Gramática da Linguagem Portuguesa
Fernão de Oliveira (ca. 1507 – ca. 1582) publicou a primeira gramática da língua portuguesa em 1536, mas também é autor de obras pioneiras em outras áreas do conhecimento: a Arte da Guerra do Mar, o Relato da Viagem de Fernão de Magalhães, o Livro da Fábrica das Naus, a Ars Nautica, o Livro da Antiguidade, Nobreza, Liberdade e Imunidade do Reino de Portugal e a primeira História de Portugal.
Também conhecido pela versão modernizada do nome, Fernando Oliveira, nasceu, segundo alguns autores, em Aveiro, ou, segundo outros, em Pedrógão Grande. Formou-se na Ordem dos Pregadores e envergou o hábito de São Domingos, mas o seu modo de ser irreverente levou-o a deixar os Dominicanos, exercendo várias profissões, desde preceptor de filhos da nobreza a piloto de navegação, viajando pela Europa e pelo Norte de África ao serviço de diferentes frotas navais portuguesas e estrangeiras.
Apesar de ser hoje reconhecido internacionalmente o pioneirismo científico e técnico das suas obras, especialmente da sua obra náutica, e em Portugal a sua crítica audaciosa ao escravagismo, Oliveira ficou entre nós quase desconhecido. Em boa parte, esse menosprezo deveu-se às suas convicções e ao seu espírito crítico, pouco conformes com o status quo, colocando-o na margem do poder, quando não contra os poderes vigentes.
Foi, com efeito, duas vezes preso e condenado pela Inquisição devido ao seu anti-escravagismo e por causa de críticas que teceu abertamente contra determinados costumes da Igreja e da sociedade do tempo, que considerava pouco conformes com o Evangelho.
Fernão de Oliveira é um dos mais originais, avançados e multifacetados sábios do humanismo português. Luís Albuquerque apelidou este humanista, caracterizando o seu carácter, o seu percurso existencial e a sua obra, como um sábio «aventureiro, genial e insubmisso».
A Gramática é o primeiro ensaio de uma codificação da língua portuguesa. A partir da sua publicação, em 1536, modificou-se simbolicamente o estatuto da linguagem, investida da legitimação que a gramatização conferiu às modernas línguas nacionais europeias.
Este breve tratado é apenas uma das obras pioneiras que o sábio renascentista, praticamente esquecido durante séculos, legou à Cultura, à História e à Ciência portuguesas.
(Da introdução de José Eduardo Franco e João Paulo Silvestre)
Ficha técnica
- Outras Responsabilidades:
Introdução e edição atualizada e anotada de José Eduardo Franco e João Paulo Silvestre
- Idioma:
- Português
- Editado:
- Lisboa, 2012
- Entidade
- Fundação Calouste Gulbenkian
- Páginas:
- 248
- Título Original:
- Gramática da Linguagem Portuguesa
- ISBN:
- 978-972-31-1447-8