Obra completa VI: História das instituições e pensamento político: 1930-c.1957
Este volume VI da Obra Completa de Joaquim de Carvalho é integrado por cinco grandes capítulos, dos quais os três primeiros focam respetivamente a história das instituições culturais (séculos XIV a XVI) e a história das instituições do nosso constitucionalismo (o 2º e o 3º), sendo um deles mais voltado para a evolução institucional do Estado (analisa longamente a corrente regeneradora) e o outro procurando explicar a génese e o desenvolvimento da ideologia republicana através do próprio funcionamento da máquina constitucional de 1820 a 1880.
Embora todos estes estudos estejam bem marcados por um pensamento político, a verdade é que não o exprimem diretamente numa enunciação ex professo. Esse pensamento vamos descobri-lo, explícito sem ambiguidades, na série de artigos insertos no Diário Liberal e que preenchem as trinta e nove páginas densas do quarto capítulo, em que Joaquim de Carvalho disserta luminosamente e com equilíbrio modelar sobre Liberalismo e Democracia, o conceito de Estado total e mesmo – tanto numa perspetiva de aberta política da cultura como à luz do seu ideário democrático-liberal –, sobre a Universidade, de que foi professor insigne e cujas qualidades e defeitos conhecia melhor do que ninguém.
O capítulo quinto – o mais vasto pelo número das páginas – é todo ele preenchido por um Esboço de uma História da Educação. Trata-se de um «esboço» per modo di dire: são 226 páginas cheias, admiravelmente escritas porque cristalinamente pensadas, e recheadas não só de uma riquíssima erudição mas de ideias modernas e com uma informação bibliográfica opulenta.
É, julgamos, o canto de cisne do grande educador intelectual. Embora Joaquim de Carvalho o não tenha concluído, pôde levá-lo ininterruptamente até ao Ratio Studiorum e, portanto, até à Contra-Reforma. Ninguém, em Portugal, poderia, como ele, traçar as grandes linhas da história do ensino em Portugal e na Europa durante a época das Luzes, de Verney e Ribeiro Sanches até Cenáculo. Não quis o destino que ele tivesse vivido mais dois ou três anos para poder oferecer-nos aquela que seria a mais completa e profunda História da Educação no nosso país.
(Da introdução de José V. de Pina Martins)
Ficha técnica
- Outras Responsabilidades:
Pref. de José V. de Pina Martins
- Coordenação editorial:
- Fundação Calouste Gulbenkian. Serviço de Educação
- Editado:
- Lisboa, 1989
- Páginas:
- Vol. 6, 561 p.
- ISBN:
- 972-31-0734-1