O complexo arquitetónico do Instituto Gulbenkian de Ciência

Conheça as várias fases do processo de construção do Instituto de Investigação Científica Gulbenkian depois conhecido como Instituto Gulbenkian de Ciência.
09 jul 2024 5 min
Dos Arquivos

Para a génese do Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC) contribuiu de forma inequívoca o Centro de Estudos de Economia Agrária (1957-1986) que foi, à época, a primeira unidade de investigação científica da Fundação e a única entidade portuguesa especializada em estudos de economia agrária.

A “falta de um organismo dedicado ao estudo e investigação dos problemas económicos da agricultura portuguesa, (…) dirigido e mantido por uma instituição privada que, entre os seus fins estatutários, tem o de fomentar todas as formas de atividade científica” foi, nas palavras de José de Azeredo Perdigão, a justificação para a sua criação. Iniciou funções em fevereiro de 1958, ainda no Parque de Santa Gertrudes, à Avenida de Berna, em Lisboa.

A criação de um “Instituto de Investigação Científica Gulbenkian” só viria a acontecer 3 anos depois, a 19 de julho de 1961, com base em proposta apresentada pelo Serviço de Ciência da Fundação Calouste Gulbenkian, através do seu Conselho Consultivo.

Esta entidade viria a reunir as atividades de vários centros de investigação: o Centro de Cálculo Científico (1962-1985), o já existente Centro de Estudos de Economia Agrária, o Centro de Estudos Biológicos – Centro de Biologia (1962-) – que corresponde ao que é hoje o Instituto Gulbenkian de Ciência, o Centro de Investigação Pedagógica (1962-1980) e o Centro de Estudos de Economia e Finanças (1964-1971).

À falta de um edifício próprio, os diversos centros foram inicialmente instalados em vários prédios arrendados em Lisboa. A ideia de os reunir num mesmo espaço afirmava-se como uma prioridade e os terrenos anexos ao Palácio do Marquês de Pombal, em Oeiras — comprado pela Fundação, em 1958, para guardar a coleção de arte do Fundador — foram o espaço eleito para os acolher.

A área de terreno disponível revelou-se, porém, insuficiente para o complexo de edifícios a construir, obrigando à compra e permuta de alguns lotes de terreno na zona limítrofe da propriedade, com vista a facilitar os acessos às futuras edificações do Instituto Gulbenkian de Ciência.

A área de implantação inicial abrangia, assim, 3 zonas: os terrenos da margem esquerda da Ribeira da Laje, os terrenos do limite sul da Quinta, logradouro e lotes situados junto das ruas Desembargador Faria e Caminho das Quintas e Lagares e os terrenos da margem direita da Ribeira da Laje.

O projeto de arquitetura das novas edificações do futuro complexo arquitetónico do Instituto Gulbenkian de Ciência foi da autoria dos arquitetos Jorge Fernando Sotto-Mayor d’Almeida e Manuel Roquette de Mello Campello, do Serviço de Projetos e Obras. João d’Arga e Lima e José Marecos foram os engenheiros responsáveis pelo projeto das estruturas dos edifícios. O projeto de arquitetura paisagista foi concebido pelo arquiteto Gonçalo Ribeiro Telles.

O plano geral do complexo foi aprovado “com verdadeiro entusiasmo” pela Câmara Municipal de Oeiras, em fevereiro de 1964, e as obras iniciaram-se em setembro, com a urbanização da margem direita da Ribeira da Laje e a construção das estruturas do primeiro edifício do Instituto Gulbenkian de Ciência, o Centro de Estudos Biológicos.

No princípio de 1966 estavam prontos a funcionar os quatro laboratórios que constituíam o Centro e decorriam as obras de construção do Biotério. Apesar do complexo arquitetónico ter sido oficialmente inaugurado a 20 de julho de 1967, ainda se seguiu a construção do edifício do Centro de Cálculo Científico, que teve início em 1969, terminando em 1971. O Centro de Estudos de Economia Agrária passou a ocupar parte destas instalações, em 1972, bem como o Serviço de Ciência, transferido para aqui temporariamente, regressando depois ao edifício sede da Fundação.

Apenas dois centros de estudos, que organicamente pertenciam ao Instituto Gulbenkian de Ciência, nunca ocuparam o novo conjunto arquitetónico. O Centro de Investigação Pedagógica, que passou — aquando da transferência do Museu para o edifício Sede — do número 56 da Avenida de Berna para o 1.º andar do Palácio do Marquês de Pombal, que, para tal, teve de sofrer obras de adaptação; e o Centro de Estudos de Economia e Finanças, que funcionou no número 56 da Avenida de Berna até à sua extinção em 1971.

O Instituto Gulbenkian de Ciência foi sofrendo várias reestruturações orgânicas ao longo das seis décadas da sua existência. No virar do milénio, tornou-se um centro de investigação reconhecido internacionalmente, dedicando-se à investigação biológica e biomédica, à formação pós-graduada inovadora e à transformação da sociedade através da ciência.

Durante o ano de 2024, na sequência de um processo de fusão com o Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes, este espaço passará a constituir o polo de Oeiras do novo centro de investigação — GIMM Gulbenkian Institute for Molecular Medicine — onde se manterá até à conclusão das obras de construção de uma nova casa para o GIMM.

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