Os Portugueses não têm corpo

Com Luís Guerra, Vera Mantero, Paulina Santos e moderação de Alexandre Melo

Slider de Eventos

No âmbito do ciclo dança não dança, a obra de Vera Mantero, revisitada pela Companhia Nacional de Bailado, constitui um dos raros momentos de cruzamento entre os protagonistas da Nova Dança Portuguesa e esta companhia. Já Luís Guerra foi desafiado a visitar a obra coreográfica de Almada Negreiros com uma criação original. Nesta conversa, Alexandre Melo dialoga com ambos os artistas após a apresentação das suas respetivas performances – Almada Negreiros, o bailarino e Talvez ela pudesse dançar primeiro e dançar depois –, aos quais se junta também Paulina Santos (solista da CNB). 

O artigo “Os Portugueses não têm corpo” (1993) foi escrito por Alexandre Melo após ter assistido a Talvez ela pudesse dançar primeiro e pensar depois (1991), e a Nossa Senhora das Flores (1993), de Francisco Camacho. A emergência inusitada do corpo — presente, sexualizado, carnal — na obra destes artistas leva-o a interrogar se os portugueses “teriam um corpo”, dada a sua ausência “nos discursos dominantes da sociedade portuguesa”.

Procurando articular modernidade e corporalidade a propósito da emergência da Nova Dança Portuguesa e do nervosismo da história, que nestas danças se faz tão visível, André Lepecki (2001) remonta a Almada Negreiros e ao manifesto “Os Bailados Russos em Lisboa”, publicado em 1917 no número único da revista Portugal Futurista. Nele se encontra expressa a vontade de transformar o corpo português, visto como anacrónico, num corpo europeu moderno.

Imagem: Talvez ela pudesse dançar primeiro e pensar depois, de Vera Mantero © José Fabião. O Rumo do Fumo 

Luís Guerra (1985, Lisboa) é um artista português que se expressa através da dança, da pintura e da escrita. Estudou dança no Conservatório Nacional, coreografia na Fundação Gulbenkian, massagem no Instituto de Medicina Tradicional e pintura e desenho na Ar.Co, onde atualmente frequenta o curso avançado de artes visuais. Trabalha regularmente com outros criadores enquanto intérprete. 

Vera Mantero (1966, Lisboa) estudou dança clássica com Anna Mascolo e integrou o Ballet Gulbenkian entre 1984 e 1989. Tornou-se um dos nomes centrais da Nova Dança Portuguesa, tendo iniciado a sua carreira coreográfica em 1987 e mostrado o seu trabalho por toda a Europa, Américas e Ásia. Foram-lhe atribuídos inúmeros prémios e distinções pelo seu trabalho artístico ao longo dos anos.

Paulina Santos (1973, Bragança) estudou dança clássica na Academia de Bailado do Porto. Ingressou na Companhia Nacional de Bailado em 1990 sob a direção de Armando Jorge e, em 2004, sob a direção de Marc Jonkers, ascendeu a bailarina solista. Trabalhou ainda com a Companhia Portuguesa de Bailado Contemporâneo de Vasco Wellenkamp, com a Companhia Rosas de Anne Teresa de Keersmaeker e com a Companhia Olga Roriz.

Alexandre Melo (1958, Lisboa) é crítico de arte, curador, professor e ensaísta. Licenciado em Economia e Doutorado em Sociologia, é Professor no ISCTE, onde leciona Sociologia da Arte e da Cultura Contemporânea. Desde o início da década de 1980, escreve para jornais e revistas internacionais de arte contemporânea. Organiza exposições, participa em colóquios e conferências e escreve para catálogos e antologias, em Portugal e no estrangeiro. Tem vários livros publicados, entre os quais Velocidades Contemporâneas, Julião Sarmento, Artes Plásticas em Portugal, Arte e Mercado em Portugal.

dança não dança

Este evento insere-se no ciclo de (re)performances, filmes e conversas que constitui o primeiro eixo do programa dança não dança – arqueologias da Nova Dança em Portugal. Saber mais

A Fundação Calouste Gulbenkian reserva-se o direito de recolher e conservar registos de imagens, sons e voz para a difusão e preservação da memória da sua atividade cultural e artística. Caso pretenda obter algum esclarecimento, poderá contactar-nos através do formulário Pedido de Informação.

Relacionados

Definição de Cookies

Definição de Cookies

Este website usa cookies para melhorar a sua experiência de navegação, a segurança e o desempenho do website. Podendo também utilizar cookies para partilha de informação em redes sociais e para apresentar mensagens e anúncios publicitários, à medida dos seus interesses, tanto na nossa página como noutras.