospital Central de Maputo, este projeto tem vindo a sofrer atrasos e desafios de maiores dimensões do que o esperado.
Com impactos visíveis em Moçambique, a iniciativa da Fundação foi mencionada no capítulo “Cancer in Sub-Saharan Africa”, no livro Encyclopedia of Cancer, 3rd edition publicado pela Elsevier: “Existem exemplos de programas que tentam superar a ausência de especialistas e centros especializados na África subsaariana. Por exemplo, desde 2014, a Fundação Gulbenkian tem apoiado a formação de equipas médicas e não médicas moçambicanas em Portugal em diferentes áreas oncológicas (cirurgia, radioterapia, oncologia médica, enfermagem e patologia oncológicas, entre outras), com bolsas de formação de curto prazo, possibilitando assim uma educação eficaz no tratamento oncológico multidisciplinar. Isto levou à implementação de novas técnicas cirúrgicas oncológicas em Moçambique e à criação do primeiro comité de tumores multidisciplinar no país.”
A Fundação Calouste Gulbenkian é gestora e principal financiadora do projeto que tem ainda financiamento do Camões, Instituto da Cooperação e da Língua, da Fundação Millennium e do Millennium BIM.