Imagens da Poesia Europeia I e II correspondem aos guiões dos 135 episódios do programa que David Mourão-Ferreira preparou para a RTP e que foram exibidos entre 1969 e 1974.

Ao longo do primeiro ano, David Mourão-Ferreira assegurou a periodicidade semanal rigorosa, inclusive nos meses de verão, como ele próprio o sublinhou no programa n.º 53, com estas esclarecedoras palavras: «Em 52 semanas, percorremos 22 séculos de poesia europeia — desde Homero a Dante, desde o século VIII antes de Cristo ao século XIV da nossa era. Apresentámos 169 textos de 79 diferentes poetas — o que vem a dar uma média geral de 3,25 textos por cada emissão e a referência média a três poetas por cada conjunto de duas emissões. Por outro lado, desses 169 textos apresentados, houve 90 — ou seja 53,29% — de cuja tradução ou adaptação eu próprio tive de me encarregar. Quanto aos restantes — os restantes 46,71% —, socorri-me, sempre que possível, de traduções ou adaptações já existentes, tendo tido sempre o cuidado de indicar os respetivos autores.»

O balanço é singular, até pelo predomínio de cálculos e percentagens, que podem parecer avessos ao espírito do programa e ao que se presumiria perfil do próprio autor, que, no entanto, enquanto crítico, os utilizava com alguma frequência. À parte esses dados respeitantes ao primeiro ano de emissões — e ainda assim importantes, porque indicadores da persistência, da grandeza e do volume de trabalho, sobretudo de tradução, envolvido —, aquelas palavras valem para o conjunto, e nelas se surpreende com clareza o sentido que David assinalava ao esforço envolvido na preparação e apresentação de Imagens da Poesia Europeia: divulgar a poesia europeia, apresentada nos seus melhores exemplos, quer dizer, os grandes poetas através dos próprios poemas, enquadrados por comentários informativos, nunca excessivamente analíticos, mas também nunca excessivamente simplificadores. David conseguiu assim organizar, para a televisão, uma imensa antologia comentada do património poético europeu, de Homero a Byron, que os quarenta anos entretanto decorridos de forma alguma danificaram significativamente.

(Da «Apresentação»)