Simultaneamente compositor, arquiteto e engenheiro, Xenakis é uma das figuras mais originais da música moderna. Precursor da computação musical, do espetáculo do som e da luz, do concerto espacializado, Xenakis continua a inspirar os artistas da cena eletrónica contemporânea. Ao contar a história do homem que foi, este filme mostra claramente como este artista utópico e revolucionário desenvolveu uma linguagem única entre a música, a arquitectura, a ciência e a matemática.

Tal como as utopias da década de 1960, a revolução de Xenakis foi total, tanto política e artística, como tecnológica e social. De origem grega, Xenakis formou-se como engenheiro e lutou no final da Segunda Guerra Mundial. Gravemente ferido e condenado à morte, foi obrigado a deixar o seu país, ao qual só regressaria após 27 anos de exílio.

Xenakis chegou a Paris em 1947 e começou a trabalhar com Le Corbusier no Convento de Sainte-Marie de la Tourette e no famoso Pavilhão Philips. A sua colaboração com o mestre da arquitetura moderna inspirou obras musicais radicais, tais como Metastasesis, que teve como base a sua experiência de guerra e mudou completamente a linguagem da música.

Rejeitando tanto a música tonal tradicional como as experiências de vanguarda como a dodecafonia, Xenakis concebeu uma nova forma de compor com a ajuda de partituras gráficas e cálculos de probabilidade. Impulsionado pelo desejo de mergulhar o seu público num espetáculo total, o compositor quebrou todos os códigos da orquestra e criou os polítopos, uma nova forma de arte ao mesmo tempo estrutural, visual e sonora, precursora do espetáculo sonoro e luminoso.

Xenakis foi o primeiro compositor europeu a usar o computador para criar música. A partir da UPIC, inventou o primeiro sintetizador gráfico, na esperança de tornar a composição acessível a todos. Impulsionado pelas suas ideias revolucionárias e humanistas, Xenakis quebrou as fronteiras entre as artes e as ciências e lançou as bases para criações futuristas, multimédia e transdisciplinares. É por isso que, mesmo sem o saberem, todos os DJs da cena eletrónica são hoje netos de Xenakis.

Para nos ajudar a descobrir este artista extraordinário, Stéphane Ghez optou por contar a história do homem que era, através dos testemunhos daqueles que lhe eram próximos e dos artistas que influenciou. Nas praias selvagens da Córsega, que lhe lembravam a Grécia, a sua filha Mâkhi evoca a influência da natureza nas suas composições. No Convento de la Tourette, as suas partituras gráficas ganham vida e ecoam a sua arquitetura. Pascale Dusapin, George Aperghis e Jean-Michel falam sobre a agitação que a sua obra trouxe à tradição musical. E os jovens músicos do Trio Xenakis, em intensas e espetaculares sequências musicais, mostram a vitalidade do seu trabalho.