Preservação do Espólio Fernando e Cândida Calhau
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Este espólio é constituído por mais de 11.000 documentos que registam a vida e a obra de Fernando Calhau (1948-2002). Esta incorporação, que se junta a outros conjuntos documentais recentemente integrados, como o Arquivo Alberto Carneiro, Espólio Ernesto de Sousa e o Espólio Helena Almeida, constitui um importante reforço do papel da Biblioteca de Arte enquanto infraestrutura de suporte à produção de conhecimento científico no domínio da história da arte e das artes visuais contemporâneas portuguesas e ao envolvimento dos públicos com a coleção de arte do Centro de Arte Moderna.
Após a conclusão, em 1973, da licenciatura em Pintura pela Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, Fernando Calhau prosseguiu a sua formação realizando, com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian, uma pós-graduação em Gravura em Londres, na Slade School of Fine Arts, onde foi aluno de Bartolomeu Cid dos Santos, uma das maiores referências da gravura em Portugal.
Artista conceptual e figura marcante do minimalismo nacional, Fernando Calhau trabalhou ao longo da sua carreira em diversos suportes, desde a pintura, desenho e gravura, à fotografia, vídeo e ao filme super 8 mm. Em todos o monocromatismo predominou, a par do constante interesse pela reprodutibilidade e pela repetição numa absoluta coerência formal.
Conjugou a sua prática artística com uma carreira na administração pública, exercendo funções, a partir de 1976, na Secretaria de Estado da Cultura e no Instituto de Arte Contemporânea, organismo que dirigiu entre 1996 e 2000. Para além da coleção do Centro de Arte Moderna, a obra de Fernando Calhau está presente nas principais coleções de arte portuguesas.
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Este espólio é constituído, maioritariamente, por fotografias, cerca de 10.000, embora contenha também livros – na sua maioria catálogos de exposições – recortes de imprensa, publicações periódicas, Ephemera, correspondência pessoal e institucional, esboços, desenhos, gravuras, filmes, videocassetes, discos óticos, condecorações. A fotografia destaca-se pela pluralidade de usos: registo do processo criativo, ferramenta de investigação, suporte para a execução de maquetas ou protótipos, registo da montagem de uma exposição ou ainda matriz de impressão de obras de arte.
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Para todo o conjunto documental foi desenvolvido um plano de preservação que consistiu, em primeiro lugar, na observação de todos os exemplares e no diagnóstico das patologias encontradas. Foram identificadas várias deteriorações, acentuadas sujidades, presença e sinais de atividade biológica, deformações físicas, vincos e dobras na documentação textual, fortes aderências entre negativos e alteração de equilíbrios de cor dos materiais cromogéneos.
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Após esta observação, iniciaram-se os trabalhos de conservação e restauro, que consistiram na limpeza mecânica de todas as espécies com pera de sopro e esponja natural ou outras borrachas neutras e na limpeza química por imersão em solução hidroalcoólica em casos de presença de fungos. Esta ação mais interventiva permitiu não só a estabilização química dos exemplares afetados, como também a recuperação da leitura do seu conteúdo.
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Os negativos que apresentavam aderências entre si foram intervencionados através de uma vaporização fria com nano moléculas de água que, quando projetadas a determinada distância permitiram uma desunião controlada dos documentos. Os negativos foram estabilizados e estão agora em condições de serem manuseados de forma segura.
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Após a limpeza e a estabilização, os documentos foram acondicionados em embalagens de conservação e armazenados nos depósitos climatizados da Biblioteca de Arte e Arquivos Gulbenkian, que permitem a salvaguarda da sua integridade físico-química.
Em situações em que as embalagens originais apresentavam inscrições ou notas do artista, fundamentais para um completo entendimento dos documentos, as mesmas foram mantidas junto aos exemplares físicos.
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Paralelamente às atividades de preservação, foi feita uma descrição elementar deste espólio com o objetivo de garantir o recenseamento total da documentação e permitir a pesquisa da informação de forma célere e eficaz pelos utilizadores.
Para lá do que se vê
Antes de apresentarmos uma coleção ao público é necessário compreendê-la e prepará-la. Nesta série apresentamos alguns dos nossos projetos de conservação e restauro mais recentes em coleções especiais de elevado valor patrimonial.