Não é frequente que a publicação da Obra Completa de um autor contemporâneo se arraste, como ocorreu com a de Joaquim de Carvalho (1892-1958), durante dezoito anos. Quem seguiu até hoje o ritmo do aparecimento dos volumes deverá ter-se perguntado por que razão foram precisos cinco anos para editar o volume VIII. É que numerosos textos do Professor da Universidade de Coimbra, como prefácios, discursos e celebrações de efemérides, andavam dispersos em publicações periódicas e até em jornais, mesmo da província. Foi necessário procurar e descobrir esses textos, porque a sua dispersão equivalia, nalguns casos, à sua perda definitiva. Embora o volume VIII possa, à primeira vista, parecer um livro integrado por breves escritos, não poucos desses ensaios oferecem um extraordinário valor cultural.

Ainda que todos e cada um dos tomos sejam concluídos com um índice do conteúdo, foi deliberado que aos oito volumes da Obra Completa de Joaquim de Carvalho se juntasse ainda um IX volume, formado por índices destinados a facilitar a sua consulta. Se o primeiro dos dois índices é tematicamente analítico e repete, portanto, cada um dos que já valorizam cada volume, o segundo índice é antroponímico e toponomástico.

Só não se decidiu dar ao segundo o caráter doxográfico porque o acrescento indicular dos conceitos e das doutrinas daria ao volume uma dimensão quantitativa exorbitante. Como quer que seja, a elaboração deste segundo índice exigiu um trabalho ímprobo e uma atenção meticulosa ao seu autor, o Dr. João Félix Almeida, também responsável pela revisão.

Cabral de Mancada considera Joaquim de Carvalho como o maior historiador da cultura portuguesa no século XX. Outros investigadores poderão ter analisado os textos por métodos mais modernos ou mesmo através de uma exegese mais próxima das fontes antigas. Ninguém, todavia, na sua conceção histórica das doutrinas e das ideias, foi mais rigoroso e de horizontes mais criticamente abrangentes do que Joaquim de Carvalho.

(Da introdução de José V. de Pina Martins)