A Concepção Nobiliárquica do Espaço Ibérico (1280-1380) é uma das obras mais notáveis da historiografia sobre a Idade Média portuguesa. Situa-se na confluência da história social com a história política, e tem repercussões sobre a história cultural e das mentalidades. O esclarecimento dos fenómenos sociais próprios da nobreza abre o caminho para a compreensão de fenómenos políticos e culturais de âmbito alargado.

Até aos estudos de Luís Krus, usavam-se as informações fornecidas pelas fontes genealógicas por si mesmas, sem se proceder à sua integração em estruturas evolutivas que lhes conferissem o seu significado específico. A tese de Luís Krus é exemplar porque abre o caminho à história na sua totalidade. Baseia-se na análise dos Livros de Linhagens portugueses do final do século XIII e do século XIV, na identificação do maior número possível dos indivíduos de cada uma delas, e na cartografação dos topónimos mencionados para cada localidade, distribuídos por regiões […]. Com efeito, a simples associação de um nome a um lugar, região, reino ou continente permite quase sempre conferir-lhe uma dimensão histórica. Ultrapassada esta fase pode-se procurar toda a espécie de informações documentais que alargam e diversificam o campo de conhecimento, assim estabelecendo correlações entre a geografia, a história e os respectivos imaginários com as suas componentes ideológicas.

José Mattoso (da Nota a esta edição)