Quadro económico: análise das variações do rendimento de uma nação
François Quesnay (1694-1774) foi a principal figura de um pequeno grupo de autores franceses – os fisiocratas – cuja denominação resultou do importante papel que atribuíram à ordem natural, em contraste com a ordem social artificialmente instituída pelo homem.
Foi com justiça que os fisiocratas foram conhecidos por economistas, pois com Quesnay e os seus discípulos, nomeadamente Mirabeau, Mercier de la Rivière, Le Trosne, Baudeau e Dupont, terminou a fase dos precursores e foi fundada uma ciência verdadeiramente nova: a economia.
Deve, no entanto, acrescentar-se que o pensamento económico de Quesnay deve muito a Boisguilbert. Este autor havia-se já ocupado da preponderância da agricultura, do papel subalterno da moeda, dos benefícios da livre-concorrência, do circuito monetário e da importância da classe proprietária, aspetos que Quesnay retoma, acrescentando uma peça fundamental: o mecanismo da produção.
O modelo do fluxo circular do rendimento contido no Tableau ultrapassou largamente os limites históricos da sua época. Para além do interesse que despertou em Marx, pode dizer-se que inspirou os modernos sistemas de contabilidade nacional e de Leontief.
A interpretação do Tableau está longe de constituir matéria pacífica. Desde a data da publicação que vários economistas têm procurado dar a sua achega, sem falar no esclarecimento oferecido pelo próprio Quesnay, quando Mirabeau lhe manifestou a dificuldade que tinha em entendê-lo.
Encontram-se na fisiocracia, lado a lado com aspetos nitidamente reacionários, os germes de algumas das mais avançadas teorias económico-sociais, tudo apresentado num emaranhado, que, como afirmou Karl Marx, «tem quebrado os dentes a todos os críticos e historiadores de Economia Política que dele se ocuparam até hoje». É por isto mesmo que a fisiocracia se mantém um tema de interesse atual, como facilmente o comprovam as obras publicadas sobre ela.
A presente edição disponibiliza a tradução portuguesa de textos franceses de Quesnay contidos em edições críticas de 1958 a 1966, entre os quais avulta, naturalmente, o seu Tableau Économique.
(Do prefácio de Bento Murteira e da introdução de Teodora Cardoso)
Ficha técnica
- Outras Responsabilidades:
Pref. de Bento Murteira; trad. e notas de Teodora Cardoso
- Coordenação editorial:
- Fundação Calouste Gulbenkian. Serviço de Educação
- Editado:
- Lisboa, 1985
- Páginas:
- 408 p.