Investigação Científica

A Iniciativa Gulbenkian Oceanos (IGO) financiou um projeto de investigação interdisciplinar que determinou o valor de alguns benefícios do oceano em Portugal.

Espera-se que os resultados científicos deste projeto tenham um contributo direto na adoção de novas políticas, na alteração das já existentes e na boa gestão das atividades marítimas, de forma a melhor proteger os ecossistemas marinhos.

O projeto de investigação foi executado por dois centros de investigação, resultando na integração das ciências naturais (CESAM, da Universidade de Aveiro) e das ciências económicas (NOVA School of Business and Economics). A abordagem interdisciplinar envolveu trabalho conjunto de investigadores destas duas áreas, permitindo assim combinar o conhecimento sobre como funcionam os ecossistemas marinhos e costeiros, com o conhecimento sobre como as pessoas usam esses mesmos ecossistemas.

O esforço de investigação centrou-se na área marinha compreendida entre Peniche e a Nazaré. Procurou-se assim produzir um exemplo marcante de valoração económica dos benefícios dos oceanos e de como o conhecimento do seu valor contribui para melhorar os processos de tomada de decisão, ao mesmo tempo que aprofunda a consciência ambiental sobre o ambiente marinho.

As linhas de investigação adotadas centraram-se:

  • na onda gigante da Nazaré;
  • nas energias renováveis marinhas (eólica offshore e energia das ondas);
  • na pesca da sardinha;
  • na pesca do arrasto;
  • na relação entre a vulnerabilidade dos habitats costeiros e marinhos e os benefícios que estes oferecem;
  • nas perceções de diferentes stakeholders sobre os benefícios dos oceanos.

Alguns dos resultados preliminares são apresentados no primeiro policy brief da Iniciativa Oceanos (em inglês).

A equipa de investigação e a equipa da Iniciativa Oceanos têm vindo a trabalhar para que o conhecimento científico produzido pelo projeto contribua para melhores decisões sobre os temas investigados. Foram preparados vários policy briefs, ou seja, documentos curtos destinados a diversos stakeholders e que usam linguagem para não-especialistas (ver Políticas de Gestão), que serão úteis para que decisores, ONGs e empresas possam melhorar as suas decisões de planeamento e de regulamentação aos níveis local, nacional e da UE.

 

A Iniciativa Oceanos é também parceira do projeto RiaValue, atualmente em curso, e que procura determinar o valor económico dos benefícios das ervas marinhas da Ria Formosa

As ervas marinhas são plantas que vivem agarradas a fundos arenosos no mar e que ficam habitualmente expostas ao ar durante a maré baixa. São ecossistemas importantes para o nosso bem-estar pela capacidade que têm para:

  • Remover nutrientes da água e assim melhorar a sua qualidade.
  • Abrigar juvenis de espécies de interesse comercial, que assim evitam os seus predadores.
  • Remover carbono da atmosfera (através da fotossíntese) e acumulá-lo nas folhas, caules e raízes sob a forma de matéria vegetal.
  • Reduzir localmente a acidificação dos oceanos, ao extraírem carbono da água.

Liderado pelo Centro de Ciências do Mar da Universidade do Algarve, o projeto RiaValue (“Avaliação do valor dos serviços prestados pelo ecossistema da Ria Formosa”) irá definir cenários para várias atividades com impacto nas ervas marinhas, como por exemplo as descargas de efluentes e os viveiros de bivalves. Para cada cenário determinar-se-á em que medida os vários benefícios das ervas marinhas são afetados, e o valor económico da redução ou aumento desses benefícios. Pretende-se assim que os cenários sejam ferramentas de apoio à tomada de decisão que têm em conta o valor económico dos benefícios das ervas marinhas. Isto é particularmente importante pois a Ria Formosa é também uma área protegida que suporta múltiplas atividades económicas.

A Iniciativa Oceanos tem a seu cargo a disseminação de resultados do projeto e o envolvimento com os stakeholders relevantes.

Tanto o financiamento do projeto de investigação interdisciplinar como o envolvimento da IGO no projeto RiaValue refletem o compromisso de décadas da Fundação Calouste Gulbenkian para com a ciência, e mais recentemente com um melhor aproveitamento dos resultados científicos para informar decisões de política pública.

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Atualização em 17 outubro 2017

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