Investigar as Danças – Interrogar o Mundo

IN2PAST Dança e Política

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Promovido pelo Laboratório Associado IN2PAST, em articulação com a equipa do dança não dança, este encontro reúne investigadores cujas pesquisas, realizadas a partir de campos disciplinares distintos, como a História Contemporânea, os Estudos Culturais, a História da Arte ou a Antropologia, têm versado sobre dança.

Laboratório Associado de referência para o estudo do património cultural, compreendido nas suas dimensões material e imaterial, o IN2PAST é um consórcio formado por sete unidades de investigação (CESEM, CHAIA, CRIA, HERCULES, IHA, IHC e LAB2PT) sediadas na NOVA FCSH, na Universidade de Évora, na Universidade do Minho, no ISCTE e na Universidade de Coimbra.

Investigando os passados dos territórios e das populações, assim como os modos presentes de usar esses passados, o IN2PAST procura ser um instrumento fundamental para a investigação e inovação ao nível, quer da identificação e salvaguarda do património cultural, quer da promoção de uma memória cívica inclusiva.

O IN2PAST é financiado pela FCT sob a referência LA/P/0132/2020

Imagem: Visita Guiada, de Cláudia Dias, com interpretação de Maya Albuquerque. Fundação Calouste Gulbenkian, 15 de novembro de 2023. © Maria Abranches


Oradores


Programa

Dança e Poder

A investigação de Maria João Castro incide sobre a relação entre Arte e Poder nomeadamente no que concerne à Dança, à Viagem e aos estudos pós-coloniais. No campo da dança, a sua esfera de reflexão debruça-se sobre o século XX e o panorama internacional da manipulação política dança, em particular por parte dos regimes totalitários. Quer como veículo de propaganda quer como forma de protesto contra as ditaduras instituídas, a arte de Terpsícore teve, ao longo da última centúria, um papel importante determinante no modo como a arte é utilizada como instrumento do poder instituído.
Maria João Castro

Dança (Portugal) Teatral

Em Portugal, a dança teatral de cariz profissional ganha expressão muito tardiamente em comparação com o que acontece em outros países no eixo euroamericano. Com efeito, só após a Revolução de 25 de Abril de 1974, no seguimento da democratização do país e do seu desenvolvimento social, cultural e económico, é que a dança atesta uma expansão significativa. A dança teatral em Portugal partilhará então vários aspetos com as formas e os movimentos que esta cultura expressiva assume em outras latitudes, mas as representações culturais que enformam os universos de cada artista, as interações que as pessoas estabelecem entre si e as circunstâncias políticas e institucionais em que a sua atividade se desenvolve determinarão a sua diferença e a sua especificidade.
Temos argumentado que a articulação daqueles três domínios – representações, interações, circunstâncias –, tal como formulada pelo cientista social Steven Vertovec, constitui um modelo de análise relevante para compreendermos a singularidade das práticas da dança teatral em Portugal e a diversidade das suas manifestações no contexto do país. Entenda-se por dança teatral a dança que é especificamente montada para um público, independentemente do seu género.
Percorrendo linhas e diagramas na Timeline a Haver, propomo-nos convocar coreografias marcantes da trajetória histórica da dança em Portugal, observando o modo como estes três fatores influem no conhecimento sobre o mundo que elas produzem, e comunicam, ao nível social, cultural e político.
Maria José Fazenda

Dançar as Nações – A História do Ballet National da Guiné-Bissau (1975-2025)

Criado a 28 de novembro de 1975, o Ballet Nacional da Guiné-Bissau constituiu um movimento revolucionário de nacionalização da cultura guineense pós-independência. Neste contexto, tem paralelos em outros países africanos tornados independentes nas décadas de 1950 e 1960. Os ballets nacionais, oriundos das lutas de libertação e da afirmação das independências africanas, redesenharam as histórias perdidas e recalcadas de séculos de existência, funcionando como uma verdadeira escrita da nação.
A experiência coreográfica dos ballets nacionais representou também a tentativa de misturar várias tradições étnicas, multiplicando os seus efeitos para além das comunidades de origem, promovendo e assinalando uma memória nacional e transnacional interétnica.
Com as suas raízes na política cultural praticada nas zonas libertadas pelo PAIGC, a partir de meados da década de 1960, a sua atividade permitiu a reconstrução de uma identidade coletiva amplamente reconhecida dentro e fora do país. A trajetória do Ballet Nacional acompanhou a complexa evolução política do país, sintetizando as suas várias fases, refletindo as esperanças e as dificuldades de todo um povo à procura da sua identidade. O seu repertório traduz isso mesmo.
Em atividade até hoje, com altos e baixos nas condições efetivas de trabalho, o Ballet Nacional tem formado várias gerações de bailarinos, promovendo a projeção da cultura tradicional das danças étnicas em sucessivas coreografias que atualizam a energia coletiva da dança para uma nação.
Devido à instabilidade político-militar, nas últimas décadas, os registos escritos, os materiais fotográficos, os filmes feitos dos espetáculos, foram desaparecendo, destruídos pelos conflitos sucessivos. Este percurso de quase meio século do Ballet Nacional quase desapareceu da memória material da nação. As coreografias e os guarda-roupas permaneceram residualmente na repetição dos espetáculos, num processo cada vez mais fragilizado de sobrevivência da história.
Povos considerados tantas vezes «sem história» pelo poder colonial tiveram nestes palcos de dança uma oportunidade de reescrever a sua história milenar. Daí a destruição ou o desaparecimento dos vestígios materiais destas coreografias e das histórias de vida dos seus protagonistas ser, mais uma vez, uma desmemorialização da história, das suas ligações muitas vezes imprevistas, encadeadas ao longo de gerações.
A recuperação destas ligações, neste projeto, ajudará a concretizar uma história potencial, uma história projetada para o futuro, onde a história ao recuperar a memória perdida se possa constituir como uma próxima história. Nesta próxima história, a dança, nas suas múltiplas dimensões, do quotidiano à política da nação, é um horizonte cheio de esperança, uma brecha no tempo muitas vezes opressivo e desigual do mundo.
Francisco Mendes

Coprodução

A Fundação Calouste Gulbenkian reserva-se o direito de recolher e conservar registos de imagens, sons e voz para a difusão e preservação da memória da sua atividade cultural e artística. Caso pretenda obter algum esclarecimento, poderá contactar-nos através do formulário Pedido de Informação.

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