Arte e arquitetura entre Lisboa e Bagdade
Entre o final da década de 1950 e o princípio da década de 1970, a Fundação Calouste Gulbenkian desenvolveu uma fortíssima atividade filantrópica no Iraque, utilizando, para tal, parte das receitas da exploração petrolífera realizada naquele país. Até 1972, ano em que o Governo iraquiano nacionalizou a exploração de petróleo, a Fundação tinha subsidiado a construção e o equipamento de 120 estruturas – escolas, universidades, hospitais e museus –, e apoiado 615 bolseiros iraquianos em pós-graduação e estágios no país e no estrangeiro.
Entre as grandes obras construídas ou apoiadas pela Fundação nessas duas décadas destaca-se o Modern Arts Centre em Bagdade (conhecido por Gulbenkian Hall), que foi o primeiro espaço desenhado de raiz para a exposição de obras de arte moderna no Iraque. Quando este Centro abriu portas, em 1962, a Fundação Gulbenkian adquiriu um importante núcleo de obras iraquianas a que se juntou um outro conjunto de peças, comprado mais tarde, por ocasião da exposição que inaugurou o edifício-sede da Sociedade dos Artistas Iraquianos, em 1966, e cuja construção fora subsidiada pela Fundação.
Estes dois momentos de aquisição formam a base do que é hoje o raro núcleo de arte moderna iraquiana do Museu Calouste Gulbenkian, composto por 31 obras. Gravuras de Rafa Nasiri, Salem Dabbagh e Hashim Samarchi, formados em Portugal na Cooperativa Gravura com bolsas atribuídas pela Fundação em 1968, completam esta coleção singular, cuja constituição é contextualizada nesta exposição.
O ponto de partida da mostra é a Semana Cultural Gulbenkian que a Fundação organizou em Bagdade, em novembro de 1966, e que coincidiu com a inauguração do Estádio do Povo (Al-Sha’ab), um grande complexo desportivo projetado pelos arquitetos Francisco Keil do Amaral e Carlos Manuel Ramos e construído também pela Fundação, que se tornou uma referência no Médio Oriente. Esta construção decorreu em simultâneo com a construção da sede e Museu Gulbenkian, envolvendo avultados recursos. A Semana Cultural teve outro momento alto que será aqui recordado: a organização da exposição, no Gulbenkian Hall, de um conjunto de 70 obras de artistas portugueses e estrangeiros, daquela que viria a constituir a futura Coleção de Arte Moderna da Fundação.
Incluída no ciclo Conversas do Museu Calouste Gulbenkian, a mostra apresenta documentos originais e obras do núcleo iraquiano da Coleção Moderna do Museu Calouste Gulbenkian, a maior parte nunca expostos em Portugal.
Com curadoria de Patrícia Rosas e Ricardo Agarez, esta exposição é um projeto de colaboração entre o Museu Calouste Gulbenkian e a Biblioteca de Arte e Arquivos Gulbenkian, com o apoio do Serviço de Bolsas.
Arte e Arquitetura entre Lisboa e Bagdade
A Fundação Calouste Gulbenkian no Iraque, 1957-1973
Curadoria: Patrícia Rosas e Ricardo Agarez
Galeria do Piso Inferior, espaço Conversas, Museu Calouste Gulbenkian
26 out 2018 — 28 jan 2019