24 Estórias. Entre Vizinhos

O que é que 19 habitantes das Avenidas Novas, duas mediadoras do Museu, três assistentes sociais e uma artista plástica têm em comum? Um projeto que explora as relações entre memória, gerações e vizinhos na cidade.
14 nov 2018

24 Estórias Entre Vizinhos é uma intervenção artística participativa de Ana João Romana realizada com os membros do projeto Entre Vizinhos, desenvolvido pelo Museu Calouste Gulbenkian desde 2017, em colaboração com a população sénior de três centros de dia da freguesia das Avenidas Novas. Mediado por Diana Pereira e Joana Andrade, o projeto educativo Entre Vizinhos quer reforçar laços de vizinhança e comunidade, fazendo do museu um espaço de encontros e partilha, de construção de experiências e memórias, um terreno para a audácia e a criatividade.

Partindo das memórias dos participantes sobre a freguesia e a Fundação, a artista recolheu 24 depoimentos que se materializam em dois momentos: a publicação de um livro de artista e a instalação de estórias em espaços públicos que se estendem da Fundação Gulbenkian ao bairro, desde o café à barbearia, passando pela escola secundária. Os locais (cerca de 15) foram escolhidos pelos participantes e o livro de artista é fruto de um trabalho coletivo que inclui retratos de Eduardo Sousa Ribeiro.

Para Ana João Romana “A questão da vizinhança na cidade é muito importante”. O grupo sénior (de uma faixa etária acima dos 80 anos) conheceu a freguesia num outro tempo, em que “havia verdadeira vizinhança”. Por outro lado, Ana João afirma que “é curioso perceber como é que uma freguesia que junta a Fundação Gulbenkian tem pessoas que passaram toda a sua vida tão afastadas da Fundação – porque sentiam que isto era um sítio elitista ou que não eram bem-vindos, ou ainda porque tiveram uma vida de trabalho muito intensa – e só agora é que vêm a possibilidade de usufruir deste espaço e perceber que também é deles”. Este será um dos grandes objetivos do projeto: “que se consigam rever aqui dentro, num espaço com que se identificam e que podem também partilhar com os outros”. É a pensar nisso que o próprio grupo vai fazer visitas guiadas à exposição: para que possam partilhar com outras pessoas da freguesia o que é este projeto.

 

 

Alimentar os laços de vizinhança dentro do bairro, combater o isolamento em que estas pessoas vivem (a maior parte deles já são viúvos e vivem sozinhos), e fomentar a aprendizagem ao longo da vida são alguns dos objetivos do projeto, que beneficia muito da sua componente intergeracional: as animadoras e assistentes, de uma geração mais jovem, trabalham em conjunto num processo de mútua aprendizagem com a geração mais velha.

 

 

Além da exposição, que estará patente até 7 de janeiro, o livro terá uma tiragem de 50 exemplares, para que todos os participantes do projeto recebam o seu; os restantes serão enviados para outros museus de arte contemporânea em Portugal e não só, de forma a “pôr o livro a circular pelo resto do mundo”. É assim que o 24 Estórias chegará à Tate Modern, em Londres, ou ao MoMa, em Nova Iorque. “Os livros têm esta possibilidade de atravessar oceanos e subir montanhas” garante Ana João; “as pessoas não vão, mas o livro vai e pode circular pelo resto do planeta”.

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