Quatro Unidades Locais de Saúde vão usar ferramenta para prevenir depressão pós-parto
As Unidades Locais de Saúde Alto Ave, Viseu Dão-Lafões, Gaia e Espinho, e Baixo Alentejo – que abrangem um total de 20 Unidades de Saúde Familiar e serviços de obstetrícia hospitalares de norte a sul do país – vão ser as primeiras, do Serviço Nacional de Saúde, a incorporar a plataforma Be a Mom, um inovador programa de promoção da saúde mental materna no período pós-parto.
Criado por uma equipa da Universidade de Coimbra, e apoiado pela Fundação Calouste Gulbenkian, este programa pretende colmatar a falta de soluções estruturadas e acessíveis na promoção e prevenção da saúde mental materna, em Portugal. Testado num rigoroso ensaio clínico que contou com a participação de mais de 1500 mulheres, em território nacional, o Be a Mom demonstrou a capacidade de reduzir significativamente sintomas de depressão e ansiedade das mães no período pós-parto.
A implementação do Be a Mom no SNS resulta de uma parceria estratégica entre a Coordenação Nacional das Políticas de Saúde Mental, a Fundação Calouste Gulbenkian e a Universidade de Coimbra, com o apoio do Institute for Healhtcare Improvement.
Consagrada pela assinatura, a 28 de outubro, na Universidade de Coimbra, de vários protocolos – entre a Fundação Calouste Gulbenkian, o Ministério da Saúde e a Universidade de Coimbra, por um lado, e, por outro, entre a Fundação Calouste Gulbenkian, a Comissão Nacional das Políticas de Saúde Mental e as Unidades Locais de Saúde piloto –, esta iniciativa quer aplicar estratégias de melhoria já utilizadas em projetos de sucesso no passado, como o Desafio Gulbenkian STOP Infeção Hospital, e, assim, preparar a sua expansão para outras unidades do SNS, nos próximos dois anos.
A importância da Saúde mental materno-infantil
A depressão pós-parto afeta cerca de 20% das mães em Portugal (a média da UE é de 10-15%) e o risco dos seus filhos virem a desenvolver problemas de saúde mental é oito vezes superior ao dos filhos de mães saudáveis. Por outro lado, estima-se que 8% a 14% das crianças e adolescentes, a nível global, vivam com um transtorno mental.
Na infância, a saúde mental é especialmente crítica, já que tem impacto no desenvolvimento da personalidade, nas competências de gestão emocional e relacional, na capacidade de aprender e na obtenção de ferramentas biológicas para uma vida saudável.
A saúde mental infantil exige, pois, atenção e investimento contínuos, e a filantropia está especialmente bem posicionada para fazer a diferença, podendo financiar projetos inovadores com dificuldade em encontrar outras fontes de financiamento, e testar novas abordagens e intervenções baseadas em evidências.
A Fundação Calouste Gulbenkian apoia este tipo de projetos, na área da saúde mental, através da iniciativa Growing Minds.