Esta exposição mostra o extraordinário e pouco conhecido tesouro artístico do Terra Sancta Museum, composto de doações realizadas por monarcas católicos europeus a várias igrejas daquele território ao longo de 500 anos, que viaja pela primeira vez de Jerusalém para Portugal.
De entre estes templos, a Basílica do Santo Sepulcro, em Jerusalém, assume o maior protagonismo. Na tradição cristã, este é o local da morte, sepultamento e ressurreição de Jesus de Nazaré. Considerando esta centralidade espiritual, o envio de ofertas para este e outros templos da Palestina representava, para estes príncipes, uma importante projeção da sua devoção e do seu poder.
Assim, diversos soberanos europeus, como Filipe II de Espanha, Luís XIV de França, João V de Portugal, Carlos VII de Nápoles ou Maria Teresa de Áustria, enviaram recursos materiais e financeiros destinados ao sustento das igrejas e comunidades locais, tais como moedas de ouro, cera e, também no caso português, bálsamos, perfumes, especiarias e chá.
Para além destes recursos de caráter efémero, foram igualmente alvo da generosidade destes monarcas obras artísticas de ourivesaria, têxteis e mobiliário, com o objetivo de serem utilizados no culto e na ornamentação dos espaços religiosos.
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Capitulações de Maomé IV (1642-1693) [pormenor].
1673. Custódia da Terra Santa, Jerusalém.
Foto © Custódia da Terra Santa
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Capitulações de Maomé IV (1642-1693) [pormenor].
1673. Custódia da Terra Santa, Jerusalém.
Foto © Custódia da Terra Santa
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Conjunto de seis castiçais e quatro ramos de altar [Pormenor].
Pietro Juvarra (atrib.). Messina, Itália. Século XVII. Prata, cobre dourado e gemas. Custódia da Terra Santa, Jerusalém.
Foto © Guillaume Benoit
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Conjunto de seis castiçais e quatro ramos de altar [Pormenor].
Pietro Juvarra (atrib.). Messina, Itália. Século XVII. Prata, cobre dourado e gemas. Custódia da Terra Santa, Jerusalém.
Foto © Guillaume Benoit
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Conjunto de seis castiçais e quatro ramos de altar [Pormenor].
Pietro Juvarra (atrib.). Messina, Itália. Século XVII. Prata, cobre dourado e gemas. Custódia da Terra Santa, Jerusalém.
Foto © Guillaume Benoit
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Relevo com «Ressurreição de Cristo» [pormenor].
Nápoles, Itália. 1736. Prata. Custódia da Terra Santa, Jerusalém.
Foto © Guillaume Benoit
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Modelo da Basílica do Santo Sepulcro [pormenor].
Jerusalém. Madeira, madre pérola. Coleção George M. Al Ama, Bethlehem.
Foto © Catarina Gomes Ferreira
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Galhetas com bandeja.
Mestre IK. Viena, Áustria, 1740. Prata dourada, esmalte, ametista, rubi, granada, diamante, safira, esmeralda e citrinos. Custódia da Terra Santa, Jerusalém.
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Báculo [pormenor].
Nicolas Dolin (ativo em 1648-1684). Paris, França, 1654-1655. Prata dourada e gemas. Custódia da Terra Santa, Jerusalém.
Foto © Guillaume Benoit
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Crucifixo [pormenor].
Nápoles, Itália, 1756. Ouro, lápis-lazúli e pedras preciosas. Custódia da Terra Santa, Jerusalém.
Foto © Guillaume Benoit
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Pluvial [pormenor].
Alexandre Paynet (ativo em 1615-1656). Paris, França, 1619. Damasco carmesim. Custódia da Terra Santa, Jerusalém.
Foto © Catarina Gomes Ferreira
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Livro de Evangelhos Arménio [pormenor].
Padre David (texto), Minas (ilustrações). Archesh, Arménia (atual Ercis, Turquia), 1455. Tempera, ouro e tinta sobre papel. Patriarcado Arménio de Jerusalém. Biblioteca de Manuscritos de São Teodoro.
Foto © Patriarcado Arménio de Jerusalém
Esta exposição tem, pois, como tema central estas doações, que incluem notáveis produções da arte europeia. A lâmpada de igreja remetida para Jerusalém pelo rei de Portugal, D. João V, e o baldaquino que acolhia uma custódia ou um crucifixo, doado por Carlos VII, rei de Nápoles, são exemplos eloquentes das estratégias políticas de ofertas então desenvolvidas.
A exposição propõe ainda um percurso pela história milenar e pelo simbolismo espiritual da Basílica do Santo Sepulcro, bem como pelo papel desempenhado pela Custódia da Terra Santa – a instituição católica franciscana responsável por zelar pelos lugares cristãos na Terra Santa – na receção, utilização e preservação destes objetos de culto católico.
A ligação de Calouste Gulbenkian à Terra Santa é também evocada na exposição, que revela o vínculo de longa data da sua família a este lugar e dá a conhecer um manuscrito iluminado arménio do século XV oferecido pelo colecionador ao Patriarcado Arménio de Jerusalém. Apresentado aqui pela primeira vez, este manuscrito foi doado na década de 1940, quando Gulbenkian já residia em Portugal.