2.ª ed.; 3.ª reimpr.

Guia de Portugal. Vol. III – Beira. Tomo II – Beira Baixa e Beira Alta

Beira Baixa, na moderna divisão administrativa das províncias, ajusta-se grosso modo ao distrito de Castelo Branco, e é nesse sentido que aqui se tomará a expressão, embora os autores compreendessem nela (e alguns o farão ainda) também o distrito da Guarda.

Debalde se procurará uma justificação de um ou outro conceito, sucessivamente admitidos na divisão provincial. Beira é a terra de entre Douro e Tejo, naturalmente dividida pela maior cordilheira que atravessa o nosso país, reservando-se a designação de Baixa, não à sua parte menos montuosa, mas à de posição menos elevada em latitude, isto é, mais meridional.

A Beira Baixa é uma manta de retalhos, alguns já estremenhos ou alentejanos, uma justaposição de unidades, essas bem demarcadas no aspeto da paisagem e no modo de viver dos habitantes e, como tal, providas de nomes populares. […] Esta variedade de naturezas articula-se, todavia, em certa unidade de posição. Dos pendores da Estrela e das outras serranias que a continuam, até ao Tejo, estendem-se planuras e abrem-se vales que a vista abrange como um todo. Esse todo é a província.

A Beira Alta é um vasto planalto rodeado de montanhas. Quem percorrer a parte central da velha província caminha por uma sucessão ininterrupta de cerros e vales; mas, do alto da Estrela, ou de qualquer bom miradouro natural, a impressão de conjunto é a de uma plataforma com os cimos abrangidos pelo mesmo plano, abaixo do qual se abrem os sulcos do Mondego e seus tributários (Dão, principalmente), do Vouga e do Paiva, afluente do Douro. O planalto, a que a gente da serra chama Terra-Chã, descai suavemente para sudoeste, no mesmo sentido em que correm o Mondego e o Dão, de tal modo que, ao seguir o caminho-de-ferro da Beira Alta, se sobe, quase sem dar conta, de altitudes de 200-300 metros, junto de Santa Comba Dão, para 600-700 junto de Fornos e Celorico.

Acima deste plano inclinado ergue-se, por sudeste, a enorme muralha da cordilheira central, com grandes extensões a mais de 1000 metros, formidável barreira que separa duas naturezas diferentes, no clima, no manto vegetal, na economia e no modo de viver das populações.

 

(Dos textos introdutórios de Orlando Ribeiro)


Ficha técnica

Outras Responsabilidades:

Direção: Sant’Anna Dionísio

Idioma:
Português
Editado:
Lisboa, 2014
Entidade
Fundação Calouste Gulbenkian
Dimensões:
114 x 172 mm
Capa:
Encadernado
Páginas:
1000
ISBN:
978-972-31-0627-5
Atualização em 07 dezembro 2023

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