Fundação Gulbenkian lança projeto de combate à pobreza energética
Portugal é o quarto país da União Europeia com mais população a reportar incapacidade de aquecer a casa no Inverno, e o segundo a viver em habitações desconfortáveis no verão – 1,9 milhão de portugueses não consegue manter a casa aquecida nos meses frios, enquanto 3,7 milhões sofrem com o calor, em casa, durante os meses mais quentes.
Portugal tem, pois, um lugar de destaque no ranking europeu de pobreza energética, com muitos dos seus habitantes a viver em casas muito frias no inverno ou muito quentes no verão, em habitações com infiltrações, humidade ou problemas de qualidade do ar interior. Esta falta de conforto térmico deve-se a uma combinação de fatores, entre os quais se destacam os baixos rendimentos (em 2020, quase um quinto dos portugueses encontrava-se em risco de pobreza ou exclusão social), o custo elevado da energia (na primeira metade de 2021, o preço da eletricidade era 12% superior à média europeia e o do gás, 41%) ou o baixo desempenho energético das habitações (68% das habitações certificadas tem baixa eficiência energética).
Mas a pobreza energética não afeta apenas o bem-estar. Esta tem também impacto na saúde dos portugueses – um quinto da população vive em casas com infiltrações ou problemas de humidade, que são potenciadores de problemas respiratórios como a bronquite, a pneumonia ou a asma; de referir ainda que Portugal regista taxas de excesso de mortalidade no inverno muito superiores a países do Norte da Europa como a Finlândia e a Suécia.
De forma a contribuir para uma transição energética mais justa, o projeto Ponto de Transição quer ajudar a combater a pobreza energética das famílias portuguesas, numa primeira fase piloto no concelho de Setúbal, e vai desenvolver-se em várias frentes:
Num contentor marítimo reutilizado montado junto ao mercado 2 de abril, na freguesia de São Sebastião, em Setúbal, uma equipa de técnicos estará disponível, de segunda a sexta-feira (em horários variáveis*), para prestar todo o tipo de informações relativas à forma de melhorar o conforto térmico das habitações, como a redução de despesas com energia (eletricidade e gás), melhoria da eficiência energética nas habitações, aconselhamento sobre financiamentos existentes para o efeito e apoio ao preenchimento de candidaturas;
Avaliações energéticas gratuitas das habitações e identificação de oportunidades de melhoria.
Será dada formação em conceitos básicos sobre energia, contabilidade energética, tipos de equipamentos consumidores de energia no setor residencial e boas práticas na utilização de energia a um conjunto de cidadãos, selecionados entre a comunidade local, que dará corpo a uma Bolsa de Agentes de Transição.
Nesta fase piloto, que decorrerá entre 17 de fevereiro e 30 de junho de 2022, o Ponto de Transição está instalado em Setúbal, podendo depois ser replicado noutros concelhos.
* Horário de abertura do Ponto de Transição
Seg, 10:00 – 14:00
Ter, 15:00 – 19:00
Qua, 10:00 – 14:00 / 15:00 – 19:00
Qui, 10:00 – 14:00
Sex, 15:00 – 19:00
O projeto “Ponto de Transição” é uma iniciativa da Fundação Calouste Gulbenkian, em parceria com a Agência de Energia e Ambiente da Arrábida (ENA), com o Centro de Investigação em Ambiente e Sustentabilidade da NOVA University of Lisbon (CENSE, FCT-NOVA) e com a Associação das Agências de Energia e Ambiente (RNAE), com a colaboração da Câmara Municipal de Setúbal e da Junta de Freguesia de São Sebastião (Setúbal).
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