Usar as redes para diminuir a pobreza
Naércio David Pedro Magaia é natural de Maputo, Moçambique, e licenciou-se em Engenharia Eletrotécnica (ramo de Correntes Fracas) pela Universidade Eduardo Mondlane em Maputo. Tem um mestrado em Engenharia de Redes de Comunicação (hoje designado como Engenharia de Telecomunicações e Informática) pelo Instituto Superior Técnico (IST), Universidade de Lisboa. Atualmente, é aluno de doutoramento em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores, no IST.
A engenharia foi a sua escolha desde sempre?
Sempre quis ser engenheiro. Aquando do final do 12.º ano, em conversa com os meus pais, concluímos que o curso de Engenharia Eletrotécnica era a melhor opção tendo em conta as necessidades presentes e futuras do país e a minha aptidão para a Física e a Matemática. O ramo de Correntes Fracas deste curso tinha como saídas profissionais as áreas de Controlo Automático, Computação e Telecomunicações; sempre tive inclinação para estas duas últimas, tanto que atualmente me encontro a fazer investigação na área de Redes de Comunicação.
Licenciou-se em Moçambique, o seu país de origem. Porque escolheu Portugal para continuar o seu percurso académico?
Para dar seguimento aos estudos, a grande maioria dos candidatos tem de recorrer a financiamento, podendo este ser por meio de uma bolsa de estudo, como foi o meu caso. Portugal tem a vantagem da língua, para além de possuir algumas instituições reconhecidas, nacional e internacionalmente, como o Instituto Superior Técnico na área das engenharias. Tendo como objetivo obter uma formação de qualidade na minha área de interesse (Redes de Comunicação), e numa instituição de prestígio, Portugal reunia todas as condições.
Gostaria que, de alguma forma, o seu trabalho tivesse impacto em Moçambique?
Penso que o desejo de qualquer investigador passa por ver o seu trabalho e esforço reconhecidos. Além disso, a disponibilização de novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) e a cooperação com o sector privado fazem parte dos Objetivos do Milénio. As TIC podem ajudar, entre outras coisas, a reduzir a pobreza, a melhorar o ensino e os serviços de saúde e a tornar os serviços governamentais mais acessíveis. Inúmeros projetos relacionados com as redes tolerantes a atrasos têm vindo a ser desenvolvidos até aos dias de hoje. Estas redes possibilitam que serviços que não sejam em tempo real, por exemplo a troca de emails, sejam disponibilizados em regiões remotas, isto é, regiões em que infraestruturas de redes móveis não são economicamente viáveis. As redes tolerantes a atrasos são um paradigma das redes de comunicação com grande aplicabilidade em Moçambique.
Como imagina a sua vida daqui a 10 anos?
O doutoramento em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores tem como saídas profissionais o desempenho de cargos de docência no ensino superior, trabalhar em laboratórios e institutos de investigação, bem como trabalhar na indústria e serviços. Tenho preferência pela área académica dado o meu gosto pela investigação. Assim sendo, vejo-me nos próximos anos a desempenhar funções de docência, com uma componente de investigação, ou fazendo investigação no sector privado.
Gosta de viver em Lisboa?
Sempre vivi em Maputo, capital de Moçambique, estando por isso habituado a viver em grandes cidades. Lisboa, como capital que é, torna possível o acesso a todo um conjunto de bens e serviços.