1ª ed.

Historia Calamitatum

Cartas

Edição digital

Acesso aberto

A Historia Calamitatum é um dos textos mais fascinantes do século XII europeu. Duas brilhantes personalidades dão corpo e alma a uma história dramática e incontornável que tem sido alvo das mais apaixonadas controvérsias: Abelardo e Heloísa.

Sob registo autobiográfico, a História das minhas desventuras corporiza um ideário tensional e labiríntico, lírico e confessional, onde o fogo e a luz brilham através de uma profunda exegese interior. Dirigida a um amigo do qual nada sabemos em concreto, esta longa carta de consolação possui todos os ingredientes da mais pura ficção sentimental: amor e paixão, escândalos e convenções sociais, intriga palaciana e querelas religiosas. Em prosa límpida e fluida, livre dos preceitos estilísticos consagrados pela Ars dictandi, o leitor é atraído pelo mistério e o esplendor da Idade Média: o brilho do gótico, o labor científico e cultural de Cluny, as escolas urbanas e episcopais, as reformas Gregorianas ou a irreverente poesia dos goliardos.

 

(Da introdução de Abel Nascimento Pena)


A Historia Calamitatum e as quatro primeiras cartas que a acompanham são obra de Jean de Meun (ou de um personagem do seu meio que partilhava o mesmo estado de espírito), que tinha como objetivo principal estabelecer a legitimidade para o clero maior (pelo menos para o diácono) de manter uma concubina. Quanto às cartas VI, VII e VIII, que não têm, no plano psicológico, o interesse das cartas “pessoais”, posto que se trata essencialmente de um tratado sobre a origem das monjas e da Regula destinada provavelmente ao Paracleto, foram, na minha opinião, redigidas pelo prepositus monachorum preocupado, entre outras coisas, em assegurar a sua autoridade sobre a superiora do Paracleto e favorecer, durante uma eleição contestada, a candidatura de Agnes de Mécringes à frente da comunidade. (Estes motivos são os que Benton tinha inicialmente exposto para dar conta do conjunto do dossier). Os dois compiladores trabalharam concertados, mas é provavelmente a iniciativa pontual do clérigo que incitou Jean de Meun a empreender tal tarefa. A mão de Chopinel conferiu a esta uma qualidade notável. Jamais as cartas VI, VII e VIII teriam conhecido só por si uma notoriedade comparável à que usufruíram a Historia Calamítatum e as cartas “pessoais”. A ligação entre os dois compiladores é manifesta: trata-se da primeira alínea da carta VI.

 

(Do prefácio de Hubert Silvestre)


Ficha técnica

Outras Responsabilidades:

Pref., trad. e notas Abel Nascimento Pena; estudo introd. Hubert Silvestre

Coordenação editorial:
Fundação Calouste Gulbenkian. Serviço de Educação e Bolsas
Editado:
Lisboa, 2008
Páginas:
273 p.
ISBN:
978-972-31-1252-8
Atualização em 23 setembro 2022

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