Obra completa I: Filosofia e história da filosofia: 1939-1955
No seu prefácio à tese António de Gouveia e o Aristotelismo da Renascença, publicada em 1916, escreveu Joaquim de Carvalho (1892-1958): «Este livro é o primeiro duma série de estudos que queremos dedicar à História da Filosofia Portuguesa». E mais adiante: «Abstraindo, porém, desta possibilidade racional da nacionalidade em Filosofia, que nós incidentalmente aflorámos, os factos pouco a pouco nos formaram a convicção – temos a esperança que um dia devenha ainda certeza científica – de que a História da Filosofia Portuguesa é tão real como a História da Filosofia inglesa, alemã, etc., quanto mais não seja pela continuidade dos problemas, embora mais modesta, constituindo, portanto, um vasto campo a explorar, se não a descobrir».
Joaquim de Carvalho acreditava na existência de uma história da filosofia portuguesa, que se propunha analisar numa série de trabalhos, o primeiro dos quais foi exatamente a sua tese sobre António de Gouveia. O autor deixou-nos alguns contributos importantíssimos nesse domínio, acerca de autores como Leão Hebreu, António de Gouveia, Francisco Sanches, Verney e Antero de Quental, para apenas mencionar os que mereceram uma sua reflexão mais atenta, e deixando de lado outros como Pedro Hispano, Suárez e Pedro da Fonseca.
Embora cônscio da importância do filosofar, nunca deixou de considerar como fundamental, indispensável até, antes de assumir o exercício da pesquisa filosófica, determinar as conexões de civilização, sem as quais esse exercício ficaria esvaziado de todo o seu conteúdo vivo e vital.
Na análise que consagrou aos Dialoghi de Leão Hebreu, não se esqueceu de pôr em relevo que essa obra, «na marcha do espírito universal, marca apenas um momento dialéctico do conceito de amor vincado e expresso pelo amor intelectual de Deus. […] Para o filósofo de hoje é pouco; mas para o historiador da Filosofia é alguma coisa que merece fixar a sua atenção, tanto mais que, além de notar uma concepção filográfica mais ampla que a da Academia Platónica de Florença, assiste à formação e desenvolvimento de conceitos, não de todo alheios à ulterior especulação europeia».
(Da introdução de José V. de Pina Martins)
Ficha técnica
- Outras Responsabilidades:
Pref. de José V. de Pina Martins
- Coordenação editorial:
- Fundação Calouste Gulbenkian. Serviço de Educação
- Editado:
- Lisboa, 1981
- Páginas:
- Tomo I, vol. 2, 625 p.
- ISBN:
- JDC_VII_Obra_completa_I-1