Como é que os cogumelos se reproduzem?

Um naturalista no Jardim Gulbenkian

Rui Simão, da Ecofungos – Associação Micológica, desvenda alguns dos mistérios destes curiosos seres do mundo natural.
Wilder 02 dez 2019 2 min
Um naturalista no Jardim Gulbenkian

Os cogumelos não sendo animais nem plantas, pertencem ao reino dos fungos e correspondem “às frutificações visíveis do micélio”, a estrutura filamentosa dos fungos que costuma ser subterrânea. Esta estrutura pode encontrar-se, por exemplo “no solo sob a folhagem, no interior de árvores velhas ou em troncos caídos”, descreve Rui Simão.

Na verdade, “podemos dizer que os cogumelos são como maçãs presas a uma enorme macieira, que neste caso seria o micélio”, nota este especialista.

E tal como as maçãs produzem sementes, os cogumelos produzem esporos. “Na maior parte dos cogumelos que conhecemos como tal, os esporos são produzidos na parte inferior do chapéu – nas lâminas, tubos, agulhas ou pregas.”

Guarda-sol-fedorento Lepiota cristata © Jerzy Opioła/Wiki Commons

Muitas vezes, um único cogumelo consegue produzir milhares de esporos, que são libertados no ar ou caem no solo. Muitos destes são transportados para longe, pelo vento, mas há cogumelos que utilizam outras estratégias. Por exemplo? “A espécie Clathrus ruber – conhecida como ‘“gaiola de bruxa” – tem nos insetos um apoio ao transporte dos seus esporos. Na fase final de maturação deste cogumelo, os esporos estão liquefeitos e ficam impregnados no corpo dos insetos, que poisam sobre a estrutura em forma de gaiola.” Foram ali atraídos pelo cheiro nauseabundo deste cogumelo, que imita carne em decomposição”.

Gaiola-de-bruxa Clathrus ruber © Alan Rockefeller/Wiki Commons

Os fungos fazem sexo

A reprodução acontece principalmente entre o outono e o inverno, normalmente de uma forma: os esporos encontram outros geneticamente compatíveis e fundem-se. É como se os fungos fizessem sexo. Quando isso acontece, “asseguram uma maior variabilidade genética e mais possibilidades de sobrevivência a longo prazo”, acrescenta Rui Simão.

E, apesar de serem microscópicos “a deposição dos esporos é visível à vista desarmada” e é conhecida por ‘spore print’. Essa característica é muito útil para ajudar a identificar algumas espécies diferentes, indica o responsável da associação Ecofungos.

Mas para começar, pode procurar estas cinco espécies de cogumelos que surgem por esta altura no Jardim Gulbenkian e noutros espaços verdes, um pouco por todo o país.

Série

Um naturalista no Jardim Gulbenkian

Uma vez por mês, ao longo de um ano, a revista Wilder revelou algo a não perder no Jardim Gulbenkian e lançou-lhe um desafio: descobrir e fotografar ou desenhar cada descoberta. No ano seguinte, a partir da biodiversidade do jardim, e com a ajuda de especialistas, respondemos a vários “como e porquê” de aves, insetos, mamíferos, anfíbios e plantas.

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