Um novo mecanismo na formação de neurónios
Um estudo publicado na revista Cell Reports revela a existência de um mecanismo essencial para a formação de neurónios durante o desenvolvimento embrionário. O estudo, desenvolvido pela equipa de investigação do Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC) liderada por Diogo Castro, é um contributo para entender melhor a formação de neurónios, uma vez que as células estaminais embrionárias dão origem a diferentes tipos de células especializadas, incluindo os neurónios. O que determina que um tipo de células seja diferente de outro é o conjunto de genes que está ativo em cada tipo de células, mas ainda pouco se sabe sobre como é que esse estado final de diferenciação é alcançado.
Os investigadores analisaram cérebros de embriões de rato e de culturas de células estaminais neuronais e descobriram que uma determinada molécula, o fator de transcrição MyT1, promove a formação de neurónios. “Os fatores de transcrição funcionam como maestros de uma orquestra, controlando a identidade das células ao indicarem quais os genes que estão ativos em cada momento do desenvolvimento embrionário”, explica Francisca Vasconcelos, primeira autora deste estudo e investigadora no laboratório de Diogo Castro.
No entanto, esta molécula funciona de forma diferente: em vez de ativar os genes que conferem identidade neuronal, o MyT1 “desliga” os genes que conferem o estado indiferenciado característico das células estaminais. Diogo Castro explica que as “alterações na identidade da célula requerem não só a aquisição de novas características ou funções, mas também a supressão daquelas que caracterizam o estado imaturo inicial”.
Os resultados desta equipa de investigação mostram que o MyT1 interliga ambos os eventos, revelando como é que estes processos são sincronizados de modo a que ocorram de forma ordenada. Este estudo foi realizado em colaboração com cientistas do San Raffaele Scientific Institute (Itália) e do Karolinska Institute (Suécia).