Prémio Vilalva foi entregue, em Coimbra
É um sonho antigo tornado realidade. Eduardo Bebiano Correia, dono da Cerâmica Antiga de Coimbra, juntou-se à sua irmã Luísa, arquiteta, para recuperar a pequena unidade fabril do seu avô. Ao receber o prémio, tanto Eduardo como Luísa recordaram o amor familiar por aquele espaço, as memórias que carrega e a importância, para ambos, de verem finalmente reerguido um projeto “alicerçado na preservação do património que gerações passadas criaram, e virado para a valorização dos trabalhadores, no futuro”, disse Eduardo Bebiano Correia.
Para desenvolver o projeto (realizado em coautoria com Carlos Antunes e Desirée Pedro, do Atelier do Corvo), Luísa Bebiano disse ter passado “horas a olhar, horas a pensar” na fábrica. Encontrou “um lugar carregado de memórias e de emoções, onde a luz entrava de uma forma cenográfica, a volumetria das chaminés rasgava a cobertura e o ruído das madeiras, mesmo envelhecidas, ainda se fazia sentir.” Essa “relação de amor, poética e forte por um espaço, em que o que interessa não é meramente a arquitetura, mas a sua essência, a memória e a atividade continuada, a apropriação, a transformação de vidas, atividades e saberes”, mereceu a atenção do júri.
O 11º Prémio Maria Tereza e Vasco Vilalva foi entregue no dia 2 de julho à Antiga Cerâmica de Coimbra por Teresa Gouveia, administradora da Fundação Calouste Gulbenkian, e pelo presidente do júri, António Lamas, que destacou o “caráter personalizado e familiar da recuperação” do edifício situado numa zona “degradada” da baixa de Coimbra, a relevância cultural da fábrica, a sustentabilidade económica do projeto, o mérito da recuperação de um edifício que esteve prestes a ser demolido e o facto de se tratar de um work in progress, projetado para o futuro.
Constituído por António Lamas, Raquel Henriques da Silva, Gonçalo Byrne, Santiago Macias, Luís Paulo Ribeiro e Rui Vieira Nery, o júri atribuiu ainda, durante a cerimónia, duas menções honrosas: ao projeto Letreiro Galeria e à Livraria Lello.
O Prémio Vilalva foi instituído em 2007, no seguimento da aquisição, pela Fundação Gulbenkian, à Fundação Eugénio de Almeida, do remanescente do Parque de Santa Gertrudes. Esta aquisição permitiu, quase 50 anos depois, reunificar o Parque, cuja maior parte é propriedade da Fundação Gulbenkian desde 1957. Criado em homenagem a Vasco Vilalva, o Prémio tem tido por objetivo assinalar intervenções exemplares em bens móveis e imóveis de valor cultural que estimulem a preservação e a recuperação do Património.