Ritmo/Violento

De André Cabral com a Escola Superior de Dança seguida de conversa com moderação de Daniel Tércio

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Baseada em Ritmo Violento (1961), de Norman Dixon para o Grupo Experimental de Ballet

“Em todas as grandes cidades têm surgido incidentes infelizes, devido ao problema da segregação racial. Este bailado, em quatro cenas, é passado numa área populosa de uma dessas cidades. Uma jovem apaixona-se por um negro e por essa razão atrai sobre si os ciúmes de um antigo namorado. «Teddy-boys» amigos deste provocam um encontro com o jovem negro, e, durante a luta que se segue, a tragédia cai sobre o grupo de adolescentes. Todos os caracteres têm o seu valor próprio e são tratados individualmente.”

Apresentação de Ritmo Violento de Norman Dixon no programa do Grupo Experimental de Ballet de 1961

No âmbito do ciclo dança não dança, André Cabral toma o desafio de reimaginar um espetáculo de Norman Dixon, em colaboração com os alunos finalistas da licenciatura em dança da Escola Superior de Dança. As duas sessões são intercaladas por uma conversa com o artista e os alunos, moderada por Daniel Tércio.

Ritmo Violento, apresentado pelo Grupo Experimental de Ballet em 1961, terá impressionado “sobre-modo a plateia”, de acordo com as últimas páginas de Problemas do Ballet em Portugal, de Luís de Carvalho e Oliveira. Segundo o autor, ao ovacionar o bailado, o público “vivia o seu fundo anti-racista e contrário a discriminações,  a lutas de raças, propenso a uma paz de progresso e de bem-estar para brancos e para negros”.

Em plena Guerra Colonial, a estreia do Grupo Experimental de Ballet, do Centro Português de Bailado, incluía uma peça de matriz urbana, ao estilo de West Side Story, em que se retratava criticamente um caso de segregação racial, com um dos bailarinos em blackface e recorrendo a música rock‘n’roll gravada e amplificada.

Desta peça sobreviveu um pequeno excerto gravado para o Noticiário Nacional, encontrado nos arquivos da Cinemateca, a partir do qual André Cabral desenvolve Ritmo/Violento, bem como da música de Johnny Mandel e das críticas da época colocadas ao escrutínio de um pensamento crítico sobre o passado colonial e formas de representação de corpos negros.

Este excerto de Ritmo Violento é também incluído no filme Um Corpo que Dança (2022), de Marco Martins, que será exibido no mesmo dia e estabelece uma relação entre a história do Ballet Gulbenkian e a história do Portugal recente.

 

André Cabral (1990, Barreiro) começou por estudar Danças Urbanas, sendo orientado por Vasco Alves. Frequentou a Escola Superior de Dança e estagiou na Companhia Portuguesa de Bailado Contemporâneo, sob a direção de Vasco Wellenkamp. Trabalhou com António Pires, André Mesquita, Clara Andermatt, Rui Horta, Paulo Ribeiro, Marco da Silva Ferreira, Antonio Tagliarini, Miguel Moreira e Victor Hugo Pontes.

Norman Dixon (1926, Inglaterra – 2020, Croácia) foi bailarino, professor, coreógrafo e diretor artístico. Em Portugal, apresenta-se pela primeira vez no final dos anos 1950, com o Círculo de Iniciação Coreográfica, de Margarida de Abreu, para o qual também coreografou. Em 1960, funda o Ballet Venture, em Inglaterra, para o qual coreografa “Ritmo Violento”. Foi mestre de bailado do Grupo Experimental de Ballet do Centro Português de Bailado entre 1961 e 1963, para o qual coreografa várias peças. Em 1963, funda, com Águeda Sena, o Ballet-Teatro.

Daniel Tércio (1954, Aveiro) estudou Filosofia (UL), Artes Plásticas (FBAUL) e História da Arte (UNL). É Doutorado em Dança pela FMH, onde lecionou os cursos de História da Dança, Estética, Movimento e Artes Visuais. Até 2021, foi membro da direção do Instituto de Etnomusicologia – centro de estudos em música e dança. Publicou, entre outras obras, Dança e Azulejaria no Teatro do Mundo (1999) e Dançar para a  República (2010). Internacionalmente, é autor de artigos como “Martyrium as Performance” (Performance Research, 15 (1) 2010). Enquanto crítico, colabora regularmente com a imprensa escrita desde 2004.

dança não dança

Este evento insere-se no ciclo de (re)performances, filmes e conversas que constitui o primeiro eixo do programa dança não dança – arqueologias da Nova Dança em Portugal. Saber mais


Ficha técnica

Coreografia

André Cabral

Interpretação

Estudantes finalistas do curso de Licenciatura em Dança da Escola Superior de Dança do Instituto Politécnico de Lisboa

Encomenda e produção

dança não dança / Fundação Calouste Gulbenkian

Colaboração institucional

Escola Superior de Dança

A partir de Ritmo Violento (1961)

Coreografia

Norman Dixon

Música

Johnny Mandel

Cenário e Figurinos

Stanley Houghton

Elenco da estreia

A mãe – Bernardette Pessanha; O filho – Jorge Trincheiras; A irmã – Isabel Ruth; O antigo namorado – Carlos Trincheiras; O novo namorado – Albino Morais; O grupo – Isabel Santa Rosa, Manuela Varela Cid, Maria Antonieta, Vera Ribeiro da Silva, Carlos Caldas

A estreia teve lugar a 1 de maio de 1961, pelo Grupo Experimental de Ballet do Centro Português de Bailado no Teatro São João, Porto.

A Fundação Calouste Gulbenkian reserva-se o direito de recolher e conservar registos de imagens, sons e voz para a difusão e preservação da memória da sua atividade cultural e artística. Caso pretenda obter algum esclarecimento, poderá contactar-nos através do formulário Pedido de Informação.

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