Principia ethica
A obra Principia Ethica foi publicada em outubro de 1903. A obra continua a ser um dos tratados de ética fundamentais do século XX – importante tanto pelo conceito de teoria ética que propõe, como pela sua celebração do valor da Arte e do Amor. Inicialmente, a influência da obra restringiu-se sobretudo ao círculo de discípulos e amigos do autor. Contudo, depois da segunda publicação em 1922, a obra foi reconhecida como um clássico da teoria ética analítica.
Moore tinha apenas trinta anos quando a obra foi publicada, no final do seu contrato como «Prize Fellow» do Trinity College, em Cambridge. Nessa universidade estudara os Clássicos e Ciências Morais (ou seja, Filosofia) enquanto aluno de licenciatura, grau que obteve em 1896 com distinção. Uma das hipóteses para seguir uma carreira académica era a de obter um lugar de «Prize Fellow», sendo a escolha dos candidatos feita na base de uma dissertação. Assim, um ano depois de obter a licenciatura, Moore apresentou uma dissertação ao Trinity College. Não tendo sido escolhido nessa ocasião, passou o ano seguinte a reescrevê-la e apresentou a nova versão em 1898, sendo eleito para ocupar o referido posto durante seis anos.
Como sugere o título (comum) das dissertações – «A base metafísica da Ética» – as teses de Moore podem ser consideradas como o ponto de partida de um projeto intelectual que culmina em Principia Ethica. Moore critica aquilo a que chama «a falácia existente em todas as definições do bem» – uma linha de pensamento que, descrita depois como «falácia naturalista», constitui um dos temas centrais dos Principia Ethica.
Moore defendeu que o erro comum das teorias empirista e idealista da ética consiste no facto de não fazerem justiça à realidade abstrata dos valores, ao tentarem integrar os valores éticos em teorias não-éticas mais amplas (empíricas ou idealistas).
Em Principia Ethica, Moore introduz o famoso argumento da «questão em aberto» e, tomando como ponto de partida as teses do seu mestre Sidgwick, teoriza o «utilitarismo ideal», não-hedonista, em que defende que deveríamos sempre agir de modo a que a nossa ação tenha as melhores consequências possíveis, quando estas não são apenas consequências que maximizam o prazer, mas tenha também em conta os fins ideais da ação.
(Do prefácio de J. L. Rodrigues Martins)
Ficha técnica
- Outras Responsabilidades:
Trad. de Maria Manuela Rocheta Santos, Isabel Pedro dos Santos
- Coordenação editorial:
- Fundação Calouste Gulbenkian. Serviço de Educação
- Editado:
- Lisboa, 1999
- Páginas:
- 402 p.
- Título Original:
- Principia Ethica
- ISBN:
- 972-31-0858-5