Reforçar o Euro antes da próxima crise
O Brexit já não é a maior incerteza que a Europa enfrenta: há outras ameaças políticas, e as próximas eleições na Alemanha e em França podem paralisar a União Europeia durante um ano. “O euro hoje é vulnerável e não vai sobreviver à próxima crise”, alertaram os autores do relatório promovido pelo Instituto Jacques Delors (Paris e Berlim), Reparar e preparar: o Euro e o crescimento depois do Brexit, apresentado e debatido na Fundação Calouste Gulbenkian no dia 22 de fevereiro. É, por isso, necessária uma estratégia de reforma abrangente para a Zona Euro, onde se perdeu uma década, em termos de crescimento, desde a crise de 2008.
O relatório avança com um “kit de primeiros socorros” para a próxima crise, que não implica alterações aos Tratados e que possa tornar a Zona Euro mais resistente. Foi aqui assinalada a importância de se completar a União Bancária, entre outros pontos, bem como a necessidade de reforçar a coordenação das políticas fiscais e económicas. Apoiar o investimento público e privado é outra prioridade delineada no relatório que aponta caminhos para melhorar a prevenção e gestão de crises, defendendo até, a longo prazo, a existência de um ministro das Finanças do Euro. Trabalhar a legitimidade, a partilha de riscos e soberania, o equilíbrio entre responsabilidade e solidariedade, foram aspetos várias vezes focados durante o debate, com os olhos postos em Roma, onde no final deste mês, da reunião entre líderes e chefes de estado da União Europeia sairá uma declaração em resultado do processo de reflexão política sobre o futuro da Europa.
“Não devemos esperar pela próxima crise para reforçar o Euro. Estamos, hoje, numa boa posição para reforçarmos, de forma gradual e pragmática, a União Económica e Monetária. Devemos ser capazes de aderir com entusiamo a este projeto. Ao fazê-lo estaremos a reforçar a confiança nas nossas economias e, assim, a fomentar o investimento, o emprego e a convergência”, afirmou o ministro das Finanças, Mário Centeno, no encerramento da conferência que contou com a participação de Artur Santos Silva, António Vitorino e Enrico Letta, ex-primeiro ministro italiano e atual presidente do Instituto Jacques Delors, entre outros.
Download do relatório (PDF 1MB)