«Posta»
Embora o meu percurso tenha sido muito associado, principalmente nos anos 90, ao kitsch e ao sublime, a partir de certa altura interessaram-me temáticas mais «vulgares». Isso manifestou-se em várias séries de trabalhos, com temas como: animais de estimação, cadeiras, gadgets, banda-desenhada, pornografia, snapshots, retratos, comida… e carnes.
Esta pintura foi a última de uma série iniciada em 2002, com temas do quotidiano (comida/alimentação). Nesse ano realizei uma exposição, chamada Dia a dia, em que exibi pinturas a óleo sobre tela, de grande formato, e em que, dada a composição e a ampliação dos motivos, os alimentos ganhavam uma dimensão paisagística.
No seguimento dessa série foram surgindo, ao longo dos anos, outros trabalhos (de pequeno formato sobre papel) em que a temática alimentar se restringiu à representação da «carne» na sua dimensão mais crua (vísceras, postas e ossos). Os motivos, aí, já não tinham um cunho paisagístico, surgindo antes isolados sobre um fundo neutro.
A pintura Posta corresponde a um retomar do jogo de escala e das grandes dimensões dos primeiros trabalhos, mas incidindo na representação da «carne» como elemento brutal e desmesurado.