Obras Completas III: Fenomenologia e Hermenêutica – Tomo III: O Século da Hermenêutica Filosófica (2.ª Parte)
Miguel Baptista Pereira
O Volume III, Tomo III das Obras Completas de Miguel Baptista Pereira reúne textos consagrados à Hermenêutica Filosófica no panorama da filosofia contemporânea. A filosofia do século XX conhece, com efeito, uma viragem hermenêutica importante que responde à crise do sujeito característico da modernidade e descobre no comportamento humano uma camada muito mais profunda do que o mero comportamento objetivador. Regressar às experiências originárias imediatas que, desde a Fenomenologia, se propõem ao filosofar, eis o desafio que realiza o pensar do século xx.
Um primeiro conjunto de textos apresenta-se sob a égide de Martin Heidegger (1889-1976). Referência maior da filosofia contemporânea, o célebre autor de Ser e Tempo será, porventura, o filósofo mais vezes trabalhado por Miguel Baptista Pereira.
Prolegómenos a uma Leitura Actual do Pensamento de M. Heidegger é uma introdução de raro interesse, vigor e alcance à filosofia heideggeriana. Traça uma via de acesso a um pensador que não apenas questionou as bases e preconceitos do pensamento moderno, como propôs ao leitor a tarefa de escavar o solo fértil da linguagem com a ajuda dos que primeiro filosofaram.
Sobre o Conceito Heideggeriano de Universidade cruza duas importantes reflexões: por um lado, trata-se de refletir sobre a ideia de Universidade numa época – que é a nossa – em que convivem anquilosamentos do passado e bizarras modernizações de figurino empresarial, promotores de um esquecimento da essência da Universidade que aprendemos com Kant, Fichte e Humbolt; por outro lado, trata-se de investigar a que ponto as reflexões de Heidegger sobre a Universidade podem contribuir para tal reflexão, sem esquecer o período – breve, é certo – do seu Reitorado sob o nazismo.
No terceiro texto, o filósofo de Coimbra propõe-nos uma investigação sobre «a essência da obra de arte» em M. Heidegger e R. Guardini.
Nos textos consagrados ao Século da Hermenêutica, reflete-se sobre o modo como a crítica hermenêutica ao idealismo renova por completo o pensamento filosófico. […] Mostra-nos como Gadamer prolongou a recusa heideggeriana da concepção transcendental da consciência, regressando à palavra viva como raiz do conceito, em ordem a restituir à abstração do pensamento conceptual a sua força intuitiva perdida desde a modernidade. Uma ideia-chave é a de que «vale para as ciências da natureza algo de semelhante do que foi dito quanto às ciências do espírito. Toda a objectivação é fruto de uma suspensão de outros contextos, que não são considerados».
(Da nota editorial de Maria Luísa Portocarrero e Luís António Umbelino)
Ficha técnica
- Outras Responsabilidades:
Coordenação: Maria Luísa Portocarrero, Luís António Umbelino, António Pedro Pita
- Idioma:
- Português
- Editado:
- Lisboa, 2019
- Entidade
- Fundação Calouste Gulbenkian
- Dimensões:
- 170 x 230 mm
- Capa:
- Encadernado
- Páginas:
- 500
- ISBN:
- 978-972-31-1615-1