Dois artistas inovadores são os vencedores do Salavisa European Dance Award 2024
Os cinco finalistas, diversos em interesses, geografias e perfis, já eram, para o júri, “exemplos de compromisso e excelência”. Mas de entre os cinco, Dorothée Munyaneza e Idio Chichava destacaram-se “pelas suas abordagens artísticas particularmente bem-sucedidas nos seus trabalhos recentes, bem como pela profunda ligação que mantêm com os seus contextos artísticos, comunidades e colaboradores.” Tanto as obras de Dorothée como as de Idio “estão enraizadas não apenas em interesses artísticos pessoais, mas também numa compreensão complexa do mundo que os rodeia e do papel crucial que a dança pode desempenhar em discussões sociais mais amplas.”
Dorothée Munyaneza é uma artista multifacetada. Cantora, música, bailarina, atriz, escritora e coreografa, recusa fronteiras, utilizando a música, o canto, o texto e o movimento para abordar a rutura como força dinâmica e criar espaços de ressonância e esperança. Nascida no Ruanda, estudou música e ciências sociais em Londres, após o que se mudou para Paris, onde trabalhou com vários coreógrafos. Em 2013, criou a sua própria companhia, Kadidi. Para o júri, Dorothée aborda onde mais dói, “articulando história, trauma, mas também amor e esperança, com uma profunda compreensão do corpo e do seu potencial para contar histórias e criar espaços emocionais.”
Idio Chichava é bailarino, coreógrafo e diretor artístico da companhia de dança Converge+, em Moçambique, para onde regressou depois de uma carreira de sucesso em frança. No seu país natal, tem promovido o ensino gratuito da dança, junto das comunidades locais, e investido em produções multidisciplinares e criações colaborativas onde cada um tem espaço para explorar o seu mundo interior. Para o júri, o trabalho de Ídio “é uma afirmação poderosa da energia coletiva e do desejo de criar e coexistir.”
Dorothée e Ídio são os dois primeiros vencedores do Salavisa European Dance Award, prémio criado em 2023 pela Fundação Calouste Gulbenkian, em colaboração com outras seis instituições artísticas europeias – ImPulsTanz – Vienna International Dance Festival (Áustria), KVS (Bélgica), Dansehallerne (Dinamarca), Maison de la Danse/Biennale de la Danse (França), Joint Adventures (Alemanha), e Sadler’s Wells (Reino Unido) – com o objetivo de distinguir artistas de todo o mundo que demonstrem talento ou qualidades especiais que mereçam ser mais conhecidos para além das suas fronteiras nacionais.
Selecionados por três especialistas independentes – Mette Ingvartsen, Nayse López e Fu Kuen Tang –, os vencedores partilharão o prémio de 150.000€ e terão a oportunidade de apresentar o seu trabalho nos palcos de seis instituições culturais parceiras.
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