Tomou grande relevo entre os anos 1920 e 1940, pela introdução da classificação moderna das doenças mentais, a atualização científica da Psiquiatria como especialidade médica, os esforços em prol do tratamento humanizado dos «alienados» e pela fundação de um grupo de discípulos, ainda hoje estimulados pela sua obra.

Formado com brilho em Medicina pela Universidade de Coimbra, em 1900, tornou-se logo Professor da sua Faculdade. Em 1911 foi transferido para a nova Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, criada pela República, na qual Júlio de Matos, oriundo do Porto, foi o primeiro Catedrático de Psiquiatria do país. Sobral Cid ensinou a cadeira de Psiquiatria Forense até que, após a morte daquele, se tornou Diretor da Clínica Universitária do então Hospital de Rilhafoles e Catedrático de Psiquiatria até ao seu falecimento.

As obras agora publicadas, nestes dois volumes, têm entre muitos outros o especial interesse de Sobral Cid ter sido em Portugal o primeiro Mestre da Psicopatologia, como ciência básica, um preclaro expositor da causuística médico-forense, um crítico precursor de temas universitários modernos e uma figura de subtil cultura. Foi um Professor de alto quilate e defensor dos progressos de tratamento biológico e psicológico nas perturbações psicológicas.

Digno de menção é que Sobral Cid – basicamente formado nesse estilo «intelectualista» – não deixa, criticamente, de condenar «o ensino oratório e livresco, o culto da pura erudição, o espetáculo de uma Universidade quase divorciada do trabalho nacional». Procura, na verdade, encontrar o equilíbrio da teoria e da prática: «[…] há ainda, entre nós, quem pense que a cultura da ciência pura é uma função de luxo […]», esquecendo que só graças a ela, pelas «descobertas novas em toda a parte, tanto nas fábricas como nas oficinas, o espírito cientifico destrona e substitui o empirismo e a rotina».